quinta-feira, 25 de março de 2010

Gaslight Anthem e Stone Temple Pilots lançam músicas novas na web


Os estadunidenses do Gaslight Anthem liberaram ontem a música-título do seu próximo álbum, American Slang, que tem lançamento previsto para o dia 15 de junho. A faixa será a primeira das 10 músicas do disco, e segue o mesmo clima do lançamento anterior dos caras, The ’59 Sound, de 2008 (listado como um dos melhores do ano por esse blog). Se American Slang, o disco, foi citado como um dos lançamentos mais esperados de 2010 pela Rolling Stone gringa, "American Slang", a música, só reforça a expectativa dos fãs do quarteto de New Jersey. Escute aqui a música.

O dia de ontem marcou também a volta do Stone Temple Pilots. Visto por muitos como uma mera cópia das bandas grunge de Seattle, o quarteto californiano teve vários (ótimos) hits nos longínquos anos 90 e pode nunca ter lançado um álbum clássico que ficará para a história do rock, mas é dona de um dos melhores Best Of da coleção deste blogueiro.

A faixa que pode ser ouvida no site da banda é “Between The Lines”, que abrirá o novo álbum da banda, auto-intitulado, o primeiro lançamento desde Shangri-La Dee Da, de 2001. O som é bem pesado e lembra bastante músicas da melhor fase da banda, ainda na primeira metade da década retrasada. O mais ousado, porém, é Scott Weiland cantar um verso como “we used to take drugs”. Vamos ver se a fase junkie está mesmo no passado do vocalista, que rivaliza apenas com Pete Doherty em número de rehabs e prisões por porte de drogas.

terça-feira, 23 de março de 2010

Against Me! – White Crosses (2010)

Se você, leitor do blog, é um dos admiradores da fase acústica do Against Me!, e ficou chocado com os últimos lançamentos da banda americana, não chegue perto de White Crosses, novo álbum dos caras. Nos últimos anos, o quarteto da Florida parece ter se auto-designado uma missão: assustar os fãs mais antigos disco após disco. Primeiro os caras emularam Bob Dylan e eletrificaram seu folk-punk. O passo seguinte foi assinar com uma grande gravadora, jogando para o alto a história anarquista de Tom Gabel. Agora a banda se entrega ao pop rock, deixando um pouco de lado até os tradicionais gritos roucos do vocalista.

Mas se você ainda está lendo esse texto, há chances que também venha a escutar o álbum mais de uma vez, e passada a surpresa, fica mais fácil avaliar as qualidades e defeitos de White Crosses, que está longe de ser um disco ruim. "White Crosses", a música, abre o álbum e dá o tom: não há dúvidas que se trata do som do Against Me!, mas a primeira referencia que vem a cabeça é “Borne On The FM Waves”, do disco anterior, New Wave. Não há aqui a voz doce de Tegan Quin, mas é tudo bastante radio-friendly.

“I Was a Teenage Anarchist” mantém o pique pop e provoca ainda mais os fãs com sua letra, na qual Gabel se lembra de sua fase de adolescente anarquista, como se ela fizesse parte de um longínquo passado. O tom é confessional, mas a critica ao radicalismo e à mentalidade fechada do movimento lembra o desencanto do NOFX com a esquerda cantada em “The Marxist Brothers”. Se Gabel diz que a revolução era uma mentira, Fat Mike já havia dito, com o humor ácido pelo qual é conhecido, que a revolução se resumiria a um podcast.

Após tamanho rompimento com o passado, o quarteto está livre para experimentar o que bem entender em termos musicais, e assim faz ao longo das oito faixas restantes de White Crosses. “Because Of The Shame” tem teclados em abundancia, assim como “We're Breaking Up”, que como o nome sugere, é uma balada sobre o fim de um relacionamento. Ainda mais lenta e pop é “Ache With Me”, que conta com um arranjo de cordas ao fundo e soa quase brega. Já “High Pressure Low” é relativamente dançante e surpreende com seu baixo roubado de New Order. Apenas a curta e boa “Rapid Decompression” lembra o punk rock de outrora, deixando um gostinho de quero mais nos antigos admiradores da banda.

Se a atitude punk consiste em não dar a mínima para o que críticos e até mesmo fãs vão dizer, e fazer apenas ao que lhe interessa, não há dúvidas de que Tom Gabel é um punk de verdade. Mas também é verdade que o som de sua banda se afasta cada vez mais do punk rock, para o bem ou para o mal. Com White Crosses, o vocalista se mostra um excelente compositor de rock, que não se prende a subgêneros ou ao seu próprio passado, mas pode deixar uma montanha de órfãos de um tipo de som original que colocou o Against Me! no mapa musical e redeu trabalhos memoráveis ao longo da década que se encerra.