quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Kathleen Hanna canta Nirvana

Kathleen Hanna, eterna vocalista da banda feminista Bikini Kill, participou no último dia 15 do programa Our Hit Parade, onde cantou pedaços do mega-hit "Smell Like Teen Spirit" do Nirvana e de "Rebel Girl" de seu falecido grupo. Mas o destaque mesmo vai para os casos contados por Hanna ao som de piano. Kathleen mostra um belo domínio de palco não apenas cantando à frente de uma banda, mas também contando histórias de sua juventude ao lado do amigo que cheirava à desodorante. É um grande prazer para fãs da moça e de Nirvana ouvir casos famosos (e outros nem tanto) da história do rock underground da década de 90 da boca de uma das principais personagens da cena de Seattle. Infelizmente não há tradução para o português, mas ainda assim vale muito a pena dar uma conferida.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Zander no Art Garage


No domingo, após as alegrias e tristezas da última rodada do Campeonato Brasileiro de Futebol, um bom número de roqueiros se reuniu no Art Garage para assistir a seis shows de hardcore. A principal atração da noite era a banda carioca Zander, comandada pelo vocalista, multi-instrumentista e compositor Bil, famoso por seu trabalho em grupos finados como Noção de Nada e Deluxe Trio. O evento estava marcado para as 17h, mas houve certo atraso para o inicio das atividades.

Na abertura do evento, apresentaram-se Rainha Vermelha, os goianos do Atomic Winter, Hellena, Perfecto e Dias. A maior parte do público era ligada à cena hardcore, muitos deles straight edges. Era natural, portanto, a presença de uma barraquinha de comida vegana convivendo em perfeita harmonia com o bar do local. Também havia várias bancas de CDs e merch das bandas que se apresentariam durante a noite. O esquema todo só foi desmontado quando a chuva começou a cair durante o penúltimo show da noite, da banda Dias.

O Zander subiu ao degrau do Art Garage por volta das 23h30, um pouco tarde para um domingo, mas o horário não desanimou os fãs do quinteto. Com o som um pouco embolado a banda carioca começou a apresentação tocando vários sons de seu álbum de estréia, o ótimo Brasa, que estava à venda no local por apenas R$10. Enquanto canções como "Humaitá" e "Motim" eram executadas com muita energia pelo grupo, o apertado salão foi tomado por violentas rodas de pogo e crowd surf. Se o local permitisse, provavelmente também haveria muitos stage dives e até os head walks praticados pelos mais sem noção.

Após o inicio focado em Brasa, as músicas dos dois EPs que precederam o álbum começaram a aparecer e foram recebidas com igual empolgação pelos presentes, que cantavam junto canções mais conhecidas como "Auto Falantes" e a excelente "Pólvora", e não pararam de agitar nem durante músicas mais lentas como "Dialeto", "Em Construção" e "Meia Noite". A apresentação seguiu com essa boa interação entre a banda e o público até o seu final, sem bis, ou qualquer frescura mainstream.

No entanto, nem todos aguentaram o calor extremo que fazia dentro do pequeno Art Garage. As janelas fechadas (talvez em função do pé d'água que caia do lado de fora) e o teto muito baixo não ajudavam a melhorar a o ambiente, que foi ficando cada vez mais úmido. No final da apresentação, a sensação era de se estar vendo um show em uma caverna. Na verdade, à exceção das duas primeiras fileiras imprensadas contra o degrau, também não se estava vendo muita coisa, mas apenas escutando, o que prejudica um pouco a experiência de assistir a uma banda com músicos experientes e com boa presença de palco.

Claro que com os perrengues ficam memórias únicas, como a chance de ver Nenê Altro do Dance of Days quase ser esmagado contra o teto da Zoona Z durante um crowd surf, mas já passou da hora de Brasília ter uma casa de shows minimamente adequada para shows pequenos como o do último domingo. Aliás, também falta à cidade casas de shows para eventos médios, mas não parece que veremos a solução para a falta de estrutura em breve. Por enquanto, os roqueiros da capital continuarão vendo (ou apenas ouvindo) ótimos shows em lugares como Art Garage. Paciência.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A história do Rock N Roll

Novas postagens em breve. Por enquanto, um pouco de humor por Eduardo Medeiros.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Millencolin no Rio de Janeiro


Antigo galpão industrial transformado em centro cultural, a famosa Fundição Progresso foi palco do terceiro dos quatro shows da banda sueca Millencolin no Brasil. Era curioso notar a grande quantidade de roqueiros de todas as idades presentes ao evento a poucos metros dos tradicionais Arcos da Lapa, cartão postal do Rio de Janeiro e porta de entrada para o mais boêmio dos bairros da cidade, local de incontáveis bares e apresentações de samba e mpb. Também surpreendente era a quantidade de "bombados" dentro da casa de shows. Sem camisa desde a primeira música, os freqüentadores de academia conduziam incansavelmente a grande (e impiedosa) roda de pogo que se fixou em frente ao palco durante toda a apresentação. Mas engana-se quem pensa que os musculosos estavam atrás de briga. Comportavam-se como verdadeiros fãs, cantando todas as músicas e ajudando os desafortunados que caiam em meio ao caos a se levantarem. Realmente inesperado.

Completamente alheio às observações antropológicas rasteiras deste blogueiro, o Millencolin conduziu um ótimo show em comemoração ao aniversário de dez anos do seu mais aclamado álbum, Pennybridge Pioneers. Por vota das 22h30 da nublada noite de sábado, o quarteto sueco de hardcore subiu ao palco e colocou os fãs para pularem ao som de "No Cigar", que abre também o disco homenageado. Daí para frente, mandaram todas as 14 músicas de Pennybridge Pioneers na ordem do álbum, com pequenas pausas para tentativas não muito correspondidas de comunicação em inglês com o público e as clássicas palavras soltas em português que devem constar de todo contrato para shows de bandas gringas no país. Mas Nikola, Mathias, Erik e Fredrik conquistaram mesmo o público foi com sua simpatia. Cheios de energia, os guitarristas não pararam quietos durante todo o show. O vocalista Nikola Sarcevic e o baterista Fredrik Larzon são mais discretos, mas não menos carismáticos.

Músicas mais rápidas e conhecidas como “Stop To Think”, “Fox”, “Material Boy” e o hit “Penguins & Polarbears” fizeram o clima dentro da Fundição Progresso esquentar e o público parecia genuinamente feliz de assistir o Millencolin tocando o álbum de cabo a rabo. Como nada pode ser perfeito, o som das guitarras estava um pouco baixo, mas nada que estragasse a boa execução das músicas. Para finalizar a primeira parte da apresentação, Nikola fica sozinho no palco com seu violão e chama uma fã sortuda para subir ao palco e cantar o refrão de “The Ballad”. Apesar de bastante desafinada, Thábata era bem extrovertida e aproveitou seus dois minutos de fama, se recusando a sair do palco quando um roadie tentou tirá-la de lá e dando um beijo no guitarrista Erik Ohlsson quando o restante da banda voltou para o final elétrico da canção. Se terminasse por aí, a maioria já se daria por satisfeita, mas todos sabiam que o quarteto voltaria para tocar mais. O que nem todos sabiam é que elas seriam quase todas antigas, dos primeiros álbuns dos caras.

O Bis começou com o primeiro hit da banda, “The Story of My Life” e seguiu como fan-favourites como “Random I Am”, “Lozin’ Must”, “Killercrush”, “Vixen”, a versão estendida de “Buzzer” e a clássica “Mr Clean” cantada pelo guitarrista Mathias Färm, para encerrar a festa pela segunda vez, deixando uma ótima sensação nostálgica pairando sobre o público. Mas o quarteto ainda tinha reservado mais para o os fãs cariocas e voltou ao palco outra vez para tocar “Bullion”, “Dance Craze” e para fechar a noite em grande estilo, a única canção da dos anos 2000 executada na noite, a ótima “Black Eye”, do disco Home From Home. Os fãs ainda queriam mais e ensaiaram cantar outra vez “Olê, Olé, Olé, Millen-colin”, entoado em coro antes e durante o show, como se estivéssemos no Maracanã torcendo pelo time do coração de cada punk rocker presente no local. O Millencolin não voltou, mas ainda havia tempo para curtir um bom chopp Brahma sob as nuvens cariocas olhando para os arcos da Lapa. Tomara que os suecos voltem em breve.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Metric vs The World


Está acontecendo desde terça-feira no Rio de Janeiro a primeira edição da Rio ComiCon, uma convenção internacional de histórias em quadrinhos organizada pela editora Casa 21. Como em grande parte da chamada cultura pop, muitas vezes as barreiras entre música e HQs são derrubadas por trabalhos que se utilizam uma forma de arte/entretenimento para falar de outras. É o caso de Scott Pilgrim Contra o Mundo, HQ do autor canadense Brian Lee O'Malley, focada nos percalços do relacionamento do canadense pós-adolescente do título com a americana Ramona Flowers.

Apesar da temática, a estética da série (que também virou um belo filme) gira em torno da cultura dos videogames e da musica independente. Scott toca baixo em uma banda de garagem chamada Sex Bob-Omb e sua ex-namorada Envy canta na quase famosa Clash At Demonhead. Para o filme, os produtores convocaram o multi-instrumentista Beck para cuidar das músicas da banda de Scott, o Broken Social Scene compôs as canções do grupo fictício Crash and the Boys e a banda indie canadense Metric cedeu a música "Black Sheep" para regravação pela atriz Brie Larson, que interpretou a ex-namorada famosinha do Scott.

Confira abaixo a apresentação do Metric no lançamento do filme, na convenção de quadrinhos de San Diego em julho. O interessante clipe incorporou à apresentação ao vivo da banda os grafismos que inundam o filme, inserindo a show no universo pop de Scott Pilgrim. Divertido.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Tragam a luz para Liam Gallagher


A nova banda de Liam Gallagher, o Beady eye, lançou ontem sua primeira música, "Bring The Light". Como Liam havia prometido, trata-se de um rock dançante com muitas referencias à sonoridade das décadas de 50 e 60. A proposta pode parecer interessante em um primeiro momento, emulando Jerry Lee Lewis e o começo dos Beatles (obviamente), mas a verdade é que a faixa soa meio genérica. A produção, propositalmente "crua", também não ajuda muito e a impressão que fica é que Liam está cantando dentro de uma garrafa. Não é realmente ruim, mas esperava-se muito mais de 4/5 do Oasis, uma vez que todos os membros da última formação da mega-banda inglesa escolheram participar do novo projeto, deixando Noel Gallagher sozinho em seu trabalho pós Oasis.

"Bring The Light" pode ser conferida abaixo e no site dos caras é possível baixar gratuitamente a faixa, que também será lançada em formato físico numa edição limitada de 4.000 exemplares em vinil no dia 22 de novembro. O disco também terá uma B-Side chamada “Sons of the Stage”, cover da banda World of Twist. O que vocês acharam?

domingo, 7 de novembro de 2010

Marky Ramone Blitzkrieg no Arena Futebol Clube

A noite da última sexta-feira foi marcada para muitos roqueiros brasilienses pela passagem de mais um revival dos grandes Ramones pela capital federal. O Marky Ramone Blitzkrieg conta com o ex-baterista dos pioneiros do punk rock, com Michale Graves, vocalista de uma das formações do Misfits e com dois argentinos desconhecidos substituindo outros dois membros pouco conhecidos no baixo e na guitarra. Pode parecer uma grande enganação, mas inegavelmente rendeu uma hora e meia de muita diversão para os fãs dos Ramones (e do Misfits), da mesma forma que a apresentação de CJ Ramone ano passado no mesmo Arena Futebol Clube.

Do alto de seus 54 anos, Marky continua com a cabeleira impecavelmente preta e mandando bem com as baquetas. O cara toca quase sem pausas durante cerca de uma hora e nos intervalos entre o setlist principal e os dois bis vem aos microfones para agradecer e apresentar Michale Graves. E apesar do nome do projeto, é o ex-vocalista dos Misfits que se comporta como a estrela da apresentação. Comandando a festa, Graves canta, dá seus pulinhos característicos e tem até um momento sozinho no palco. Os músicos argentinos apenas cumprem seu papel de coadjuvantes e tocam de forma competente os instrumentais ramônicos. Poderia ser qualquer um no lugar dos deles que não haveria diferença, mas também não prejudicam.

A apresentação, que teve início após os shows das bandas locais Gonorants e The Squintz, começou com a clássica "Rockaway Beach" e seguiu lembrando bastante o melhor registro ao vivo dos Ramones, It's Alive, de 1979. Os fãs dançaram, pularam e cantaram junto hinos do punk rock como “Teenage Lobotomy”, “Psycho Therapy”, “Sheena Is A Punk Rocker”, “Havana Affair”, “Beat On The Brat”, “53rd And 3rd”, “Judy Is a Punk”, “Rock N Roll Radio”, “Now I Wanna Sniff Some Glue”, “Poison Heart”, “I Believe In Miracles”, “KKK Took My Baby Away”, “I Wanna Be Sedated”, “Pet Sematary”, “Today Your Love, Tomorrow The World” e “Pinhead”, todos tocados quase sem pausas além da clássica contagem: "1234"!

Após cerca de uma hora a banda se retirou do palco apenas para ouvir o público gritar novamente "Hey Ho, Let's Go!". Na volta, o vocalista Michale Graves subiu sozinho ao palco carregando apenas um violão para executar três faixas dos Misfits, como já vinha fazendo nos outros shows da turnê brasileira. Apesar dos gritos pedindo sons da banda de horror punk, apenas uma minoria na platéia sabia cantar junto “Descending Angels”, “Scream” e “Saturday Night”. Momento emocionante para os fãs da banda e de descanso para aqueles que não os conhecem bem. Em seguida, o restante da banda-tributo volta ao palco para executar uma versão elétrica da ótima "Dig Up Her Bones", hit maior da fase em que Graves esteve a frente dos Misfits e "When We Were Angels", primeira faixa própria do Blitzkrieg, composta pelo vocalista.

A banda saiu mais uma vez do palco, mas todos sabiam que o show ainda não havia terminado, não sem a execução do hino maior dos Ramones. Rapidamente os quatro subiram de volta e tocaram “What A Wonderful World”, na boa versão do disco solo de Joey Ramone e obviamente “Blitzkrieg Bop”, para encerrar a noite. Após uma hora e meia, os fãs que encheram o Arena estavam satisfeitos e com sorrisos no rosto.

Por outro lado, não se pode dizer que não houve falhas no evento. Para começar, o público da noite foi visivelmente menor que o da apresentação de CJ Ramone, apesar de ainda ter marcado presença em bom número. Já Michale Graves parecia empolgado, mas não deixou de reclamar do som do local, já que quase ficou surdo com as interferências do microfone e não pode se aproximar do público e da beira do palco sob o risco de tomar choques. O vocalista também se mostrou incomodado com a dificuldade da mesa de som em equalizar o violão na parte acústica da apresentação. Nada, no entanto, que tenha estragado a ótima celebração ramônica com a banda cover de luxo do Marky. Na saída, fãs comentavam que para a homenagem ser perfeita era só tirar os dois argentinos e colocar CJ e o produtor Daniel Ray no baixo e na guitarra. Difícil discordar.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

The Crowd at a Rock Show


A webcomic Subnormality é publicada virtualmente pela Virus Comix desde 2007. A HQ não tem personagens fixos e muitas vezes nem mesmo pode ser classificada como quadrinhos, mas como charge. De qualquer forma, deparei-me com a imagem acima, que me leva a conclusão de que shows undergroud de rock são muito parecidos em qualquer lugar do globo. Claro que há cenas muito mais estruturadas que outras, mas que fã de rock alternativo não se identifica com o cenário e os personagens acima? A charge, disponível apenas em inglês, pode ser ampliada para melhor leitura. É só clicar na imagem.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Germs of Perfection: A Tribute To Bad Religion (2010)

Como título do álbum deixa claro, Germs of Perfection é um tributo ao aniversário de 30 anos da essencial banda de hardcore californiana Bad Religion organizado pelo MySpace em parceria com a revista musical Spin. Mas apesar dos nomes de respeito na organização e nas faixas desse álbum virtual, parece que faltou um conceito mais fechado e um direcionamento artístico um pouco mais definido. Por definição, tributos rendem discos variados, uma vez que contam com vários artistas, mas Germs Of Perfection sofre ainda mais com esse problema ao não definir se será composto por regravações acústicas ou elétricas, de artistas do universo punk/hardcore ou distantes desses estilos. Para piorar, a organização das faixas quase que divide o álbum em dois ao deixar os artistas indies separados dos punk rockers. Dependendo da versão do álbum virtual que você tenha baixado, um grupo vem antes do outro, deixando tudo ainda mais estranho.

Apesar da falta de qualquer unidade e do trabalho pouco cuidadoso de listagem das faixas, a grande maioria dos artistas convidados se saiu muito bem, seja reinventando completamente as músicas escolhidas ou mantendo a estrutura, mas dando um tempero próprio à timbragem dos instrumentos e à voz. Os folk-countries William Elliott Whitmore e Frank Turner se aproximam do trabalho solo do vocalista do Bad Religion, Greg Graffin, ao dar um tratamento rústico de voz e violão a "Don't Pray On Me" e "My Poor Friend Me", faixas pouco conhecidas da banda. Switchfoot, Ted Leo e a dupla canadense Tegan e Sara também optaram por versões calminhas de faixas agressivas e antigas como "Suffer" e "Against The Grain", mas com um acabamento mais... romântico. É interessante perceber como a calmaria das faixas ressalta as ótimas melodias das composições originais e as acadêmicas letras de Graffin.

Do outro lado da moeda, o Polar Bear Club fez a versão mais próxima da faixa original de todo o tributo. Não fosse a voz rouca de Jimmy Stadt, seria dificil perceber a diferença dessa "Better Off Dead" para aquela encontrada no álbum Stranger Than Fiction. O texano Riverboat Gamblers vez um bom cover sujo e energético para "Heaven Is Falling", assim como o Cobra Skulls, que deu um toque rockabilly para "Give You Nothing", que conta com uma participação imperceptivel de Fat Mike, do NOFX. Já o Cheap Girls executou "Kerosene" com um tempero de rock clássico e o dinamarquês New Politics colocou com sucesso sua experimentação sonora a favor do clássico "Generator", que conta até com uma passagem reggae. A decepção do álbum fica por conta da versão atrapalhada da antiga "Pity", de 1982, pelo experiente Guttermouth. Nem sempre velocidade se traduz em energia e a impressão que fica é que o quarteto não levou muito a sério a proposta de releitura do álbum. Mas eles não levam nem mesmo a própria música a sério, então era algo a se esperar. No final, fica a sensação de um bom tributo, mas que prometia - e poderia ter entregado - muito mais.

domingo, 24 de outubro de 2010

Ace of Spades em um bar francês

Em sua nova campanha publicitária, a cervejaria francesa Kronenbourg 1664 criou o slogan "slow the pace", uma versão liquida da campanha slow food, para que os consumidores pudessem apreciar calmamente o sabor da lager. O comercial para TV levou os ingleses do Motörhead para um bar francês de atmosfera tranqüila, onde eles puderam executar seu hit "Ace Of Spades" em ritmo reduzido à metade, enquanto idosos locais jogavam cartas e bebiam sua cerveja. O resultado foi um blues de respeito com a sempre marcante voz de Lemmy, que pode ser conferido aí em baixo. Para ganhar entradas para shows da banda na Europa e itens autografados sugira músicas para o Top 10 de melhores versões lentas para músicas rápidas no Twitter da campanha. Agora é só torcer para que a música seja lançada na internet sem cortes e barulhos de fundo.

domingo, 17 de outubro de 2010

Face To Face retorna com música e disco novos


Depois de oito anos de silêncio, os estadunidenses do Face To Face estão de volta com um novo álbum, chamado Laugh Now, Laugh Later. A banda, que havia entrado em hiato no meio da década, não lançava um disco de inéditas desde How To Ruin Everything, de 2002. Infelizmente, o trabalho só verá a luz do dia em janeiro do próximo ano, por meio da gravadora do vocalista Trever Keith, a Antagonist Records. Mas para saciar a curiosidade dos fãs, o quarteto liberou o primeiro single do disco para audição e download gratuito em seu site oficial. A faixa se chama “Should Anything Go Wrong” e pode ser ouvida no player abaixo.

Trata-se de um punk rock melódico acelerado que segue a mesma linha do restante do trabalho da banda e deve agradar bastante quem gosta dos caras, apesar de não ter um refrão tão memorável quanto o dos clássicos do quarteto. Vale lembrar também que toda a arte do disco foi concebida pelo tatuador Corey Miller, famoso por sua participação no reality show LA Ink, comandado pela famosa tatuadora Kat Von D. Corey também imprimiu o mesmo conceito visual nas costas do vocalista Trever Keith, na última temporada da série, que no Brasil vai ao ar pelo canal pago Liv.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Entrevista com a banda candanga Deceivers


Com quase 20 anos de estrada, a banda brasiliense Deceivers tem três álbuns na bagagem, o mais recente deles chama-se Paralytic, e foi lançado este ano. Nosso colaborador Boss Matsumoto conversou com o vocalista Gregório, único membro original da banda, por onde já passaram 25 músicos. Saiba mais sobre o disco novo, Porão do Rock, a experiência nos EUA e muitos outros assuntos na entrevista abaixo.


Boss Matsumoto: Complete a frase: "Desde 1992..."
Gregório: As coisas mudaram muito. O mundo, a música, as pessoas. Acho que eu também mudei muito... mas o rock continua e resiste a trancos e barrancos.

BM: Quantas vezes você já pensou em desistir da banda?
Gregório: Algumas vezes em que a coisa saia muito do âmbito da diversão, e se tornava um tormento. Mas só os fortes sobrevivem e por isso que estou a uns 18 anos na banda, e hoje é um “dever cívico” mantê-la! (risos)

BM: Qual é a pior parte de uma mudança de um membro da banda? Tem que esperar o rapaz pegar o feeling das músicas?
Gregório: Isso mesmo! Esperar a coisa ficar natural. Passar as músicas também é um saco! Esses dias fizemos um balanço e pasmem: Já passaram mais de 25 pessoas pela banda!

BM: Me fale um pouco sobre essa formação atual.
Gregório: Estamos mais maduros que nunca, sabemos onde queremos e podemos chegar. Diversão e prazer na frente. Obrigações? Só com nossa qualidade e integridade como banda!

BM: Tocar no Porão do Rock deu alguma resposta pra vocês? Qual foi a melhor show que vocês tocaram no festival?
Gregório: O Porão sempre foi uma dor de cabeça para a banda... Prepara-se um grande show, um lançamento e pimba! Eles fazem dar errado! Nesses anos de participação por lá, chegamos à conclusão que a produção não se importa muito com as bandas daqui. Esse ano, fomos mais uma vez desrespeitados, tendo nosso som cortado com uns 15 minutos de show. Uma palhaçada com o público e com a banda... Um grande desrespeito.

BM: A tentativa de morar nos Estados Unidos sempre esteve nos planos da banda? Ou foi uma oportunidade que surgiu e vocês agarraram? Quanto tempo demorou para tomarem a decisão?
Gregório: A idéia de ir pra fora sempre esteve nos planos da banda. Sabíamos da grande dificuldade de “profissionalizar” nossa banda aqui no país. Conseguimos um contrato com um manager de lá e fomos na cara e na coragem mesmo... Desde que começamos a gravar com a banda sabíamos que o mercado que dava alguma chance para nós estava fora do Brasil, o que é uma pena... Fizemos um grande trabalho por lá, de divulgação mesmo. A experiência ficará para toda nossa vida também!

BM: Tentariam de novo?
Gregório: Não mais do mesmo jeito... Envelhecemos, temos família, mulher, filhos... Hoje em dia temos a ambição de fazer nosso som chegar ao máximo de pessoas via internet, e começar a armar uma tour por essas terras estrangeiras e desconhecidas. Tudo mudou muito de nossa época pra cá, hoje a internet consegue nos “levar” a essa gente diferente do mundo afora!

BM: Qual foi a parte mais difícil de morar no exterior para tentar o sucesso da banda?
Gregório: Controlar nossos egos e diferenças num ambiente sem grana! Isso foi o mais foda mesmo...

BM: O que você recomendaria para um rapaz que fala: "Estou montando uma banda em inglês para poder viajar, morar no exterior e viver de música"?
Gregório: Um conselho do ator Johnny Depp serve muito para essa pergunta, esse conselho me norteou por muito tempo: “Faça todo o possível no seu país, antes de tentar alguma coisa no dos outros”!

BM: Como foi o processo de criação desse novo CD? O que diferencia ele dos outros materiais?
Gregório: Foi muito diferente! O Paralytic é nosso álbum mais bem produzido, sem dúvida. Junto com o produtor Gui Negrão, procuramos deixar todo o processo de gravação e mixagem “o mais orgânico” possível. Sem triggers de bateria, com passagens e takes inteiros de batera e vocais... Além da masterização no Sterling Sound, o melhor do mundo no seu segmento.

BM: O que espera do público em relação a esse novo trabalho?
Gregório: Espero que ouçam e guardem os sons, procurem as letras, o encarte... Que conheçam a obra completa, algo tão raro nos tempo de mp3. Um iPod com 300 milhões de músicas é o que mais se vê ultimamente!

BM: Qual foi a maior dificuldade pro Deceivers, que é uma banda brasiliense independente, que canta metal em inglês?
Gregório: Achar pessoas que estivessem comprometidas com a banda e dispostas a seguir anos com ela.

BM: Você toca algum instrumento?
Gregório: Tudo e todos (risos)

BM: Quais são os 5 CDs que estão tocando no seu rádio (ou mp3 ou mp4 ou mp5 ou mp1000 ou iPod ou iPobre)?
Gregório: Eminem – The Eminem Show; Poison The Well – The Rot Tropic; Alexis On Fire – Young Cardinals, que é uma obra prima!; Skindred – Shark Bites; e o último do High On Fire.

BM: Voltando 18 anos no tempo, que bandas tocavam no seu Walkman?
Gregório: Biohazard; Cannibal Corpse, que ouço até hoje; DFC; Asphyx; Machine Head; Stuck Mojo; Hed PE; Sick Of It All, Ratos de Porão; Downset…

BM: O microfone é seu agora, dê um recado, se quiser.
Gregório: Obrigado pela grande oportunidade da entrevista! E parabéns por manter a cena viva.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Kris Roe toca nova música do Ataris na rua

No último mês de julho, a produtora de vídeos musicais Ecce capturou um mini-show de Kristopher Roe, a "alma" da banda The Ataris, em um banquinho na calçada em frente ao Marquis Theatre, em Denver, onde o grupo se apresentava naquela noite. São três vídeos para duas músicas antigas, "Broken Promise Ring" e o hit "In This Diary", e uma nova chamada "The Graveyard of the Atlantic" que estará no álbum de mesmo nome, a ser lançado ano que vem, segundo o próprio Kris conta nos vídeos.

O vocalista, guitarrista e compositor mostra em versões acústicas que seu talento continua intacto após tantos anos longe da mídia, mas visualmente o impacto pode ser grande para os antigos fãs do Ataris. Kris ganhou um pouco de peso, perdeu muito cabelo e alguns dentes, mas ainda está longe da aparência decadente que atinge alguns músicos do underground, quando os anos de drogas e carpe diem cobram seu preço. E apesar do sucesso comercial ter-se ido há vários anos, alguns pedestres reconhecem o cara e param para assistir a apresentação, que apesar de improvisada, é bem produzida pela Ecce. Confira os três vídeos abaixo:

"In This Diary"

"The Graveyard of the Atlantic"

"Broken Promise Ring"

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Zander - Brasa (2010)

Apenas dois anos após se juntarem, os cariocas do Zander lançaram este mês seu primeiro trabalho longo, Brasa. A gravação pode parecer apresada, mas se justifica pela experiência do quinteto no cenário underground brasileiro. O vocalista e compositor Gabriel Zander, que dá nome à banda, é mais conhecido como Bil e fez parte de duas aclamadas bandas de hardcore, o Noção de Nada e o Deluxe Trio. Outros membros da banda fazem ou faziam parte de grupos como Heffer e Dead Fish. Também por isso, os caras nem se preocuparam em buscar um produtor ou uma gravadora e partiram imediatamente para dois EPs e esse álbum, lançado pela Manifesto Discos, de propriedade de alguns integrantes da banda, assim como o estúdio SuperFuzz, onde aconteceram as gravações.

O espírito independente também se reflete no som do Zander, que não se restringe ao hardcore, passeando pelo post-hardcore, emocore, hard rock e até indie rock. Curiosamente, Brasa é menos ousado musicalmente do que os dois EPs anteriores. Se em Em Construção, de 2008, a banda atirava para vários lados, aqui eles se mantém em território conhecido. Outro fator que chama atenção de cara são os vocais de Bil, um pouco mais limpos e menos roucos do que nos EPs ou em suas bandas anteriores. Isso, por si só, dá um feeling levemente pop às músicas, sem tirar delas a qualidade ou a energia. O único porém é que o álbum demora um pouco para esquentar. Se as primeiras faixas são legais, a coisa só começa mesmo a pegar fogo a partir da quarta música, "Todos os Dias".

Entre as 11 faixas que compõem o disco, destacam-se as energéticas "Motim" e "Humaitá", a balada "Meia Noite", e "Sunglasses", a primeira música em inglês do quinteto. As primeiras têm uma leve influência de hard rock, como "Pólvora", melhor faixa do EP de 2008. "Meia Noite" lembra algumas músicas do Deluxe Trio e explora bem a melodia mais pop e as guitarras pesadas e bem trabalhadas. Já "Sunglasses" é um bom emocore noventista que não faria feio em uma coletânea da famosa gravadora estadunidense Jade Tree.

Também é interessante notar como Bil consegue integrar com naturalidade as letras em português às melodias corridas do hardcore, algo em que muitas bandas nacionais não têm tanto sucesso. As palavras nunca soam como traduções de letras em inglês e a temática é claramente brasileira (e carioca) sem nunca parecer forçada. A banda não busca em nenhum lugar sua "brasilidade" ou tenta mesclar regionalismos ao seu som. O Zander é simplesmente uma banda de hardcore brasileiro. Será interessante conferir a evolução dos caras em seus próximos trabalhos e ver se Bil se mantém coerente ao que canta em "Todos os Dias": "Vale tudo que não seja nos repetir".

Homenagem virtual ao Bad Religion


Em uma interessante parceria com a revista estadunidense de música Spin, o MySpace Music está lançando virtualmente Germs of Perfection: A Tribute to Bad Religion, coletânea que consiste em bandas de vários estilos fazendo covers de músicas que os influenciaram ou simplesmente os marcaram em nível pessoal ao longo dos 30 anos de história da banda californiana. Todo dia útil uma nova faixa será lançada no site do projeto e no dia 19 de outubro o álbum estará disponível para download na página virtual.

Até agora, três faixas já foram divulgadas pelo MySpace. São versões da dupla gêmea canadense Tegan e Sara para o clássico "Suffer", do disco de mesmo nome de 1988; um cover da música "Better off Dead" do álbum Stranger Than Fiction (1994) pela banda de post-hardcore Polar Bear Club; e por último, o folkman Frank Turner canta "My Poor Friend Me", do álbum clássico Recipe For Hate, de 1993. Ouça as versões abaixo, acompanhe os novos lançamentos e espere por uma eventual resenha do tributo por aqui.

Tegan e Sara tocam "Suffer"

Encontre mais artistas como Tegan and Sara em MySpace Music


Polar Bear Club toca "Better off Dead"

Encontre mais artistas como Polar Bear Club em MySpace Music


Frank Turner toca "My Poor Friend Me"

Encontre mais artistas como Frank Turner em MySpace Music

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Bad Religion - The Dissent Of Men (2010)

15º álbum do Bad Religion, The Dissent of Men começa seguindo a tradição criada pela própria banda californiana desde a volta do guitarrista Brett Gurewitz, em The Process of Belief, de 2002. São três faixas pesadas e rápidas, prontas para agradar os fãs mais saudosistas da banda. Mas não se deixe enganar. O novo álbum do sexteto é possivelmente o mais variado de toda a ótima discografia dos caras. Com o jogo ganho nas primeiras faixas, Mr Brett e o vocalista Greg Graffin ficam livres para experimentar nas composições e criam um disco que se equilibra bem entre o hardcore (muito) melódico que os tornou tão respeitados no underground, o pop punk que os levou a certo sucesso comercial e a uma grande gravadora, e alguns rocks cadenciados, que marcam a inovação anunciada pela banda antes do lançamento.

Segundo Brett Gurewitz, várias canções de The Dissent of Men o tiraram da zona de conforto a que banda havia se confinado nos três últimos lançamentos, levando-o de volta à variedade dos clássicos Recipe For Hate e Stranger Than Fiction, da primeira metade da década passada. Para além deles, algumas faixas chegam a lembrar os fracos No Substance e New America, mas a banda se sai muito melhor do que se saiu 10 anos atrás ao explorar instrumentais distantes do punk/hardcore e ao dar mais atenção à melodia do que à velocidade ou o peso das guitarras. "Pride and The Pallor", "Turn Your Back On Me" e "Where The Fun Is" (cujo riff repetitivo lembra "Hippy Killers") caberiam bem nos álbuns citados, mas não soam preguiçosas como soavam as músicas daqueles lançamentos, e poderiam ter elevado os discos de 1998 e 2000 a outro nível de qualidade.

Entre as faixas mais pops, chamam atenção a ótima "Ad Hominem", com seu instrumental quebrado e um refrão surpreendentemente grudento, e "I Won't Say Anything", uma balada que fecha o disco e pode chocar alguns fãs. Extremamente radiofônica, a faixa é boa, mas só tem o vocal de Graffin em comum com o restante das músicas do Bad Religion. Também surpreendentes são "Someone To Believe" e "Cyanide". A primeira conta com um riff de hard rock bem integrado à pegada hardcore típica da banda, e a segunda tem fortes influencias de rock clássico e até country. Cadenciada, a faixa tem guitarras com um timbre setentista e até um slide no solo. A descrição faz parecer impossível, mas ambas são canções muito boas. Por outro lado, os fãs mais tradicionalistas também não têm do que reclamar. Além das faixas que abrem The Dissent Of Men, "Wrong Way Kids", "Meeting Of The Minds" e "Avalon" lembram porque o Bad Religion ainda é, após 30 anos, o maior representante do hardcore californiano.

Digging For Jimmy Fallon

Após 9 anos de silêncio, os indie rockers estadunidenses do Superchunk lançaram este mês Majesty Shredding, cuja resenha deve aparecer em breve nesse blog. Para divulgar o lançamento, o quarteto fez sua volta também à televisão, executando ao vivo a ótima faixa de abertura do disco, "Digging for Something" no talk show Late Night com Jimmy Fallon. Acompanhados de John Darnielle, da banda The Mountain Goats, o veterano quarteto parece uma banda iniciante tamanha é a empolgação transmitida principalmente pelo vocalista Mac McCaughan. Assista e baixe (ou compre) o álbum:

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Porão do Rock 2010

O que você está prestes a ler não é uma resenha propriamente dita da edição 2010 do festival Porão do Rock. Trata-se mais de um relato informal opinativo deste blogueiro, sem a intenção de precisar números, setlists ou de falar sobre todas as apresentações da noite de 11 de setembro.

Principal evento roqueiro da capital federal, o Porão do Rock chega a sua 12ª edição cheio de dúvidas em relação ao seu futuro e envolto em críticas, como sempre foi. Desde sua concepção, o festival tem conhecidos defeitos, sempre apontados de acordo com as expectativas e gostos de cada grupo de amantes do rock. Não seria diferente desta vez. Apesar disso, o Porão segue atraindo uma multidão de fãs do estilo e seus subgêneros ano após ano. Assim como havia acontecido em 2002, a edição 2010 do Porão do Rock foi realizada em apenas um dia. Assim como há oito anos atrás, foi exaustivo tentar acompanhar o festival de sua abertura até o encerramento, com suas 33 atrações. A decisão supostamente foi tomada pela falta de patrocínio que inviabilizaria o acontecimento do evento em dois dias. A solução foi então a colocação de três palcos com shows simultâneos dentro e fora do ginásio esportivo Nilson Nelson.

Dentro do ginásio foi montado o palco GTR, dedicado ao heavy metal e todos seus subgêneros. Nesse palco, assisti apenas a uma parte da apresentação das meninas do Estamira, banda vencedora de uma das seletivas realizadas previamente ao evento. O quinteto parecia muito seguro e confortável no palco e, aparentemente, já está construindo uma boa base de fãs no DF. Ainda se apresentaram lá grandes atrações nacionais, como André Matos, Korzus e Musica Diablo. Do lado de fora, estavam o Palco Pílulas, dedicado ao punk rock, rockabilly e outros estilos de rock pesado, e o Palco Chilli Beans, com atrações mais variadas de indie rock, pop rock e até hip-hop. Esse último localizava-se ao lado da entrada e parece ter se beneficiado um pouco disso. A apresentação dos mineiros do Pato Fu estava bem cheia e os estadunidenses do She Wants Revenge tiveram boa aceitação do público que já começava a minguar quase às 3h da manhã.

A programação ainda não estava nem perto de terminar, mas o excesso de atrações e o clássico (e desrespeitoso) atraso na abertura dos portões já começava a vencer o público. A arena já se estava mais vazia do que algumas horas antes e muitas pessoas eram vistas pelo chão, namorando, dormindo ou vomitando. A última atração da noite (os paulistanos do Musica Diablo) deveria entrar no Palco GTR às 3h10, mas quando esse blogueiro deixou o festival, por volta das 4h30, os cariocas do Gangrena Gasosa, penúltima atração dentro do ginásio, ainda se apresentavam. No Palco Chilli Beans, a situação era ainda pior e a penúltima banda, os candangos do Enema Noise, ainda se preparava para subir ao palco. Para piorar a situação, o Palco Pílulas correu atrás da 1h30 de atraso inicial e ao final da noite havia alcançado o horário previamente divulgado, o que fez com que as duas maiores bandas internacionais do festival, que deveriam se apresentar com quase duas horas de diferença, caíssem exatamente no mesmo horário. Desorganização total.

Por volta das 2h, o duo pós-punk She Wants Revenge subiu ao palco, empurrando a apresentação dos capixabas do Zémaria para mais tarde. Abrindo e fechando a apresentação, a banda, que ao vivo é um quarteto, tocou os maiores hits de seu primeiro álbum. No início, mandaram "Red Flags And Long Nights" e "These Things". Na saída, "Out Of Control" e "Tear You Apart", cantada com empolgação pela razoável parcela do público que conhecia a banda. Mostraram ainda duas boas músicas novas que devem estar em seu novo trabalho e um ótimo cover desacelerado de "Wave Of Mutilation", dos Pixies, que se encaixou muito bem no repertório dos californianos. Enquanto os góticos se divertiam, a organização resolveu segurar a entrada dos texanos do Supersuckers no Palco Pílulas até quase o final da apresentação do She Wants Revenge. O resultado foi triste para a veterana banda de rock n roll.

Os Supersuckers podem até ser "a melhor banda de rock n roll do mundo", mas não são assim tão famosos a ponto de segurar o encerramento de um dos palcos do festival. Para piorar, foram escalados no palco mais vazio da edição, montado nos fundos da arena, atrás do ginásio. O resultado foi a apresentação certa na hora e local errados. Experientes e seguros, os caras não se deixaram abater e tocaram todo o seu bom repertório de rock sulista no melhor estilo Ramones, quase emendando uma música na outra. Boas canções como "Sleepy Vampire", "Pretty Fucked Up" e o clássico cover de Thin Lizzy "Cowboy Song" fizeram a festa das poucas pessoas que conheciam a banda, mas o clima estava meio deprê, com pouquíssimas pessoas assistindo a banda e um som tão baixo (apesar de redondo) que era possível conversar com alguém ao lado sem gritar ou falar ao ouvido. Uma pena que as circunstâncias tenham diminuído um belo show.

Horas antes, o mesmo palco tinha visto três boas apresentações seguidas. Os paranaenses do Sick Sick Sinners empolagaram o público com seu psychobilly nervoso e até agradaram os metaleiros com um bom cover de Motorhead, apesar de uma pequena briga ter interrompido brevemente a apresentação. Às vezes não dá certo juntar psychos, straight edges e metaleiros em mesmo palco quando boa parte deles estão bêbados. Em seguida, foi a vez dos porteños do Los Primitivos botarem a galera para dançar ao som de rockabilly. Todos os três músicos eram muito bons e tinham toda a pose e auto-confiança necessárias para tocar bateria em pé, espancar um contrabaixo enorme sem ficar parado e solar na guitarra enquanto cantavam em espanhol e inglês para um público que nunca tinha ouvido falar deles. Uma bela surpresa com direito a cover de Johnny Cash.

Depois dos hermanos foi a vez dos Autoramas mostrarem um setlist que misturou uma primeira parte acústica, como a última apresentação do trio em Brasília, e uma segunda parte elétrica, com os sucessos que fazem a festa dos fãs todas as muitas vezes que a banda vem se apresentar na cidade. Como também já é habitual, o show contou com uma rápida participação de Érica Martins, ex-vocalista do Penélope e esposa de Gabriel Tomáz, em "Música de Amor". Os espanhóis do Right Ons, por outro lado, não acrescentaram muito com seu rock clássico com influência de soul cantado em inglês.

O balanço final da 12ª edição do Porão do Rock pode ser considerado positivo, principalmente se for levado em conta que o evento foi organizado bem em cima da hora e não se tem muita certeza do futuro do festival. Por outro lado, é uma pena que a ONG Porão do Rock não tenha até hoje encontrado um formato ideal para o festival ou a segurança financeira necessária para um planejamento e divulgação de longo prazo. Seria interessante saber se ano que vem o Porão vai acontecer em junho ou em setembro, se vai ser gratuito ou não, se vai ser fechado como esse ano ou aberto na Esplanada dos Ministérios, ou mesmo se ele realmente vai acontecer. Também seria bom se esquecessem a infeliz idéia de incluir uma banda cover entre tantos bons trabalhos autorais. Na opinião desse blogueiro, o festival estava melhor resolvido em suas edições de 2007 e 2008. Tomara que o Porão volte àquela forma.

domingo, 12 de setembro de 2010

Weezer e Johnny Knoxville

Para completar a resenha abaixo, assista ao novo videoclipe do Weezer, para o primeiro single de Hurley, "Memories". O divertido vídeo traz o quarteto festejando no melhor estilo Jackass, o antigo programa da MTV que traz muitas memórias. Reparem no tratamento de envelhecimento dado à imagem, para que ela fique com aquele ar de fitas de vídeo caseiras que sua mãe guarda com carinho.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Weezer - Hurley (2010)

Na metade dos anos 90, o Weezer conseguiu a façanha de agradar indie rockers, a crítica musical e ainda fazer certo sucesso comercial, transformando músicas fáceis (Buddy Holly) e dificeis (Say It Ain't So) em hits das rádios estadunidenses. Após entrar em hiato em decorrência do fracasso comercial de seu segundo álbum, o hoje cult Pinkerton, o quarteto voltou em 2001 com um comportamento e discos menos indie e mais radiofônicos. São assim os bons Green Album, Maladroid e o introspectivo, mas musicalmente fácil, Make Believe. A partir do terceiro trabalho auto-intitulado, de 2008, o vocalista, compositor e nerd Rivers Cuomo decidiu abraçar de vez seu Pinkerton interior (o personagem mulherengo e rockstar que dá nome ao disco de 1996) e começou a posar de baladeiro e amigo de rappers. Se esteticamente o Weezer de 2010 é uma caricatura sem graça do que a banda já foi um dia, Cuomo não perdeu seu talento para escrever ótimas canções pop e disfarçá-las de indie rock, new wave e hard rock.

Hurley mistura um pouco de tudo isso que a banda já fez e aposta em uma novidade: as músicas para as pistas de dança. Por isso mesmo, o álbum é marcado por teclados e sintetizadores, assim como Maladroid era marcado pelas guitarras. As duas primeiras músicas divulgadas, as boas "Memories" e "Ruling Me" são cheias de barulhinhos e efeitos de teclado, assim como a ótima "Where's My Sex?". Mas a faixa que realmente pode assustar os fãs mais conservadores e animar os clubes noturnos de Los Angeles é "Smart Girls", que conta com um batidão inimaginável em um disco do quarteto há uma década atrás. Na mesma veia está "Represent", presente na versão deluxe do lançamento.

Mas o disco de Jorge Garcia também conta com várias baladas. "Unspoken" começa acústica e excessivamente pop e fofinha, mas perto do final explode em um rock vigoroso cheio de distorção. "Times Fly" também é interessante por sua produção. A soma de uma batidona repetitiva com os violões roots e uma gravação propositalmente tosca valoriza o que poderia se só mais uma faixa típica da banda, e funciona bem como fechamento da versão simples do álbum. Já "Run Away" aposta em um clima anos 60, cheio de backing vocals e guitarras de rock clássico. No final, as dez faixas do lançamento fazem de Hurley um álbum bem mais variado que o bom Raditude, do ano passado, mas não esquizofrênico e sem pé nem cabeça, como o Red Album de 2008. Às vezes pode ser difícil engolir um cara de 40 anos, graduado pela universidade de Harvard, cantando letras adolescentes sobre sexo, amor e baladas com rappers, mas com um pouco de boa vontade, o Weezer modo diversão despretensiosa pode ser quase tão legal quanto o quarteto introspectivo do Blue Album e de Pinkerton.

domingo, 5 de setembro de 2010

Carbona – Dr. Fujita Contra A Abominável Mulher-Tornado (2010)

O Carbona está de volta. Quatro anos após seu lançamento anterior, o apenas bom Apuros em Cingapura, o trio se metamorfoseou em um quarteto com a adição do guitarrista Bjorn Hovland e lança na próxima terça-feira Dr. Fujita Contra A Abominável Mulher-Tornado. Como o vocalista Henrique Badke explicou, Dr. Fujita foi um pesquisador de tornados e inventor da Escala F, que mede a intensidade destes destrutivos fenômenos naturais. Mas será que a famosa escala do cientista nipo-americano é capaz de medir a devastação causada nos corações daqueles que cruzaram com a abominável mulher-tornado?

Como a divertida idéia do título deixa claro, quem também está de volta é o velho e divertido bubblegum punk que tornou o Carbona famoso no meio independente brasileiro. Longe das baladas chapadas de luau e a produção excessiva do último lançamento, o minimalismo é a marca maior desse novo álbum. Trata-se de apenas 11 canções de 3 acordes que juntas somam módicos 24 minutos de rock. Diz a lenda que Dr. Fujita... foi escrito em apenas 10 dias. Mas se o que importa é a qualidade do som, o quarteto acertou em cheio.

Duas das músicas presentes no lançamento já eram conhecidas dos fãs que ouviram a coletânea Quasplit, lançada ano passado. Mas a faixa de trabalho "Valentina" e "Massacre Da Serra Elétrica" foram retrabalhadas e ficaram ainda melhores. Já "Sempre Que Eu Fico Feliz Eu Bebo" é um cover da clássica canção dos candangos do Gramofocas, que o Carbona já toca em seus shows há algum tempo. Não há grandes novidades entre as duas versões, mas a música se encaixa com perfeição no repertório carbônico.

Falando em apresentações ao vivo, a faixa instrumental que abre Dr. Fujita..., "Sopa De Água-Viva", deve também abrir os shows da próxima turnê dos cariocas, tal qual "Durango 95" uma vez abriu os shows dos Ramones. Aliás, encontrar as referências das letras de Badke é uma diversão à parte. Em "Esse Danado Desse Traste De Amor", o vocalista canta "o amor mata mas a gente é teimoso e ressuscita", em clara referencia à "Love Kills" dos Ramones, canção regravada pelo Carbona tempos atrás. Já Valentina está orbitando o planeta enquanto são 3:53 em uma fria Moscou, assim como no quarto do solitário Henrique, na faixa mais minimalista de toda a carreira do quarteto, "3:53".

Entre referências textuais e sonoras à Ramones, The Queers, Screeching Weasel, Groovie Ghoulies e à própria banda, o álbum passa em um piscar de olhos e te deixa com um gostinho de quero mais. Se dermos sorte, a banda também voltará ao antigo hábito de lançar um disco novo todo ano. Rezem para Joey.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Retrospectiva do Dandy Warhols para audição


Os indie rockers estadunidenses do Dandy Warhols lançaram na última terça-feira uma coletânea que, apesar de não levar o nome, pode ser considerada um best of do quarteto de Portland. The Capitol Years 1995–2007, como o nome explica, reúne as melhores músicas dos cinco álbuns lançados pela banda através da gravadora Capitol. Ficam de fora apenas as faixas do sexto e último álbum de inéditas dos caras, …Earth to The Dandy Warhols…, de 2008. Além de sucessos dançantes como "Every Day Should Be A Holiday", "Bohemian Like You" e outras 12 canções, o lançamento conta com a tradicional faixa inédita destinada a fazer os fãs que já tem todos os discos comprarem a coletânea. Nesse caso trata-se de "This Is The Tide", que você pode escutar no player abaixo. Se você quiser conferir em streaming The Capitol Years por inteiro, acesse o site da Spinner, antes que o disco saia do ar.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Escute o novo álbum do Street Dogs

Formada em 2002, a banda americana Street Dogs é o atual projeto musical de Mike McColgan, mais conhecido por ter sido o vocalista original dos famosos Dropkick Murphys até 1998 (é dele o vocal de "Baroom Hero", um dos maiores hits dos Murphys). Como seria de se esperar, o quinteto toca o irish punk rock tradicional da cidade de Boston, casa de muitos imigrantes irlandeses (e brasileiros) nos EUA.

Para divulgar seu próximo álbum, auto-ititulado, a banda decidiu liberar todas as 18 músicas do lançamento para audição gratuita na web. Street Dogs chegará às lojas fisicas e virtuais no proximo dia 31 de agosto, via Hellcat Records (gravadora de Tim Armstrong, vocalista do Rancid, que também já lançou vários trabalhos do Dropkick Murphys). Escute o álbum aqui.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Hurley


Não, não vamos voltar ao assunto 'Lost' aqui no blog. Essa aí em cima é a bizarra capa do novo álbum do Weezer, propriamente nomeado Hurley. Sim, a capa do próximo lançamento do quarteto estatunidense vai consistir apenas no rosto do ator Jorge Garcia, que interpretava o simpático personagem Hurley no finado seriado. Não há nome da banda, do álbum, ou qualquer interferência gráfica. Apenas o rosto do novo Jacob. Também não se trata de uma piada.

Segundo o vocalista Rivers Cuomo relatou a revista gringa Spinner, ele simplesmente adora a foto do ator, por sua energia. "Como não queríamos fazer um quarto álbum com o nome da banda e como as pessoas iam mesmo chamar de 'disco do Hurley', então decidimos chamar o álbum de Hurley logo. Não tem nada escrito na capa porque queríamos preservar esse rosto magnífico", declarou Cuomo. A imagem da capa é um recorte de uma foto do vocalista com Jorge Gracia em um hotel ou algo parecido.

Mas Rivers deixou claro que não há no álbum nenhuma música que faça referencia a série, que ele nem sequer assistia regularmente. Segundo declarações anteriores, o disco deve ter uma pegada heavy metal, dentro do estilo pop/rock alternativo consagrado do Weezer. Também não é o que aponta o primeiro single de Hurley, um pop rock com batida dançante e teclados em profusão. "Memories" vazou na web logo após a sua estréia oficial (em versão remixada) na rádio 98.7, de Los Angeles, cidade natal do quarteto, que decidiu então liberar logo a versão que estará no disco, que sai nos EUA no dia 14 de setembro, via Epitaph Records.

A troca de uma gravadora major pela gigante independente de Mr, Brett pode ser uma indicação de que o Weezer queria mais liberdade para fazer as bizarrices que dessem na telha, como a engraçada e absurda capa de Hurley deixa claro. Se as músicas forem tão boas quanto as do último lançamento dos caras, Raditude (cuja capa é uma foto de um cachorro voando), o álbum pode se tornar um clássico do universo nerd. Escute a novíssima "Memories" aí em baixo.


segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A invasão das ex-bandas em atividade


Na última quarta-feira, Marco Aurélio Canônico postou no blog da Ilustrada (o caderno de cultura da Folha de S. Paulo) uma previsão do setlist que o Smashing Pumpkins deve apresentar no Brasil em novembro, dentro do festival Planeta Terra. O repórter não chuta nada, apenas comenta sobre um show da atual turnê da banda que presenciou na mesma semana em Nova Iorque, e relata que a apresentação é focada no ultimo projeto dos estadunidenses, Teargarde by Kaleidyscope, cujas canções vêm sendo lançadas on-line gradativamente, como vem fazendo os britânicos do Ash em seu A-Z Series. Mais interessante, no entanto, é a comparação que Canônico faz entre os vários shows da banda que já viu. A melhor parte é essa abaixo:

É curioso notar como a postura de Billy Corgan no palco mudou, certamente um reflexo de tudo que aconteceu na sua conturbada vida e carreira até aqui. Se no show de 1996 ele encarnava totalmente o espírito "despite all my rage I'm still just a rat in a cage" (a cabeça raspada como uma mensagem, assim como o zero que ele vestia, uma mistura de raiva e depressão) e personificava cada letra de suas músicas, atualmente ele parece um "tio" careca que acompanha uma banda de jovens admiradores, meio abobalhado, sem foco, talvez tentando fazer a linha "disarm you with a smile" - fala algumas gracinhas sem graça, algumas coisas desconexas, alguns "God bless", pede desculpas aos fãs "old school", diz que é um "marionete" que faz o que platéia mandar... enfim, um personagem bem menos interessante e carismático.

Pode parecer repetitivo para os poucos que acompanham o blog regularmente, mas não me canso de comentar sobre as ex-bandas em atividade. Infelizmente, o Smashing Pumpkins de 2010 parece se encaixar perfeitamente na categoria. Sabidamente, o quarteto de Chicago acabou em 2000, depois de ter lançado seu 5º álbum, o pesado Machina/The Machines of God, já sem a baixista D'arcy Wretzky. Após o fracasso de seu novo projeto, o supergrupo Zwan, que lançou apenas um disco, o vocalista e compositor Billy Corgan decidiu reativar os Pumpkins, sem o guitarrista James Iha ou Melissa Auf Der Maur, ex-baixista do Hole que havia substituído D'arcy. Hoje, nem mesmo o baterista Jimmy Chamberlin está mais na formação da banda, que se tornou um projeto solo de Corgan, tal qual o Guns N Roses do egocêntrico Axl Rose e o Hole da eterna viúva de Kurt Cobain, Curtney Love.

Em 2010, todos são ex-astros que se recusaram a virar uma página de suas vidas e seguir com novos projetos musicais, em grupo ou sozinhos, e se aproveitam de uma marca da qual são donos para chamar um pouco a atenção da mídia e dos fãs das bandas das quais faziam parte há 15 ou 20 anos. O resultado só podem ser discos novos esquecíveis e apresentações ao vivo nostálgicas, que tentam emular a magia de um passado cada vez mais distante. Podem até ser shows bons, apesar do novo material, se sua intenção for apenas celebrar grandes músicas do passado, mas na verdade, se parecem mais com bandas cover de si mesmas (com músicos contratados, que em geral tem a metade da idade do frontman em questão) do que com os grupos relevantes que já foram um dia.

Mais engraçado (ou triste) ainda é o caso do Sublime, ou Sublime with Rome, como tem que ser chamada agora, por força judicial, a banda californiana que mistura punk rock, ska, reggae e rap, e que apresentara no festival SWU em outubro. Se nos casos citados anteriormente, os vocalistas, compositores e donos das bandas resolveram usar o nome famoso de seus ex-grupos para chamar atenção e continuar ganhando dinheiro com shows pelo mundo afora, aqui os integrantes de uma banda conhecida também resolveram voltar a fazer um dinheirinho com as músicas lançadas há 15 anos atrás, mas sem o vocalista, compositor e guitarrista. Bradley Nowell morreu em 1996, meses antes do lançamento do 3º álbum (e maior sucesso comercial) do Sublime, vitima de uma overdose.

Pouco importa se o garoto Rome Ramirez é um vocalista ou compositor talentoso. Ver o Sublime sem Brad Nowell seria como ver, em pleno 2010, um show do Nirvana sem Kurt Cobain, morto há 16 anos. Na verdade, é ainda pior, já que o baterista Bud Gaugh está muito, mas muito longe de ser um Dave Grohl. Para piorar, a manobra caça-níqueis foi questionada na justiça pelos herdeiros do ex-vocalista do Sublime, e o projeto foi proibido de usar o nome da antiga banda em suas apresentações, daí o nome Sublime with Rome. O negócio todo se torna ainda mais absurdo se o leitor se lembrar que após o fim da banda de Los Angeles, Bud Gaugh e o baixista Eric Wilson formaram junto com vários outros maconheiros californianos o bom Long Beach Dub All-Stars, que lançou dois álbuns muito respeitáveis. Mas sem o nome famoso, o sucesso comercial não veio, o dinheiro foi acabando e a exploração da nostalgia dos fãs se tornou a opção mais lucrativa. Pelo menos bandas como Pixies e Pavement têm a coragem de deixar claro que não pretendem lançar material novo e querem apenas tocar seus sucessos por aí. E com a formação original, que realmente criou o material que executará ao vivo, o que também faz uma grande diferença.

The Devil in Stitches, o novo single do Bad Religion


Nessa semana que passou, os estadunidenses do Bad Religion divulgaram o primeiro single do seu novo álbum, The Dissent Of Man. A música se chama "The Devil in Stitches", e se junta às outras duas novas canções já conhecidas dos fãs, "The Resist Stance" e "Won't Somebody", que vêm sendo executadas em shows há algum tempo e estão presentes no disco ao vivo comemorativo do aniversário de 30 anos do sexteto. Se "The Resist Stance" é mais rápida e pesada, as outras duas são tipicas faixas melódicas de velocidade média que a banda faz tão bem.

Soando quase como uma faixa composta em 2000 para The New America, "The Devil in Stitches" não impressiona, mas é uma boa música, com um refrão que deve grudar rapidamente na cabeça dos fãs e um solo de guitarra no melhor estilo Bad Religion. Com a escolha da faixa (que pode ser ouvida no vídeo abaixo), a banda mostra coerência com a estratégia de divulgação que vem sendo empregada desde que retornaram à Epitaph Records, mega gravadora independente do guitarrista e fundador do Bad Religion, Mr Brett Gurewitz, em 2002. Na ocasião, a faixa escolhida para divulgar The Process Of Belief foi o bom pop rock "Sorrow". Nos dois álbuns que se seguiram, as escolhidas para cumprir a função foram as ótimas "Los Angeles is Burning" e "Honest Goodbye", ambas também longe da velocidade dos primeiros hits do sexteto.

Junto com a nova música, a banda divulgou a capa (aquela ali em cima), o tracklist e a data oficial de lançamento do seu 15º trabalho de estúdio. The Dissent Of Man chegará às lojas gringas no dia 28 de setembro e contará com 15 faixas, entre elas as três já conhecidas. Confira a lista:

01. “The Day That the Earth Stalled”
02. “Only Rain”
03. “The Resist Stance”
04. “Won’t Somebody”
05. “The Devil in Stitches”
06. “Pride and the Pallor”
07. “Wrong Way Kids”
08. “Meeting of the Minds”
09. “Someone to Believe”
10. “Avalon”
11. “Cyanide”
12. “Turn Your Back On Me”
13. “Ad Hominem”
14. “Where The Fun Is”
15. “I Won’t Say Anything”

<a href="http://badreligion.bandcamp.com/track/the-devil-in-stitches">The Devil In Stitches by Bad Religion</a>

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Sugar Kane – A Máquina que Sonha Colorido (2009)

Criado em 1997, o Sugar Kane é um grupo rodado, que já viveu momentos de sucesso underground e períodos de entressafra típicos da realidade do rock independente brasileiro. Ao longo dos anos, a banda trocou o inglês pelo português, saiu do hardcore, passeou pelo pop punk quase radiofônico e pelo rock alternativo, até voltar para o hardcore melódico. Esse ano, o quarteto de Curitiba lançou um EP digital em inglês e, ano passado, um novo álbum em português, chamado A Máquina que Sonha Colorido.

Toda essa estrada serviu para que o Sugar Kane se tornasse uma das bandas independentes mais profissionais do país, e para que seus integrantes melhorassem como instrumentistas e compositores. Com uma gravação primorosa, A Máquina que Sonha Colorido não fica devendo em nada aos melhores lançamentos gringos do mesmo estilo musical. A única canção fraca do álbum é "Rockstar", um popzinho temperado com ska de segunda que não vai a lugar algum. Musicalmente, portanto, o resultado é bem positivo, com um instrumental empolgante, melodias bem resolvidas e produção e gravação primorosas.

Uma coisa, no entanto, incomoda ainda mais hoje do que já incomodava anteriormente: as letras das músicas. Sempre é possível ignorar letras ruins cantadas em inglês ou em qualquer outro idioma que não seja o seu, mas quando Capilé martela em sua cabeça frases constrangedoras sobre a "revolução", sobra apenas a vergonha alheia que impede o desfrute do som da banda.

A maior parte delas é um amontoado de clichês revoltados que vão do batido o-consumismo-da-sociedade-capitalista-te-mantém-escravizado-e-infeliz até o conhecido eles-tentam-nos-destruir-mas-nós-somos-mais-fortes, passando pelo clássico ela-se-esqueceu-da-revolução-e-vendeu-seus-ideiais. Quando a banda tenta fugir da temática, o resultado á ainda pior, como na já citada "Rockstar" e em "Repito", que conta com uma das descrições de sexo mais escrotas já transformadas em música. A letra não é engraçada e passa longe de ser sensual ou reflexiva, é apenas escrota. O constrangimento é tão grande que estraga o que poderia ser um dos melhores álbuns de hardcore melódico brasileiro.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Carbona no século XXI


Depois de quase 4 anos sem lançar um disco, os cariocas do Carbona estão de volta com Dr. Fujita Contra a Abominável Mulher-Tornado, que será lançado no próximo dia 7 de setembro. Além do disco marcar a estréia do quarto integrante da banda, o guitarrista Bjorn Hovland, dessa vez, o bubblegum punk do Carbona virá empacotado em novo formato, o disco virtual. Claro que todos os fãs da banda já devem ter os álbuns em mp3, mas essa será a primeira vez que os caras vão lançar arquivos digitais oficiais e vendê-los em lojas virtuais. O vocalista, compositor e guitarrista Henrique Badke explicou em seu blog como a coisa toda vai acontecer e, mais interessante, porque a banda decidiu dar esse passo. Confira os melhors trechos abaixo:

Dr. Fujita Contra a Abominável Mulher-Tornado foi licenciado para distribuição digital. Isto significa que estará disponível em dezenas de lojas de download na web e nos celulares das 4 operadoras. O Carbona, que em 1997 começou gravando uma demo K7, passou pelo CD e pelo MP3, agora se prepara para digitalizar-se. Ao longo destes anos sentimos na pele essas mudanças de hábitos de consumo e dificuldades enfrentadas por bandas e selos, principalmente os de rock n roll em suas vertentes alternativas.

Num belo dia, num show em Campinas, se aproximaram uns 4 moleques. Cada um tirou 2 reais do bolso e pediram um CD. Eu fiquei olhando e meio sem jeito perguntei: “Quem vai ficar com o CD?”. Eles todos meio que responderam “tanto faz, eu só quero as músicas em mp3”. Dali pra frente, começamos a vender cada vez mais camisetas e menos CDs. Diante disso e do enfraquecimento da estrutura indie que dependia muito da venda de CDs, a gente quebrou a cabeça, pela primeira vez sem selo, para continuar entregando música para um maior número possível de pessoas de jeito que elas realmente querem.

Portanto teremos o disco na internet, no celular, e obviamente em CD, para quem quiser comprar. A idéia por trás da distribuição digital não é lutar contra os downloads ilegais, não é pedir para que não baixem o CD da web, nem coisa do gênero, queremos tão somente possibilitar àqueles que queiram pagar pelas músicas (ou por coisas relacionadas à banda) que tenham chance de fazer isso.

Dr. Fujita Contra a Abominável Mulher-Tornado trará 11 músicas somando apenas 23 minutos. Entre elas estarão “Sempre que eu fico feliz eu bebo”, cover dos brasilienses do Gramofocas, além de “Valentina” e “O massacre da Serra-Elétrica”, previamente lançadas com uma gravações mais toscas no álbum independente Quasplit, no ano passado. A nova versão de "Valentina" e a inédita “Semivivo” podem ser ouvidas no blog do Henrique, que também convida os fãs a ajudarem na divulgação do lançamento.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Entrevista com a banda brasiliense Hellena



Criado em 2005, o Hellena tem ficado conhecido pelo profissionalismo em uma cena, em grande parte, ainda amadora. Com um show marcado para esse mês e outro para o mês de agosto (abrindo para os paulistanos do Glória), o quinteto pretende continuar conquistando fãs de música pesada com sua mistura de metal e post-hardcore.

As principais influencias de Gui (vocal), Rique (vocal e guitarra), Vitoka (guitarra), Tomás (baixo), e Thiago (bateria) são bandas recentes como Killswitch Engage, As I lay Dying e August Burns Red, mas semelhanças com grupos clássicos como Slayer e Metallica também podem ser escutadas no som do Hellena.

Confira abaixo a entrevista exclusiva para o Rock N Cigarettes feita por e-mail pelo sempre bem humorado Boss Matsumoto e ouça a banda aqui.


Esta banda muito louca em que vocês tocam surgiu para ser um projeto paralelo ou sempre esteve em primeiro lugar?

Gui e Vitoka: Na nossa visão sempre esteve em primeiro lugar.

Tomás, Rique e Thiago: Começou como projeto paralelo.

Como foi o processo de mudança de integrantes desde o começo da banda? Vocês acham que isso influenciou muito nas músicas?

GV: A mudança de integrantes foi necessária para conseguirmos uma melhor conveniência na banda.

TRT: E as mudanças ajudaram a determinar o nosso estilo atual.

Hoje é mais complicado conciliar estudos, família, namoradas e trabalho do que quando a banda foi formada?

GV: Hoje nós aprendemos a trabalhar juntos, trabalhar os horários e priorizar a banda. E com a entrada dos novos integrantes isso foi bem mais fácil.

TRT: Mas ainda assim acontecem imprevistos e, de vez em quando, acontece um desencontro.

Gui, qual é a melhor forma de aquecer a voz antes dos shows (Tu grita demais, rapá!)?

Gui: Primeiramente, obrigado pelo elogio. Há uns anos atrás conheci umas técnicas que alguns vocalistas que tenho como inspiração utilizam. Tenho seguido elas e isso tem me feito muito bem.

Thiago, quais são suas maiores inspirações?

Thiago: Matt Greiner, Aaron Gillespie, Quentim Tarantino, Mike Ambrose, George A. Romero, Jake Massuco, Tim Burton, Gandhi, Carter Beauford e Rajon Rondo.

Victor, e os assédios das fãs? Como controlá-las?

Vitoka: O assédio das fãs não é muito freqüente, mas quando acontece, todas(os) são tratados com respeito e consideração.

Tomás, como foi interagir musicalmente com esses roqueiros quando você chegou à banda?

Tomás: Conhecer um dos guitarristas, o Vitoka, ajudou na interação inicial e tudo fluiu muito bem. Temos as mesmas influencias e todos na banda respeitam as criações e opiniões dos outros. Me senti a vontade bem rápido na banda.

Rique, sei que você tem 2 bandas. Existe alguma outra? Se tivesse espaço para mais uma, como ela seria?

Rique: Somente 2 bandas, e já ta bom. Se tivesse espaço, seria alguma coisa que não se parecesse com nada que eu faço. Algo acústico ou bem pop.

Uma amiga viu o show de vocês pela primeira vez este ano. Ela ficou impressionada com o som da banda e com vocês, tanto pela desenvoltura como pelo visual que ela achou “irado”. Como vocês acham que é a impressão das pessoas que vêem vocês pela primeira vez?

GV: Inicialmente, as pessoas que nos encontram não acreditam que a gente toca um som pesado, mas nós nos preocupamos bastante com o nosso som, além do visual e presença de palco.

TRT: Mas o foco é sempre fazermos o que gostamos, entretendo o nosso público.

E o futuro da banda em Brasília?

GV: Nós tivemos um crescimento considerável no último ano, mas ainda queremos fazer mais e ajudar bastante a "cena" de Brasília.

TRT: Olhando para o futuro em Brasília, encontramos um mercado limitado e pensamos em algo mais amplo para a banda...

Algum recado final?

Agradecemos a oportunidade e parabenizamos vocês pela iniciativa.

A nossa agenda esta disponível no Fotolog e, em breve, nosso novo single poderá ser ouvido no MySpace.

PS: O Vitoka é muito mais que um rostinho bonito. É um guitarrista excelente!