domingo, 31 de agosto de 2008

The Subways em Los Angeles



Localizado na área nobre de West Hollywood, em Los Angeles, o Troubador é uma casa de shows onde cabem cerca de 300 pessoas em frente ao palco. Com um equipamento de som de dar inveja a qualquer venue brasileira, a casa mantém aquele clima intimista de shows underground, sem seguranças ou grades separando o público das bandas. Apesar das muitas bandeirinhas de arco-íris na avenida, o que se via dentro do Troubadour eram roqueiros universitários, alguns adolescentes e poucos adultos comportados, todos convivendo na mais plena harmonia, mantida pelos preços ridiculamente altos do bar. Quando uma long neck de Budweiser custa 6 dólares, quase ninguém segura uma bebida na mão.

Com o maior atraso presenciado por esse repórter em shows nos EUA, a banda de abertura, os ingleses do Spacehog, entrou no palco da casa 4 minutos depois do previsto. Apesar de serem bons músicos, sobra ao quarteto pose e falta consistência musical. Alternando entre glam rock, hard rock tipo Guns N Roses, e até um pouco de grunge, cada música tinha a cara de uma banda diferente e o ponto alto do show foi um bom cover do Faith No More. Um desperdício de talento em meio a tanta pose e falta de direção musical.

Em seguida os estadunidenses do Black Market tomaram suas posições e mostraram um rock muito mais sincero e empolgante do que o do Spacehog, apesar de menos pesado. O quarteto, reduzido a um trio naquela noite, mostrou que os anos 90 continuam vivos e apresentaram um bom repertorio de músicas próprias, que não empolgou muito o público presente, ansioso com a entrada da banda principal. O vocalista Daryl tem uma postura de palco muito parecida com a de Alex Turner, do Arctic Monkeys, e o baterista parece saído diretamente de uma banda alternativa da metade da década passada. O som do Black Market é focado no rock alternativo americano da década passada, com alguma influencia de britpop. Sem grandes inovações, mas muito bom.

Chegou então a hora dos roadies tomarem o palco, com uma eficiência admirável. Poucos minutos depois o Subways tentou fazer uma entrada de impacto a partir de um camarim que fica no segundo andar e cuja saída é uma escada que dá direto no palco. Curioso. Sem enrolação, começaram o show com “Kalifornia”, escolha óbvia, mas muito boa. A baixista Charlotte Cooper e o baterista Josh Morgan tocam bem e são empolgados, mas é o vocalista Billy Lunn que domina o palco e chama o show para si, tentando entreter a platéia desde o início da primeira música. Entre palmas, concursos de gritos e singalongs o rapaz foi aos poucos conquistando o público, que progressivamente ficou mais animado com a apresentação.

Os backing vocals de Charlotte são impressionantemente parecidos com as das gravações, e a interação de palco entre ela e Billy também é muito boa, transmitindo para a platéia toda a empolgação de estar tocando (e ouvindo) rock n roll. Alternando entre músicas de seus dois discos (quase na mesma dose), o Subways fez a clara escolha de privilegiar as faixas mais pesadas e animadas. Das lentas apenas “Mary” foi tocada, ainda assim em uma versão um pouco acelerada, com o público todo cantando junto.

Apesar do espaço pequeno, alguns mais empolgados conseguiram abrir algo próximo a uma roda, onde se podia dançar mais espaçosamente do que em meio ao público blasé. Já no final do show, o energético vocalista Billy Lunn subiu no mezanino e finalmente conseguiu que o público atingisse o mesmo estado de empolgação que a banda. Quando se atirou do segundo andar, no entanto, encontrou apenas o chão. Ninguém na platéia abriu, mas os indies foram incapazes de aparar a queda do cara. Mesmo assim, Billy foi levantado e, sem tanta gravidade, carregado de volta ao palco. Depois de um falso fim de show, o trio voltou para tocar mais 2 músicas, finalizando com o hit “Rock N Roll Queen”. O Subways não entrou com o jogo ganho, mas mostrou competência, profissionalismo, empolgação e um preparo físico de dar inveja. Com isso, conquistou o público bunda-mole norte americano e fez um dos melhores shows que este repórter já assistiu.

sábado, 16 de agosto de 2008

Alkaline Trio em San Diego

foto ilustrativa


O Soma, casa onde o Alkaline Trio se apresentou no último dia 27 de julho na bonita cidade de San Diego, é pouco mais que um galpão que não vende bebidas alcoólicas, mas tem um belo palco e um som muito bom. O local estava bem cheio e pelas contas muito imprecisas desse repórter, cerca de 1500 pessoas (quase todos adolescentes ou universitários) deviam estar presentes para assistir os mais novos astros do pop punk norte-americano.

Mais do que pontualmente, a banda de abertura, a dinamarquesa The Fashion, entrou em ação com alguns minutos de antecedência. Mostrando um pop rock regado com programações e barulhinhos de teclado, o quarteto fez um show animado, apesar da apatia do público que ainda entrava na casa. Claramente, o The Fashion ainda é uma banda inexperiente (principalmente se comparada às bandas que tocariam logo depois), mas mostrou um som e repertório consistentes, e potencial para se tornar um novo Motion City Soundtrack. Com um gostinho de anos 80.

Profissionalíssimos, em seguida subiram ao palco os americanos do American Steel. Com um rock mais adulto e mais condizente com o som da banda principal da noite, o quarteto mostrou experiência desde a rápida passagem de som (que consertou os problemas presentes no show anterior), até a postura de palco que mostra domínio do espaço, passando pelos vocais seguros de Rory Henderson. No entanto, a banda praticamente tocou para ela mesma.

Com pose de banda grande, o Trio demorou bastante para entrar em cena. Após várias checagens e arrumações de palco pelos roadies da banda, o público começou a mostrar sinais de impaciência. No entanto, todo o incomodo da demora desapareceu uma vez que a banda começou a tocar, abrindo o show com "Calling All Skeletons", primeira faixa do novo album dos caras, Agony and Arony. Desse último trabalho foram apresentadas “Do You Wanna Know”, “In Vein”, “I Found Away” e o single “Help Me”, que pode ser ouvido nas rádios rock americanas.

Mas a apresentação dosou de maneira satisfatória musicas de todas as épocas da banda, agradando tanto fãs dessa fase mais mainstream, quanto os que os acompanham a desde o início de carreira. Curiosamente, os caras optaram por não tocar "Stupid Kid", single fan-favorite do álbum From Here To Infirmary. Deste disco tocaram "Private Eye" e "Armagedon", que agitaram o público, como também fez "This Could Be Love" e “Warbrain”. Alternando entre punk rocks e músicas mais lentas, como "Mercy Me" e "Time To Waste", o Trio conseguiu manter o público ligado ao longo de todo o show, cerca de 1 hora e 15 minutos, com direito a falso encerramento para o bis.

A banda mostrou experiência e qualidade na execução das músicas. Ambos os vocalistas seguram bem as partes mais difíceis, mostrando que não precisam de pró-tools. Apesar disso, não demonstram grande empolgação e não se movimentam muito pelo palco. Para sorte deles, nada disso é necessário, já que as composições falam por si mesmas. Isso é especialmente perceptível quando eles voltam ao palco dizendo que esqueceram de tocar uma música e Matt Skiba toca os primeiro acordes de “Radio”, cantada a plenos pulmões pelo público.

O ponto negativo que vale a pena ser comentado é a apatia geral do publico norte americano. A exceção de uma dúzia de empolgados colados na grade e outra dúzia pulando numa roda mais violenta do que é de costume no Brasil, as centenas de fãs se limitam a olhar a banda e balançar levemente a cabeça ou bater o pé. Quando a empolgação toma conta, todos aplaudem e cantam a músicas junto com a banda. Por algum motivo, os punk rockers estadunidenses parecem cachorrinhos adestrados, e não se incomodam com um segurança-macaco plantado no meio da platéia, tampando a visão de outra dúzia de desafortunados que balançam levemente a cabeça. Não é à toa que tantas bandas falam bem do público quando vem tocar no Brasil ou na Argentina.

domingo, 10 de agosto de 2008

De volta

O Rock N Cigarettes continua vivo. Muito em breve estaremos de volta com mais novidades, resenhas e entrevistas. Continuem acessando!

***

O Rock N Cigarettes é um blog comunitário sobre o universo Rock N Roll. Se você quiser colaborar, mande um e-mail para rockncigarettes@gmail.com. Boa leitura.