segunda-feira, 30 de junho de 2008

Alkaline Trio - Agony and Irony (2008)

Apesar de ter agradado a critica e garantido à banda um contrato com uma major, o lançamento anterior do Alkaline Trio, Crimsom, está longe de ser unanimidade entre os fãs. Por isso, o lançamento de Agony and Irony foi cercado de muita expectativa. Em entrevistas recentes, o trio declarou que havia demorado na composição do álbum, mas que as gravações tinham ocorrido em apenas 6 semanas e a produção havia dispensado o uso exagerado de instrumentos como pianos, teclados, cordas e efeitos de estúdio. Isso é verdade apenas em parte, e aqueles que apostavam em uma volta às raízes punk rock do grupo podem se decepcionar.

Apesar disso, Agony and Irony é um álbum mais empolgante do que seu antecessor e mostra uma mistura muito bem dosada de punk rock, pós-punk e pop rock. As letras cheias de imagens ligadas à morte, depressão, sangue e afins continuam presentes, mas embaladas por melodias e arranjos menos soturnos. As palmas na ótima faixa de abertura – “Calling All Skeletons” – já avisam que o dia está amanhecendo para o trio. Os refrões excessivamente pop (e um pouco clichés) de “Help Me” e “Love Love, Kiss Kiss” deixam isso ainda mais claro.

Outro ponto interessante é o fato do subestimado baixista Dan Andriano ter composto uma das melhores faixas de Agony and Irony, “In Vein”. A pesar de ser responsável por uma quantidade menor de canções do que nos primeiros trabalhos da banda, Andriano prova que é um compositor tão talentoso quanto seu companheiro Matt Skiba. Este, por sua vez, continua sua trilha em direção ao rock gótico dos anos 80, como fica claro nas boas “Over And Out” e “I Found Away”, que lembram o trabalho da banda paralela do guitarrista, Heavens.

Também vale a pena destacar “Into The Night” e ”Lost and Rendered” que traz alguma novidade ao som da banda com seu clima industrial, com teclados e guitarras bastante distorcidas. Infelizmente as melhores faixas do trabalho estão concentradas em seu início e final, deixando o miolo do álbum meio esquecido, com faixas menos inspiradas como “Live Young, Die Fast”. Se Agony and Irony não é o melhor trabalho da banda de Chicago, traz uma boa quantidade ótimas composições e mostra que a banda tem qualidade e personalidade suficientes para sobreviver ao envelhecimento e às mudanças de gravadora.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Notícias Rock

Os estadunidenses do Less Than Jake liberaram samples de 30 segundos de todas as faixas de seu novo trabalho GNV FLA, que foi lançado no último dia 24. Ouça a prévia aqui, ou baixe o disco inteiro de graça por aí. Se o álbum for tão bom quanto a faixa de trabalho, “Does The Lion City Still Roar?”, deve valer a pena.

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No maravilhoso mundo do dólar decadente, os shows de bandas internacionais no Brasil não param mais. O TIM Festival anunciou duas atrações esta semana: O Gossip, da diva indie lésbica Beth Ditto, e os new ravers do Klaxons. Ainda devem ser confirmados os ciganos do Gogol Bordello e várias outras atrações de indie rock e jazz. O festival acontecerá no Rio, em São Paulo e em Vitória na segunda metade de outubro.

Em outra praia, os pop punkers ingleses do The Fallout Theory anunciaram 8 datas no país, sete delas no estado de São Paulo (a outra será Curitiba), entre os dias 15 e 31 de agosto. A banda faz um som parecido com o do New Found Glory, que também vem tocar em terras brasileiras em novembro. Um dos shows será na 12456ª edição do ABC Pró HC, em Sampa, outro será no Rio e um terceiro ainda será anunciado.

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In other news, a banda de hardcore Rise Against postou em seu MySpace um pedaço de “Little Boxes”, regravação da faixa tema do premiado seriado Weeds, composta por Malvina Reynolds. Artistas tão diversos quanto Linkin Park, Regina Spektor, The Decemberists, Randy Newman, Billy Bob Thornton, The Shins, Death Cab for Cutie e Joan Baez já regravaram a canção para o programa.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Notícias Rock

A semana guardou algumas boas notícias para roqueiros de todas as matizes.

Conor Oberst (Bright Eyes) lançou um site novo para seu Mystic Valley Band, com o qual se apresentará em São Paulo nos dias 16 e 17 de julho. No site é possível ouvir duas faixas do próximo álbum da banda. “Danny Callaham” e “Souled Out!!!” mostram Oberst em composições mais elétricas e vocais mais comportados do que de costume. A primeira é calma e bonita, seguindo o estilo do Bright Eyes, mas com arranjos mais elaborados e pops. A segunda é bem roqueira, com guitarras distorcidas e até alguns gritos. Ambas são muito boas.

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Vazou a faixa bônus da edição japonesa de Rise and Fall, Rage and Grace, novo álbum do Offspring. A música se chama “OC Life” e deixa a dúvida de porque os caras tiraram ela da edição final do lançamento. Não é a canção mais fantástica que o quarteto já compôs, mas mostra um pouco da energia e do feeling que faltam a várias músicas de Rise and Fall... o destaque vai para as boas guitarras de Noodles.

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A banda sueca The Hives divulgou em seu MySpace as datas oficiais dos shows que fará no Rio, em São Paulo e em... Brasília. Aparentemente o quarteto se apresentará em uma das edições do Pílulas Porão do Rock, no dia 5 de setembro.

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Nem só da Apple vive a música do século 21. O tão falado projeto Álbum Virtual da gravadora Trama realmente saiu do papel. Para quem não sabe do que se trata, o projeto é basicamente uma extensão do bem sucedido Download Remunerado, que a gravadora leva a cabo em seu badalado site Trama Virtual. Nesse projeto, os artistas disponibilizam suas músicas para download no site e são remunerados por patrocinadores. Como na TV aberta, você assiste a novela e o jogo de futebol de graça e os anunciantes garantem o lucro da emissora. O Álbum Virtual é mesma coisa, mas com discos inteiros, com encarte virtual, letras, fotos da banda, informações técnicas e tudo mais.

O músico baiano Tom Zé, símbolo de inovação na MPB, foi o responsável pela estréia do projeto, com um álbum de inéditas chamado Danç-Êh-Sá ao Vivo. Entre os próximos lançamentos estará Donkey, segundo trabalho dos internacionalmente hypados CSS (não tem mais essa de Cansei de Ser Sexy). Notícia em todos os jornais e blogs do país, a gravadora mostra que é possível uma empresa mainstream ser inovadora, olhar para o futuro e agradar seus clientes. O presidente da Trama, João Marcelo Bôscoli, diz que a gravadora não quer revolucionar nada, mas no fundo deve saber que está mudando o mercado musical.

domingo, 15 de junho de 2008

The Offspring - Rise and Fall, Rage and Grace (2008)

Após o fracasso de crítica e público de Splinter, o Offspring demorou quase cinco anos para lançar um álbum novo. Se as 12 faixas de Rise and Fall, Rage and Grace são o melhor que o quarteto conseguiu compor em tantos anos é melhor não esperar mais nada da banda. As duas faixas que os caras haviam divulgado na internet, “Half- Truism” e “Hammerhead”, são muito boas, apesar da segunda ser uma coleção de plágios. Infelizmente, o trabalho como um todo não chega nem perto da qualidade delas. “Half-Truism” abre o disco em grande estilo e, seguida pela ótima “Trust In You”, dá falsas esperanças aos fãs que ainda acreditavam no Offspring.

“Trust In You” cheira a Ixnay On The Hombre, mas é seguida por “You’re Gonna Go Far”, uma faixa dançante que às vezes lembra The Killers. Nada a ver. As várias baladas também ajudam a matar o ritmo do álbum. É até interessante ouvir Dexter Holland cantando em um tom mais grave em “A Lot Like Me” e “Fix You”, mas os pianos e a grandiosidade da gravação não combinam com o som da banda. Parecem mais idéias do produtor Bob Rock. Especialmente “Fix You”, com seus “lalalas” constrangedores. Já “Kristy, Are You Doing Ok?” é apenas uma balada excessivamente pop, com seu arranjo de cordas pronto para as rádios. Há ainda “Let’s Hear It For Rock Bottom”, um ska-core preguiçoso, que dá saudades de “What Happened to You?”

O lado mais roqueiro de Rise and Fall... é bem melhor, mas ainda assim insoso. “Takes Me Nowhere” quase salva o jogo e “Nothingtown” é uma boa música, mas nada memorável na longa discografia dos californianos. Já “Stuff Is Fucked Up” tem uma passagem totalmente System Of a Down simplesmente inexplicável. E “Rise and Fall” fecha o álbum em um clima mais rock n roll, mas too little, too late, não dá mais para salvar um trabalho tão sem direção. É curioso perceber com o Offspring fazia um som mais adulto (pode-se dizer maduro?) em seus primeiros álbuns. O som do quarteto foi evoluído para um rock ensolarado e radiofônico que não é ruim, mas sem graça e, principalmente, sem personalidade. Uma pena.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Shows, muitos shows

por Nicholas Gurewitch


O dólar em queda livre tem feito maravilhas pelos festivais de rock no Brasil. Depois do quase-anúncio dos shows do Suicidal Tendencies e do Muse no Porão do Rock, é a vez de dois outros festivais, ambos em São Paulo, anunciarem suas atrações internacionais.

A 11ª edição do ABC Pro HC traz duas bandas gringas. Emery e Love Hate Hero, ambas dos EUA. O line up também conta com as bandas brasileiras Strike, Envydust, Dance Of Days, Darvin, Rancore, Scracho, Fake Number, Hevo84, Display e Voiced. O festival vai acontecer dia 03 de Agosto no Salão Social do Palmeiras.

Já o novo Orloff Five Festival, que está marcado para o dia 6 de setembro no Via Funchal, vai trazer os suecos do The Hives, os estadunidenses do Melvins e as francesas do Plasticines, além do hypado Vanguart, de Cuiabá. Festa indie para ninguém botar defeito.

Lúcio Ribeiro ainda anuncia em seu blog como certa a vinda para o Brasil de Conor Oberst (Bright Eyes) com seu projeto Mystical Valley Band. É difícil confirmar nesses anúncios do cara, mas se tudo der certo, Oberst se apresentará no Studio SP, dias 16 e 17 de julho.

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Dois dos vídeos de hoje não tem nada a ver com as notícias aí de cima, mas são notícia por si só. O outro é o videoclipe das Plasticines para a música “Loser”.








quarta-feira, 11 de junho de 2008

Porão do Rock 2008

Há algumas semanas vem sendo divulgado na web (e até no Correio Braziliense) a vinda dos ingleses do Muse para o Porão do Rock. Nos últimos dias começou a se ouvir que a edição 2008 do festival contará ainda com outra banda gringa, o Suicidal Tendencies. Se o Muse deve agradar os indies ligados na cena britânica, a contratação da banda norte americana visa os fãs de rock mais pesado. O único problema é que enquanto o primeiro está no auge de sua fama, o grupo de hardcore de Mike Muir está mais decadente do que Axel Rose. Vamos torcer para que eu esteja enganado e a banda mostre a que veio, como o Mudhoney ano passado. Ah, aparentemente o Cachorro Grande e o Matanza também estão escalados. E possivelmente o festival terá 3 palcos. A confirmar.

Errata

Como o Glauber corretamente corrigiu nos comentários, Axel Rose não existe. O correto seria Axl Rose.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Entrevista com a banda Siltu


A banda brasiliense Siltu foi formada em 2000. Há poucos meses lançou seu primeiro CD, Dose Dozes, totalmente independente. O quarteto, que se apresentou na Livraria Cultura no último domingo, é influenciado por diversas bandas de hardcore melódico, pop punk e punk rock. Confira a entrevista com o vocalista Raoni, que falou ao Rock N Cigarettes sobre música, fetiches e o teorema de Cauchy Schwartz.

Quem é você?
Raoni Rodrigues Barros, brasileiro, heterossexual.

Eu não sei o que significa Siltu. Que porra é essa?
No atual contexto, Siltu é um nome próprio, escolhido por mim e um grupo de amigos para nomear o nosso conjunto musical.

Fale dos integrantes, quem são o que e o que tocam. E o que fazem para ganhar o drink de cada dia?
Raoni, baixo e voz; André, guitarra e voz; Leandro, guitarra e Fernando, bateria. Não entendi essa do drink, mas geralmente pedimos pro garçom. Em dias menos badalados compramos no supermercado mesmo. Menos o André, ele não bebe (pasmem!).

Por que você escolheu tocar baixo?
Eu não escolhi essa vida, ela me escolheu.

Lembro de ter visto um show de vocês no Zoona Z em 2001. O que mudou de lá pra cá, além da barriguinha e os óculos do Leandro?
Bom, a principal mudança foi que o André se juntou a nós. E depois que ele entrou a gente começou a se agilizar mais como banda, tocar mais, gravar o CD e etc e tal. Antes era tudo muito desorganizado, como a gente gosta de falar: O Siltu era só o nosso futebol de sábado. Hoje em dia ela invade um pouco da semana também.

Qual foi o melhor show?
Que eu já fui? Less than Jake no Circo Voador. Do Siltu? Pô, cada show tem sua particularidade, mas um dos que eu mais me diverti foi um há algumas semanas atrás, abrindo pro Darvin e Skore, aqui em Brasília mesmo.

Me fale de um show que foi mais ou menos.
A maioria esmagadora. Nós ganhamos uma reputação por sermos medíocres.

Em quais cidades vocês já tocaram?
Só em Brasília e arredores e uma vez em São Paulo. Não somos exatamente a banda mais viajada, mas estamos tentando mudar isso.

O que você ouve no seu carro?
Meu som foi roubado há alguns meses e você não precisava me lembrar disso. Então, sei lá, acho que seriam... sons urbanos?

O que você ouve no banheiro?
O frango cantando.

E na cozinha?
O Leandro reclamando que não tem nada vegan.

Que parada é essa de tampar um olho? É uma campanha contra conjuntivite?
Esse é o tipo de coisa que muitos gostam de chamar de lombra torta. Essa idéia aí surgiu sem querer em uma sessão de fotos e o pessoal resolveu transformar numa marca registrada da banda. Tipo os braços cruzados acima da cabeça do Manowar, sacoé?

Quem da banda ainda é virgem?
Eu e o Leandro somos Touro, o Frango, acho que é de Câncer. Não sei, talvez o Dedé seja Virgem. Vou checar isso com ele e fico de te retornar.

Você tem algum fetiche?
Sim, vários. A maioria envolvendo as mães de amigos meus.

Qual o fetiche do Fernando, do Leandro e do André?
Esses dois últimos eu preciso pedir autorização das namoradas...ou não. (risos) Realmente não sei, só que o do Fernando muito provavelmente envolve pizza e ele dormindo.

O que o Siltu faria se fosse uma banda de pagode?
Cover do Harmonia do Samba, talvez. Mas definitivamente gastaríamos menos dinheiro, teríamos maior popularidade e seríamos mais respeitados. Logo, nos divertiríamos menos.

Quais os planos para o futuro da banda?
Tocar no maior número de lugares possível, viajar e enfrentar novos públicos. Depois disso, se possível, gravar outro álbum e começar tudo de novo. E assim sucessivamente, até que perca a graça.

Suas últimas palavras.
Mantenham a parcimônia.

Valeu. Alguma pergunta?
Sim! Como eu uso o teorema de Cauchy Schwartz para provar as propriedades da matriz de projeção ortogonal num modelo de regressão linear de posto completo?

Por Boss Matsumoto

http://www.siltu.com.br
http://www.tramavirtual.com.br/siltu
http://www.myspace.com/siltu
http://www.fotolog.com/siltu
bandasiltu@gmail.com