quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Germs of Perfection: A Tribute To Bad Religion (2010)

Como título do álbum deixa claro, Germs of Perfection é um tributo ao aniversário de 30 anos da essencial banda de hardcore californiana Bad Religion organizado pelo MySpace em parceria com a revista musical Spin. Mas apesar dos nomes de respeito na organização e nas faixas desse álbum virtual, parece que faltou um conceito mais fechado e um direcionamento artístico um pouco mais definido. Por definição, tributos rendem discos variados, uma vez que contam com vários artistas, mas Germs Of Perfection sofre ainda mais com esse problema ao não definir se será composto por regravações acústicas ou elétricas, de artistas do universo punk/hardcore ou distantes desses estilos. Para piorar, a organização das faixas quase que divide o álbum em dois ao deixar os artistas indies separados dos punk rockers. Dependendo da versão do álbum virtual que você tenha baixado, um grupo vem antes do outro, deixando tudo ainda mais estranho.

Apesar da falta de qualquer unidade e do trabalho pouco cuidadoso de listagem das faixas, a grande maioria dos artistas convidados se saiu muito bem, seja reinventando completamente as músicas escolhidas ou mantendo a estrutura, mas dando um tempero próprio à timbragem dos instrumentos e à voz. Os folk-countries William Elliott Whitmore e Frank Turner se aproximam do trabalho solo do vocalista do Bad Religion, Greg Graffin, ao dar um tratamento rústico de voz e violão a "Don't Pray On Me" e "My Poor Friend Me", faixas pouco conhecidas da banda. Switchfoot, Ted Leo e a dupla canadense Tegan e Sara também optaram por versões calminhas de faixas agressivas e antigas como "Suffer" e "Against The Grain", mas com um acabamento mais... romântico. É interessante perceber como a calmaria das faixas ressalta as ótimas melodias das composições originais e as acadêmicas letras de Graffin.

Do outro lado da moeda, o Polar Bear Club fez a versão mais próxima da faixa original de todo o tributo. Não fosse a voz rouca de Jimmy Stadt, seria dificil perceber a diferença dessa "Better Off Dead" para aquela encontrada no álbum Stranger Than Fiction. O texano Riverboat Gamblers vez um bom cover sujo e energético para "Heaven Is Falling", assim como o Cobra Skulls, que deu um toque rockabilly para "Give You Nothing", que conta com uma participação imperceptivel de Fat Mike, do NOFX. Já o Cheap Girls executou "Kerosene" com um tempero de rock clássico e o dinamarquês New Politics colocou com sucesso sua experimentação sonora a favor do clássico "Generator", que conta até com uma passagem reggae. A decepção do álbum fica por conta da versão atrapalhada da antiga "Pity", de 1982, pelo experiente Guttermouth. Nem sempre velocidade se traduz em energia e a impressão que fica é que o quarteto não levou muito a sério a proposta de releitura do álbum. Mas eles não levam nem mesmo a própria música a sério, então era algo a se esperar. No final, fica a sensação de um bom tributo, mas que prometia - e poderia ter entregado - muito mais.

domingo, 24 de outubro de 2010

Ace of Spades em um bar francês

Em sua nova campanha publicitária, a cervejaria francesa Kronenbourg 1664 criou o slogan "slow the pace", uma versão liquida da campanha slow food, para que os consumidores pudessem apreciar calmamente o sabor da lager. O comercial para TV levou os ingleses do Motörhead para um bar francês de atmosfera tranqüila, onde eles puderam executar seu hit "Ace Of Spades" em ritmo reduzido à metade, enquanto idosos locais jogavam cartas e bebiam sua cerveja. O resultado foi um blues de respeito com a sempre marcante voz de Lemmy, que pode ser conferido aí em baixo. Para ganhar entradas para shows da banda na Europa e itens autografados sugira músicas para o Top 10 de melhores versões lentas para músicas rápidas no Twitter da campanha. Agora é só torcer para que a música seja lançada na internet sem cortes e barulhos de fundo.

domingo, 17 de outubro de 2010

Face To Face retorna com música e disco novos


Depois de oito anos de silêncio, os estadunidenses do Face To Face estão de volta com um novo álbum, chamado Laugh Now, Laugh Later. A banda, que havia entrado em hiato no meio da década, não lançava um disco de inéditas desde How To Ruin Everything, de 2002. Infelizmente, o trabalho só verá a luz do dia em janeiro do próximo ano, por meio da gravadora do vocalista Trever Keith, a Antagonist Records. Mas para saciar a curiosidade dos fãs, o quarteto liberou o primeiro single do disco para audição e download gratuito em seu site oficial. A faixa se chama “Should Anything Go Wrong” e pode ser ouvida no player abaixo.

Trata-se de um punk rock melódico acelerado que segue a mesma linha do restante do trabalho da banda e deve agradar bastante quem gosta dos caras, apesar de não ter um refrão tão memorável quanto o dos clássicos do quarteto. Vale lembrar também que toda a arte do disco foi concebida pelo tatuador Corey Miller, famoso por sua participação no reality show LA Ink, comandado pela famosa tatuadora Kat Von D. Corey também imprimiu o mesmo conceito visual nas costas do vocalista Trever Keith, na última temporada da série, que no Brasil vai ao ar pelo canal pago Liv.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Entrevista com a banda candanga Deceivers


Com quase 20 anos de estrada, a banda brasiliense Deceivers tem três álbuns na bagagem, o mais recente deles chama-se Paralytic, e foi lançado este ano. Nosso colaborador Boss Matsumoto conversou com o vocalista Gregório, único membro original da banda, por onde já passaram 25 músicos. Saiba mais sobre o disco novo, Porão do Rock, a experiência nos EUA e muitos outros assuntos na entrevista abaixo.


Boss Matsumoto: Complete a frase: "Desde 1992..."
Gregório: As coisas mudaram muito. O mundo, a música, as pessoas. Acho que eu também mudei muito... mas o rock continua e resiste a trancos e barrancos.

BM: Quantas vezes você já pensou em desistir da banda?
Gregório: Algumas vezes em que a coisa saia muito do âmbito da diversão, e se tornava um tormento. Mas só os fortes sobrevivem e por isso que estou a uns 18 anos na banda, e hoje é um “dever cívico” mantê-la! (risos)

BM: Qual é a pior parte de uma mudança de um membro da banda? Tem que esperar o rapaz pegar o feeling das músicas?
Gregório: Isso mesmo! Esperar a coisa ficar natural. Passar as músicas também é um saco! Esses dias fizemos um balanço e pasmem: Já passaram mais de 25 pessoas pela banda!

BM: Me fale um pouco sobre essa formação atual.
Gregório: Estamos mais maduros que nunca, sabemos onde queremos e podemos chegar. Diversão e prazer na frente. Obrigações? Só com nossa qualidade e integridade como banda!

BM: Tocar no Porão do Rock deu alguma resposta pra vocês? Qual foi a melhor show que vocês tocaram no festival?
Gregório: O Porão sempre foi uma dor de cabeça para a banda... Prepara-se um grande show, um lançamento e pimba! Eles fazem dar errado! Nesses anos de participação por lá, chegamos à conclusão que a produção não se importa muito com as bandas daqui. Esse ano, fomos mais uma vez desrespeitados, tendo nosso som cortado com uns 15 minutos de show. Uma palhaçada com o público e com a banda... Um grande desrespeito.

BM: A tentativa de morar nos Estados Unidos sempre esteve nos planos da banda? Ou foi uma oportunidade que surgiu e vocês agarraram? Quanto tempo demorou para tomarem a decisão?
Gregório: A idéia de ir pra fora sempre esteve nos planos da banda. Sabíamos da grande dificuldade de “profissionalizar” nossa banda aqui no país. Conseguimos um contrato com um manager de lá e fomos na cara e na coragem mesmo... Desde que começamos a gravar com a banda sabíamos que o mercado que dava alguma chance para nós estava fora do Brasil, o que é uma pena... Fizemos um grande trabalho por lá, de divulgação mesmo. A experiência ficará para toda nossa vida também!

BM: Tentariam de novo?
Gregório: Não mais do mesmo jeito... Envelhecemos, temos família, mulher, filhos... Hoje em dia temos a ambição de fazer nosso som chegar ao máximo de pessoas via internet, e começar a armar uma tour por essas terras estrangeiras e desconhecidas. Tudo mudou muito de nossa época pra cá, hoje a internet consegue nos “levar” a essa gente diferente do mundo afora!

BM: Qual foi a parte mais difícil de morar no exterior para tentar o sucesso da banda?
Gregório: Controlar nossos egos e diferenças num ambiente sem grana! Isso foi o mais foda mesmo...

BM: O que você recomendaria para um rapaz que fala: "Estou montando uma banda em inglês para poder viajar, morar no exterior e viver de música"?
Gregório: Um conselho do ator Johnny Depp serve muito para essa pergunta, esse conselho me norteou por muito tempo: “Faça todo o possível no seu país, antes de tentar alguma coisa no dos outros”!

BM: Como foi o processo de criação desse novo CD? O que diferencia ele dos outros materiais?
Gregório: Foi muito diferente! O Paralytic é nosso álbum mais bem produzido, sem dúvida. Junto com o produtor Gui Negrão, procuramos deixar todo o processo de gravação e mixagem “o mais orgânico” possível. Sem triggers de bateria, com passagens e takes inteiros de batera e vocais... Além da masterização no Sterling Sound, o melhor do mundo no seu segmento.

BM: O que espera do público em relação a esse novo trabalho?
Gregório: Espero que ouçam e guardem os sons, procurem as letras, o encarte... Que conheçam a obra completa, algo tão raro nos tempo de mp3. Um iPod com 300 milhões de músicas é o que mais se vê ultimamente!

BM: Qual foi a maior dificuldade pro Deceivers, que é uma banda brasiliense independente, que canta metal em inglês?
Gregório: Achar pessoas que estivessem comprometidas com a banda e dispostas a seguir anos com ela.

BM: Você toca algum instrumento?
Gregório: Tudo e todos (risos)

BM: Quais são os 5 CDs que estão tocando no seu rádio (ou mp3 ou mp4 ou mp5 ou mp1000 ou iPod ou iPobre)?
Gregório: Eminem – The Eminem Show; Poison The Well – The Rot Tropic; Alexis On Fire – Young Cardinals, que é uma obra prima!; Skindred – Shark Bites; e o último do High On Fire.

BM: Voltando 18 anos no tempo, que bandas tocavam no seu Walkman?
Gregório: Biohazard; Cannibal Corpse, que ouço até hoje; DFC; Asphyx; Machine Head; Stuck Mojo; Hed PE; Sick Of It All, Ratos de Porão; Downset…

BM: O microfone é seu agora, dê um recado, se quiser.
Gregório: Obrigado pela grande oportunidade da entrevista! E parabéns por manter a cena viva.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Kris Roe toca nova música do Ataris na rua

No último mês de julho, a produtora de vídeos musicais Ecce capturou um mini-show de Kristopher Roe, a "alma" da banda The Ataris, em um banquinho na calçada em frente ao Marquis Theatre, em Denver, onde o grupo se apresentava naquela noite. São três vídeos para duas músicas antigas, "Broken Promise Ring" e o hit "In This Diary", e uma nova chamada "The Graveyard of the Atlantic" que estará no álbum de mesmo nome, a ser lançado ano que vem, segundo o próprio Kris conta nos vídeos.

O vocalista, guitarrista e compositor mostra em versões acústicas que seu talento continua intacto após tantos anos longe da mídia, mas visualmente o impacto pode ser grande para os antigos fãs do Ataris. Kris ganhou um pouco de peso, perdeu muito cabelo e alguns dentes, mas ainda está longe da aparência decadente que atinge alguns músicos do underground, quando os anos de drogas e carpe diem cobram seu preço. E apesar do sucesso comercial ter-se ido há vários anos, alguns pedestres reconhecem o cara e param para assistir a apresentação, que apesar de improvisada, é bem produzida pela Ecce. Confira os três vídeos abaixo:

"In This Diary"

"The Graveyard of the Atlantic"

"Broken Promise Ring"