quarta-feira, 28 de julho de 2010

Sugar Kane – A Máquina que Sonha Colorido (2009)

Criado em 1997, o Sugar Kane é um grupo rodado, que já viveu momentos de sucesso underground e períodos de entressafra típicos da realidade do rock independente brasileiro. Ao longo dos anos, a banda trocou o inglês pelo português, saiu do hardcore, passeou pelo pop punk quase radiofônico e pelo rock alternativo, até voltar para o hardcore melódico. Esse ano, o quarteto de Curitiba lançou um EP digital em inglês e, ano passado, um novo álbum em português, chamado A Máquina que Sonha Colorido.

Toda essa estrada serviu para que o Sugar Kane se tornasse uma das bandas independentes mais profissionais do país, e para que seus integrantes melhorassem como instrumentistas e compositores. Com uma gravação primorosa, A Máquina que Sonha Colorido não fica devendo em nada aos melhores lançamentos gringos do mesmo estilo musical. A única canção fraca do álbum é "Rockstar", um popzinho temperado com ska de segunda que não vai a lugar algum. Musicalmente, portanto, o resultado é bem positivo, com um instrumental empolgante, melodias bem resolvidas e produção e gravação primorosas.

Uma coisa, no entanto, incomoda ainda mais hoje do que já incomodava anteriormente: as letras das músicas. Sempre é possível ignorar letras ruins cantadas em inglês ou em qualquer outro idioma que não seja o seu, mas quando Capilé martela em sua cabeça frases constrangedoras sobre a "revolução", sobra apenas a vergonha alheia que impede o desfrute do som da banda.

A maior parte delas é um amontoado de clichês revoltados que vão do batido o-consumismo-da-sociedade-capitalista-te-mantém-escravizado-e-infeliz até o conhecido eles-tentam-nos-destruir-mas-nós-somos-mais-fortes, passando pelo clássico ela-se-esqueceu-da-revolução-e-vendeu-seus-ideiais. Quando a banda tenta fugir da temática, o resultado á ainda pior, como na já citada "Rockstar" e em "Repito", que conta com uma das descrições de sexo mais escrotas já transformadas em música. A letra não é engraçada e passa longe de ser sensual ou reflexiva, é apenas escrota. O constrangimento é tão grande que estraga o que poderia ser um dos melhores álbuns de hardcore melódico brasileiro.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Carbona no século XXI


Depois de quase 4 anos sem lançar um disco, os cariocas do Carbona estão de volta com Dr. Fujita Contra a Abominável Mulher-Tornado, que será lançado no próximo dia 7 de setembro. Além do disco marcar a estréia do quarto integrante da banda, o guitarrista Bjorn Hovland, dessa vez, o bubblegum punk do Carbona virá empacotado em novo formato, o disco virtual. Claro que todos os fãs da banda já devem ter os álbuns em mp3, mas essa será a primeira vez que os caras vão lançar arquivos digitais oficiais e vendê-los em lojas virtuais. O vocalista, compositor e guitarrista Henrique Badke explicou em seu blog como a coisa toda vai acontecer e, mais interessante, porque a banda decidiu dar esse passo. Confira os melhors trechos abaixo:

Dr. Fujita Contra a Abominável Mulher-Tornado foi licenciado para distribuição digital. Isto significa que estará disponível em dezenas de lojas de download na web e nos celulares das 4 operadoras. O Carbona, que em 1997 começou gravando uma demo K7, passou pelo CD e pelo MP3, agora se prepara para digitalizar-se. Ao longo destes anos sentimos na pele essas mudanças de hábitos de consumo e dificuldades enfrentadas por bandas e selos, principalmente os de rock n roll em suas vertentes alternativas.

Num belo dia, num show em Campinas, se aproximaram uns 4 moleques. Cada um tirou 2 reais do bolso e pediram um CD. Eu fiquei olhando e meio sem jeito perguntei: “Quem vai ficar com o CD?”. Eles todos meio que responderam “tanto faz, eu só quero as músicas em mp3”. Dali pra frente, começamos a vender cada vez mais camisetas e menos CDs. Diante disso e do enfraquecimento da estrutura indie que dependia muito da venda de CDs, a gente quebrou a cabeça, pela primeira vez sem selo, para continuar entregando música para um maior número possível de pessoas de jeito que elas realmente querem.

Portanto teremos o disco na internet, no celular, e obviamente em CD, para quem quiser comprar. A idéia por trás da distribuição digital não é lutar contra os downloads ilegais, não é pedir para que não baixem o CD da web, nem coisa do gênero, queremos tão somente possibilitar àqueles que queiram pagar pelas músicas (ou por coisas relacionadas à banda) que tenham chance de fazer isso.

Dr. Fujita Contra a Abominável Mulher-Tornado trará 11 músicas somando apenas 23 minutos. Entre elas estarão “Sempre que eu fico feliz eu bebo”, cover dos brasilienses do Gramofocas, além de “Valentina” e “O massacre da Serra-Elétrica”, previamente lançadas com uma gravações mais toscas no álbum independente Quasplit, no ano passado. A nova versão de "Valentina" e a inédita “Semivivo” podem ser ouvidas no blog do Henrique, que também convida os fãs a ajudarem na divulgação do lançamento.