quarta-feira, 31 de outubro de 2007

The Killers + Juliette and The Licks no Tim Festival


A segunda noite da edição carioca do Tim Festival 2007 aconteceu sem chuva e um pouco mais vazia. Muita gente deve ter deixado para ir à Marina da Glória para o Tim Festa, quando vários DJs tocariam por toda a madrugada na área comum, virada para o mar. No horário dos shows foi possível até se aproximar dos estandes de comida e roupas. Na tenda Novo Rock US, Juliette and The Licks subiram ao palco com pouco mais de meia hora de atraso e fizeram um show longo para uma banda de abertura. Apesar disso, ninguém reclamou. Juliette Lewis é uma boa atriz também em cima do palco e fez uma apresentação muito divertida com seu figurino bizarro. Os quatro acompanhantes da vocalista também são animados e mantém a pose sexo drogas e rock n roll, executando as canções com precisão. A enorme maioria da platéia não conhecia as músicas da banda, mas pareceu gostar do que lhes foi apresentado. Não é à toa. Se o rockão meio genérico não diz muita coisa, a apresentação conquistou quase todo mundo. Uma pena que o som não estivesse bom, já que as guitarras estiveram muito baixas por grande parte do show. È frustrante ver alguém solando e não escutar. Felizmente o problema foi sendo concertado e o som ficou satisfatório nas ultimas três músicas da apresentação. Antes tarde do que tarde demais.

A enrolação na troca de palco foi uma constante no festival e com o Killers não foi diferente. Pelo menos eles tinham justificativas: um som impecável e uma cenografia digna das apresentações da Britney Spears. Sempre se falou que os rapazes de Las Vegas eram fracos em cima do palco e aquele monte de luzes de natal, letreiros luminosos e caixas de madeira pareciam uma estratégia para compensar a falta de sal da apresentação. Felizmente era apenas um cenário brega e desnecessário. A banda tem boa presença de palco e, assim como os ingleses do Arctic Monkeys no dia anterior, entrou com o jogo ganho.

Apesar de toda a afetação do cenário, roupas e filme de abertura, o Killers é uma banda animada e muito competente, que não tem vergonha do sucesso e não tenta fazer um show difícil. Ao contrário, mandaram um hit após o outro, deixando a tenda em ponto de ebulição. O grande calor e umidade fizeram Brandon Flowers se enxugar constantemente, mas o cara não perdeu a pose. Com seus trejeitos estranhos, ele comandou a platéia como uma orquestra afinada, que cantou a plenos pulmões a maioria das músicas, visivelmente inflando o ego dos americanos. O baterista Ronnie Vannucci também faz uma apresentação mais solta, ao contrario do restante da banda, que prefere a discrição. Mesclando músicas de seus dois álbuns, a apresentação correu em clima de festa e cada vez que os americanos anunciavam canções como “When You Were Young”, “Somebody Told Me”, “Bones” e “Mr. Brightside” o chão literalmente tremia. Apesar da profusão de teclados e de toda a pompa, o Killers faz um belo show de rock, capaz de agradar até quem não é muito fã da banda.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Arctic Monkeys no Tim Festival

Aqui começa uma série de resenhas sobre o Tim Festival 2007, que aconteceu no último final de semana no Rio de Janeiro, em São Paulo, Vitória e Curitiba. Nessa primeira parte, falaremos sobre os shows do palco Novo Rock UK, que aconteceram sexta-feira no Rio de Janeiro.

A edição carioca do Tim Festival deste ano teve uma bela estrutura montada na Marina da Glória na beira da Baía de Guanabara. A área comum era voltada para o mar e reproduzia conteiners de portos, coloridos e iluminados, com alguns bares e lojas. Infelizmente, a chuva intermitente fez com que o público tivesse que se refugiar nas áreas cobertas algumas vezes. Dentro da tenda onde aconteceram os shows de Hot Chip e Arctic Monkeys, no entanto, o calor era intenso. A apresentação do Hot Chip começou com um pequeno atraso e botou o público para dançar. Este resenhista, entretanto, não conhece muito de música de robôs e não pode comentar o show com maior profundidade. A banda é composta por cinco tecladistas que eventualmente cantam, tocam guitarra e baixo, mas na maior parte do tempo se limitam a apertar botões que geram batidas repetidas e barulhinhos eletrônicos. O público já era bem grande e pareceu gostar do som dos ingleses, que saíram aplaudidos do palco.

Após alguma enrolação, a grande atração da noite subiu ao palco. O Arctic Monkeys já entrou em cena com o jogo ganho, mas apesar da empolgação do público, o inicio do show foi meio morno, com algumas falhas no som e uma banda que se mostrava excessivamente quieta. Alex Turner, com seu traje nerd, parecia um pouco tímido demais, mas os problemas do som foram rapidamente concertados e o show foi esquentando a partir da execução de “Brianstorm”, ótima música que abre o segundo disco do quarteto. Daí pra frente a tenda pegou fogo, os espectadores pularam, bateram palmas e cantaram junto até as partes instrumentais, mas tiveram alguma dificuldade em entender o inglês do vocalista nas poucas vezes em que ele tentou se comunicar. O calor aparentemente foi contagiando a banda, que melhorou sua performance, mesmo parando para se enxugar no intervalo de cada canção.

A banda manteve o show animado e os maiores destaques foram as execuções de “I Bet You Look Good On The Dancefloor”, maior hit do grupo, e da ótima “Fake Tales of San Francisco”, emendada com “Balaclava”. O Arctic Monkeys dispensa qualquer elemento cenográfico, e deixa suas boas músicas falarem por si mesmas, lembrando as apresentações de grupos alternativos da década passada. Matt Helders também consegue se destacar. Com sua bateria posicionada meio de lado, entre o vocalista e baixista, o cara bate forte em seu kit e participa do show como poucos bateristas. Após cerca de uma hora e meia de músicas do EP, dos dois álbuns e uma faixa nova, os caras se despediram e foram embora sem bis, sem frescuras, sem encenações. A platéia deixou o local muito suada e com um sorriso no rosto.

Foto por Sidinei Lopes/Folha Imagem

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Go! Go! Girls! no Blackout Bar

O atraso no inicio de eventos é uma tradição nacional, parte da cultura brasileira. Em shows underground essa característica é particularmente acentuada, mas de vez em quando acontecem exageros até para os padrões do underground brasileiro. Apesar do cartaz anunciar 16h, o Pólis só subiu ao palco depois das 19h. Mesmo assim o Blackout estava bem vazio, o que pareceu intimidar a maioria das bandas, que fizeram apresentações um pouco frias. Felizmente o quarteto foi se empolgando ao longo de seu setlist que incluía músicas do seu MySpace e covers de Offspring, Audioslave e Tihuana. Você não leu errado, é Tihuana mesmo. A alternância entre canções pop punk, pop rock, e até nu metal mostrou que o Pólis ainda não definiu muito bem seu som. Nada contra a diversidade (algumas ótimas bandas moldaram seus som a partir de misturas bastante exóticas), mas a banda ainda tem músicas que lembram mais suas influencias do que uma identidade sonora própria. Geralmente o tempo se encarrega de resolver essa questão. Apesar disso, a banda executa muito bem suas composições, com destaque para a talentosa vocalista Kizia.

A banda seguinte foi o Lips, que também é conhecida por misturar estilos de rock, mas está alguns passos à frente da banda anterior em seu objetivo de criar um som próprio. A banda mostrou as músicas de sua primeira demo, como a porrada “Fuck It All”, dedicada aos casais, e um cover de “Teenage Kicks”, do Undertones. Uma boa apresentação, mesmo não sendo a melhor que o quarteto já fez. Em seguida as meninas do Keshi mostraram seu pop rock para o pequeno público da noite. Nana é certamente a melhor vocalista do rock underground brasilense e mostrou isso nos dois covers executados pela banda “Ódio”, do Luxúria e “Namorinho de Portão”, na versão Penélope. Esse último, define bem o som da banda, bastante radiofônico e muito bem feito. Destaque para a boa “Atalho”.

Em uma noite marcada pela diversidade de estilos, o Terror Revolucionário se saiu bem. Apesar de ser de longe a banda mais pesada da noite, foram bem recebidos pelo público ao mostrar seu grindcore. O vocalista Felipe desceu do palco e cantou quase todas as musicas no meio do público, quebrando o clima frio das apresentações anteriores. Tocaram ainda um cover de “Kaos Klitoriano”, da banda de mesmo nome. Uma apresentação impressionantemente veloz. Depois de um período com poucos shows, o Pulso está divulgando seu recém lançado disco, Quantas Vezes Mais Até Acertar?. Experiente, a banda mostrou segurança em sua curta apresentação, já que devido ao horário, cortaram algumas faixas de seu setlist. Por sorte, não decidiram cortar a divertida versão punk rock de “Like a Virgin”, da Madonna.

A última atração da noite foi o trio paulista Biggs. Em atividade desde 1997, Flávia, Mayra e o baterista Brown, mostraram um som que mistura influencias de Bikini Kill e L7 com o rock n roll de Stooges e MC5. Apesar do público pequeno, a banda não se intimidou e tocou com a empolgação que seu repertório, todo em inglês, merece. Curiosamente, foram o único grupo que não tocou nenhum cover, e não foi por falta de pedido. Mas a resposta foi categórica: “A gente não toca cover. Desculpa”. O show da banda ainda teve direito a um final barulhento, digno da quebradeira do Nirvana ou das apresentações do Sonic Youth. Ao final da noite, o ponto mais negativo desse Go Go Girls não foi o atraso nem o pequeno púbico, mas o próprio desinteresse das bandas que se apresentaram em ver o show dos colegas. A maioria dos grupos se contenta em chegar, fazer seu show e ir embora, sem demonstrar muito interesse por ouvir outros sons, outras bandas ou simplesmente prestigiar o evento. Como se fosse um emprego, batem seu ponto, fazem seu trabalho e caem fora rapidamente. Lamentável.

domingo, 21 de outubro de 2007

As Cinco Mais: Lips

Após uma semana de descanso, a coluna As Cinco Mais está de volta trazendo uma das bandas que se apresentará hoje no show Go Go Girls, no Blackout Bar. O Lips é um quarteto formado no início de 2006 e que se destaca pela mistura de gêneros musicais. Fazendo um som com uma pegada totalmente punk, mas que incorpora várias influências de indie rock, a banda mostra nesse As Cinco Mais que as preferências de cada integrante também são bastante ecléticas, o que faz com a banda se encaixe simultaneamente em várias “cenas” roqueiras. Vejam as listas:


Victor (vocal, guitarra)

Slipknot - Slipknot
Rancid - And Out Come the Wolves
Ramones - Anthology CD II
Blur - The Great Escape
Coal Chamber - Coal Chamber

Maria (baixo, vocal)

Weezer - Pinkerton
The Strokes - Room On Fire
The Cure - Greatest Hits
Postal Service - Give Up
Green Day - Dookie

Thito (bateria, vocal)

AC/DC - T.N.T
KISS - Destroyer
Ramones - Pleasant Dreams
The Who - todos
Andrew WK - I Get Wet

Taty (guitarra, vocal)

Yeah Yeah Yeahs - Fever to Tell
Michael Jackson - Dangerous
Ben Harper - Live From Mars
The Wallflowers - Bringing Down The Horse
Morphine - Cure For Pain

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Mais shows internacionais no Brasil


O dólar baixo tem feito a felicidade dos roqueiros brasileiros nos últimos tempos. Essa semana, mais shows internacionais foram confirmados para os próximos meses. Brasília, é claro, está fora da rota, mas não deixa de ser animador saber que o Beck vai abrir todos os shows da reunião do Police na América Latina, que acontecerão nos dias 1 e 2 de Dezembro na Argentina, dia 5 no Chile e dia 8 de dezembro no estádio do Maracanã, Rio de Janeiro. Já a dupla pós-punk estadunidense She Wants Revenge, se apresentará no festival Nokia Trends, dia 8 de Dezembro em São Paulo capital. Antes deles quem também toca em São Paulo é Eagles of Death Metal, projeto paralelo de Josh Homme, que não virá ao Brasil por ter compromissos marcados com sua banda principal, o Queens of The Stone Age. A apresentação do será no dia 28 de novembro no Clash Club, como parte do festival Motomix. Pena que as passagens de avião estão em curva ascendente.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Akon chama Brasil de México, ensaia striptease, faz playback e sai sem se despedir em SP



Já tem algum tempo que a música pop está cheia de enganações. “Estrelas” que não tocam nenhum instrumento, são incapazes de compor e até mesmo de cantar, apelando para o playback. Suas carreiras se baseiam puramente em marketing (pessoal e de seus discos) e são comandadas por produtores e executivos de gravadoras. Akon é um desses “artistas”, que poderiam ser atores, apresentadores de TV, jurados de reality show ou qualquer outra coisa, mas acabaram encontrando seu espaço na quase falida industria musical. É triste ver como a música negra que já deu ao mundo o jazz, o blues (essencial para o surgimento do rock), o funk e o soul, descambou para um monte de traficantes e pimps machistas e sem noção, contaminados por uma variante da síndrome dos novos ricos, a das novas estrelas do mundo do entretenimento. Leia aqui a boa resenha do show do rapper senegalês em São Paulo, escrita por Gabriela Belém, do portal UOL. Por algum motivo (para mim) inexplicável, 6 mil pessoas pagam por isso e ainda ficam satisfeitas. O mundo é um lugar estranho.

Foto por Alexandre Schneider/UOL

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Discoteque – Discoteque (2002)

O Discoteque existiu por um curto período de tempo e era mais conhecido como a-outra -banda-do-bil, vocalista do também finado Noção de Nada. Uma pena, pois o único disco do quarteto do Rio de Janeiro mostrava uma banda com enorme potencial, inclusive comercial. A alternância entre canções em português e inglês e entre dois vocalistas evita a repetição exagerada sem tirar a identidade do som da banda. Os vocais de Bil são facilmente reconhecíveis e imprimem emoção às canções sem soarem chorosos ou fofinhos demais. Os de Kindim, apesar de menos marcantes também são bons e dão um toque mais pop ao disco. Já as letras são, em sua maioria, simples, curtas e bastante pessoais. Apesar disso, conseguem fugir da chatice melodramática da maioria das bandas emo. Os arranjos passeiam entre os terrenos do post hardcore e do indie rock de bandas como Superchunk e Pavement, tudo com um acabamento relativamente pop. Entre as (poucas) 11 faixas, se destacam “Cantor”, “Brainstorm”, “Place” e “Tempo”. O maior problema do álbum é a gravação abafada, que não faz justiça às canções. Nada que incomode muito, mas caso algum dia o disco venha a ser reeditado, não faria nenhum mal pensar em uma remixagem ou remasterização.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Pop rock + Metal


Há algum tempo, disse aqui que tinha ouvido o tão falado Paramore e achado fraco. Não mudei de opinião, mas por questão de justiça, devo fazer algumas considerações. Após ver alguns vídeos deles tocando ao vivo, percebi que a banda conta com um ótimo baterista e uma vocalista que não fica atrás. Pode parecer besteira, mas em tempos de pro-tools é surpreendente ouvir vocais tão bons quanto os do CD em uma apresentação acústica ao vivo. O cover deles para “Best Of Me”, do Foo Fighters, também é bem legal e mostra que com composições realmente boas, a banda pode decolar. Falando em covers, nunca achei Fall Out Boy grande coisa, mas as versões que já ouvi os caras tocarem são constrangedoras, muito fracas mesmo.

***

Metal: A Headbanger’s Journey tem sido tão (bem) falado por toda a mídia que estou ficando realmente curioso. Quando a Veja elogia um documentário sobre heavy metal, é porque o filme tem alguma coisa especial. Imagino que irei me desapontar, pois isso sempre acontece quando as expectativas são altas demais. De qualquer forma, a curiosidade se soma à frustração de morar na capital do país e descobrir que o filme não está em cartaz por essas bandas. Acho que vou ter que ver a versão pixelada mesmo.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Foo Fighters - Echoes, Silence, Patience And Grace (2007)

Ao longo do tempo, o Foo Fighters se tornou conhecido por sua mistura de rock alternativo, pop rock radiofônico e rock de arena setentista, do qual bandas como Green Day e My Chemical Romance tentaram se aproximar nos últimos anos. Nesse aspecto, Echoes, Silence, Patience And Grace não é diferente de qualquer outro álbum da banda, exceto por uma presença um pouco maior de pianos nas baladas. Após uma entrada calminha, bateria e guitarras chegam com toda força, deixando claro que o Foo Fighters ainda é uma banda de rock pesado. "The Pretender" é o primeiro single e a música de abertura de Echoes, além da melhor canção da banda em muitos anos. Alternando entre passagens leves e os tradicionais vocais gritados de Dave Grohl, a música dá o tom da primeira metade do disco.

Se no álbum (duplo) anterior, In Your Honor, a banda separou suas duas facetas em um disco cheio de rocks energéticos e outro com toda a melancolia de suas baladas quase acústicas, nesse lançamento, os caras optaram por mesclar essas facetas. A idéia foi, invés de misturar rocks e baladas no tracklist, misturar partes calmas e pesadas em cada uma das canções. São exemplos desse conceito músicas como “Erase Replace”, “Come Alive” e “Let It Die”, que causou controvérsia por supostamente versar sobre Kurt Cobain e Courtney Love, algo que não foi nem confirmado nem desmentido por Grohl.

Apesar dessa mistura ser a maior marca de Echoes, não faltam sons que fujam à regra. “Long Road To Ruin” e “Cheer Up Boys, Your Makeup Is Running” (um recado aos emos?) são representantes legítimas dos hits pops do Foo Fighters. Com bom potencial radiofônico, ambas ajudam a tornar o álbum mais divertido. Já “The Ballad of the Beaconsfield Miners” e “Stranger Things Have Happened” fazem lembrar que Eddie Vedder não está sozinho em sua devoção a Neil Young. Folk até o osso, as duas faixas quebram o ritmo e dão um toque sulista ao disco. “Statues” também se destaca por soar tão absurdamente setentista que poderia estar na trilha sonora de Quase Famosos e ninguém desconfiaria não se tratar de uma música da época.

Infelizmente, Echoes perde um pouco o fôlego em sua segunda metade, com várias baladas se sucedendo, o que acaba por matar o álbum antes de seu final. Por sorte, grande parte das versões do disco vem com uma música extra em seu final. “Once and For All” é creditada como uma demo, mas soa tão finalizada, bem produzida e gravada quanto todas as outras faixas. Não é uma canção excepcional (na verdade lembra várias outras músicas da banda), mas traz a energia de volta e deixa claro que apesar de escrever ótimas baladas melancólicas, a maior contribuição de Dave Grohl à música são seus rocks radiofônicos gritados a plenos pulmões.

sábado, 6 de outubro de 2007

As Cinco Mais: Dead Fish

Durante a última passagem dos capixabas do Dead Fish por Brasília, Rodrigo Lima, vocalista da banda, concedeu ao Rock N Cigarettes a lista dos cinco melhores álbuns de sua vida. Procurados pelo blog, os outros membros do Dead Fish não se pronunciaram. Algumas das escolhas de Rodrigo podem parecer estranhas aos fãs da banda, mas são todos discos fundamentais dentro do seu estilo ou subgênero musical. Se você não conhece algum desses álbuns, corra atrás de ouvi-los, porque ninguém é obrigado a gostar de nenhum artista, mas deve pelo menos conhece-los, nem que seja para falar mal. E aí, alguém se arrisca a achar influencias de Jamelão no som do Dead Fish?

Rodrigo Lima

Bad Brains – Banned In DC
Gorilla Biscuits – Start Today
Ratos de Porão – Anarkofobia
Public Enemy – It Takes a Nation of Millions to Hold us Back
Jamelão – Romântico Demais

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

6° Móveis Convida

Já que a moda é notícia velha, vamos ressuscitar o Móveis Convida também:


A noite da sexta edição do Móveis convida começou quase na hora prevista com o Velhos Usados e a maioria das pessoas ainda estava do lado de fora comprando cerveja (que custava o mesmo dentro e fora do Centro Comunitário) e fazendo um social. A banda, que alguns insistem em comparar ao MCA, até que é um bom show de abertura, mas ainda passa longe da originalidade dos anfitriões da noite.


E falando em originalidade, ela não foi o que faltou quando o Canastra subiu ao palco tocando o hino nacional. O vocalista Renato Martins confessou depois na comunidade do orkut que ficou impressionado com a quantidade de pessoas cantando junto. Começando com um set parecido com o do dia anterior na Fnac (hino nacional + mesma fala de abertura + chega de falsas promessas), o Canastra logo pegou outro caminho e fez um bela mistura de música velhas e ainda não usadas com novas e cheias de frescor. Meu Capputiino, Pomo de Adão, diabo apaixonado, miss simpatia e outras tantas se entrosaram muito bem com os covers de Viva Las vegas e de besame mucho. O show foi infernal e fez jus a reputação de gigantes no palco. Difícil não se impressionar com o performance no contrabaixo acústico de Edu Vilamaior ou ficar sério perante o jogo de cartas de Marco Serragrande e Marcelo Magdaleno nas músicas sem naipe de metais. O show conquistou muitos que nem mesmo conheciam a banda e conseguiu agradar até a alguns fãs do Teatro Mágico.


Aliás, o público do Teatro merece um capítulo à parte. É sempre tocante presenciar um público com tamanha paixão por uma banda. Neste ponto, o Teatro tem o público perfeito. Uma multidão que canta tudo a plenos pulmões. O problema é que pra cada menina distribuindo balões, pra cada rosto pintado naquela platéia, para cada malabar, tinha cinco mau educados empurrando todo mundo num frenesi para chegar a frente do palco e outros tantos atrapalhando o show das outras bandas. O público do Teatro Mágico está caminhando para se tornar tão fanático e babaca como o público dos Los Hermanos da turnê do Quatro. O que é uma pena, já que isso vai contra a própria proposta do grupo, como aliás, também aconteceu com os barbudos.


Ver a trupe do Teatro Mágico ao vivo é uma experiência incomparavelmente superior a qualquer MP3. Se nas música a banda nem sempre faz jus ao nome, ao vivo não se pode outra usar palavra se não espetáculo. Todo mundo é performático nessa banda, quer dizer, trupe. Ao vivo dá pra entender a diferença. Existe uma ingenuidade e um romantismo tipicamente circenses no show do Teatro, números de trapezistas, malabares e palhaços são quase esperados,e mesmo assim causam perplexidade. E em tempo: esqueça Cat Power, Bianca Jordão ou Vanessa Krongold ou qualquer outra menina de banda. Quando você ver Gabi, a palhacinha e malabarista do TM você VAI se apaixonar.


Surpresa mesmo foi ver o fôlego dos donos da casa ao entrarem após o Teatro. A multidão que até então tinha sido roubada pela ilusão do Teatro Mágico subitamente acordou e clamava pela banda antes mesmo dela começar. Tocando músicas novas e muitos covers de Raul Seixas o MCA fez um apresentação de fazer todos se mexerem, como sempre aliás, e terminaram em grande estilo com a tradicional roda de balalaica bombada por membros do Teatro Mágico e do Canastra. Fernando "Goma" Oliveira do Canastra, inclusive passou o resto do show pogando com a galera. Uma noite como essa só poderia acabar com as três bandas no palco na versão Móveis de se essa rua fosse minha.


A banda caprichou nos convidados, dificilmente outra banda, além do próprios MCA, seguraria a onde de tocar depois do energético show do Canastra como conseguiu o Teatro Mágico, e poucas bandas poderiam ter tocado para um público ávido de performance como o do Teatro além do Canastra. Sem sombra de dúvida o melhor de todos Móveis convida, lado a lado com o da Orquestra Imperial. Fica a pegunta: e agora, o que virá depois?


P.S.: Uma entrevista com Renato Martins do Canastra feita por este que vos escreve pode ser lida aqui .

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

A revolução do Radiohead

A notícia é um pouco velha, mas no último final de semana o Radiohead anunciou a data de lançamento do seu novo trabalho, In Rainbows. Dia 10 de Outubro. A data tão próxima pode parecer uma nova estratégia para evitar o “vazamento” do álbum, coisa absolutamente comum estes dias. Mas aparentemente não foi essa idéia que motivou o grupo inglês, que está vendendo In Rainbows através de seu site oficial em dois formatos: Download e Discbox.

Discbox é uma caixa com 2 CDs e 2 discos em vinil, incluindo músicas inéditas, encarte especial e fotos digitais da banda, que custa 40 libras, incluindo frete para qualquer parte do mundo. Enquanto aguardam a caixa chegar em suas mãos no dia 3 de dezembro, os fãs poderão baixar as faixas do site de graça. Já aqueles que escolherem comprar as músicas diretamente em mp3 poderão pagar por elas o quanto quiserem. Isso mesmo, você escolhe o preço que achar mais justo, a partir um pence (um centavo de libra esterlina). Mais ou menos 3,73 centavos de real.

A notícia causou grande impacto na industria musical, e especialistas da área estão considerando a estratégia de venda de revolucionária. Na verdade a forma que a banda escolheu comercializar seu novo álbum é apenas mais um passo na grande revolução que começou há quase uma década. Longe de terminar, tem mudado drasticamente o modo como lidamos com a música e, principalmente, o modo como ela é comercializada. Os efeitos positivos para a produção cultural, e negativos para a industria musical podem ser vistos (e ouvidos) todos os dias. É só prestar atenção e fazer uma breve comparação com o passado. O assunto já foi discutido no Rock N Cigarettes aqui e aqui. Confira o tracklist de In Rainbows abaixo:

CD 1 e LP
"15 Step"
"Bodysnatchers"
"Nude"
'Weird Fishes/Arpeggi"
"All I Need"
"Faut Arp"
"Reckoner"
"House of Cards"
"Jigsaw Falling Into Place"
"Videotape"

CD 2
"MK 1"
"Down is the New Up"
"Go Slowly"
"MK 2"
"Last Flowers"
"Up On The Ladder"
"Bangers and Mash"
"4 Minute Warning"

***

Falando em era digital, os escoceses do Fratellis estarão lançando no dia 8 de outubro um DVD chamado Edgy in Brixton, que trará um show da banda no famoso Brixton Academy, em Londres, cenas de backstage e todos os video-clipes dos caras. A versão digital do DVD já está a venda no site 7 Digital, por cerca de 10 libras.