quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Alkaline Trio - This Addiction (2010)

This Addiction marca a estréia do Alkaline Trio em sua própria gravadora, a Heart and Skull Records (cujo nome é uma clara alusão ao logo da banda), mas a escalada até uma major e a volta ao meio independente não tiveram uma grande influencia na evolução do som dos americanos, que vem mudando de forma gradual ao longo dos anos. Desde Crimson (2005), a banda tem flertado com o rock gótico e o pop sem nunca deixar de lado o punk rock que conquistou tantos fãs no início de sua carreira. O novo álbum é apenas mais um capítulo desse processo.

A novidade fica por conta de uma volta à simplicidade de outrora, em oposição à produção excessiva dos últimos dois discos. A maior parte das músicas de This Addiction foi gravada com poucos instrumentos e sem muitos efeitos de estúdio, mas isso não significa que essas canções sejam mais pesadas que as de Agony & Irony (2008) nem tão rápidas e sujas quanto àquelas de Goddamnit (1998). Após tantos anos na estrada, o Trio não teve medo de lançar uma coleção de músicas que, apesar do instrumental roqueiro, são essencialmente pop, ainda que não na concepção radiofônica do termo.

As duas faixas mais empolgantes do lançamento são justamente as que abrem This Addiction, a faixa-título e "Dine, Dine My Darling", trocadilho espirituoso para o punk rock direto do baixista Dan Andriano, que mantém o pique e o refrão chiclete da canção anterior. "The American Scream" e "Piss And Vinegar" seguem a mesma linha e, espalhadas pelas 11 faixas do álbum, não deixam o ritmo diminuir muito. Entre as músicas mais lentas estão as boas "Dead On The Floor", "Off The Map" e "Fine", que fecha o álbum. Já "Dorothy" poderia estar em Crimson com seu clima meio dark, mas cheia de guitarras.

Ainda que não seja um álbum fora das fronteiras já conhecidas pelos fãs da banda, This Addiction também guarda suas surpresas. "Lead Poisoning" conta com trompetes muito bem colocados e integrados ao instrumental pop rock que conduz a canção, e "Eating Me Alive" vai além do terreno experimentado por "I Found a Way" no disco anterior e abusa de teclados e batidas dançantes, fazendo do Alkaline Trio uma espécie de Killers do inferno. Da mesma forma que em Agony & Irony, as letras de Matt Skiba e Dan Andriano estão um pouco menos afiadas e assustadoras, mais o temas continuam os mesmos. Se há algum ponto realmente negativo no disco é a sua curta duração, o que também pode ser considerado um elogio.