quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Millencolin no Rio de Janeiro


Antigo galpão industrial transformado em centro cultural, a famosa Fundição Progresso foi palco do terceiro dos quatro shows da banda sueca Millencolin no Brasil. Era curioso notar a grande quantidade de roqueiros de todas as idades presentes ao evento a poucos metros dos tradicionais Arcos da Lapa, cartão postal do Rio de Janeiro e porta de entrada para o mais boêmio dos bairros da cidade, local de incontáveis bares e apresentações de samba e mpb. Também surpreendente era a quantidade de "bombados" dentro da casa de shows. Sem camisa desde a primeira música, os freqüentadores de academia conduziam incansavelmente a grande (e impiedosa) roda de pogo que se fixou em frente ao palco durante toda a apresentação. Mas engana-se quem pensa que os musculosos estavam atrás de briga. Comportavam-se como verdadeiros fãs, cantando todas as músicas e ajudando os desafortunados que caiam em meio ao caos a se levantarem. Realmente inesperado.

Completamente alheio às observações antropológicas rasteiras deste blogueiro, o Millencolin conduziu um ótimo show em comemoração ao aniversário de dez anos do seu mais aclamado álbum, Pennybridge Pioneers. Por vota das 22h30 da nublada noite de sábado, o quarteto sueco de hardcore subiu ao palco e colocou os fãs para pularem ao som de "No Cigar", que abre também o disco homenageado. Daí para frente, mandaram todas as 14 músicas de Pennybridge Pioneers na ordem do álbum, com pequenas pausas para tentativas não muito correspondidas de comunicação em inglês com o público e as clássicas palavras soltas em português que devem constar de todo contrato para shows de bandas gringas no país. Mas Nikola, Mathias, Erik e Fredrik conquistaram mesmo o público foi com sua simpatia. Cheios de energia, os guitarristas não pararam quietos durante todo o show. O vocalista Nikola Sarcevic e o baterista Fredrik Larzon são mais discretos, mas não menos carismáticos.

Músicas mais rápidas e conhecidas como “Stop To Think”, “Fox”, “Material Boy” e o hit “Penguins & Polarbears” fizeram o clima dentro da Fundição Progresso esquentar e o público parecia genuinamente feliz de assistir o Millencolin tocando o álbum de cabo a rabo. Como nada pode ser perfeito, o som das guitarras estava um pouco baixo, mas nada que estragasse a boa execução das músicas. Para finalizar a primeira parte da apresentação, Nikola fica sozinho no palco com seu violão e chama uma fã sortuda para subir ao palco e cantar o refrão de “The Ballad”. Apesar de bastante desafinada, Thábata era bem extrovertida e aproveitou seus dois minutos de fama, se recusando a sair do palco quando um roadie tentou tirá-la de lá e dando um beijo no guitarrista Erik Ohlsson quando o restante da banda voltou para o final elétrico da canção. Se terminasse por aí, a maioria já se daria por satisfeita, mas todos sabiam que o quarteto voltaria para tocar mais. O que nem todos sabiam é que elas seriam quase todas antigas, dos primeiros álbuns dos caras.

O Bis começou com o primeiro hit da banda, “The Story of My Life” e seguiu como fan-favourites como “Random I Am”, “Lozin’ Must”, “Killercrush”, “Vixen”, a versão estendida de “Buzzer” e a clássica “Mr Clean” cantada pelo guitarrista Mathias Färm, para encerrar a festa pela segunda vez, deixando uma ótima sensação nostálgica pairando sobre o público. Mas o quarteto ainda tinha reservado mais para o os fãs cariocas e voltou ao palco outra vez para tocar “Bullion”, “Dance Craze” e para fechar a noite em grande estilo, a única canção da dos anos 2000 executada na noite, a ótima “Black Eye”, do disco Home From Home. Os fãs ainda queriam mais e ensaiaram cantar outra vez “Olê, Olé, Olé, Millen-colin”, entoado em coro antes e durante o show, como se estivéssemos no Maracanã torcendo pelo time do coração de cada punk rocker presente no local. O Millencolin não voltou, mas ainda havia tempo para curtir um bom chopp Brahma sob as nuvens cariocas olhando para os arcos da Lapa. Tomara que os suecos voltem em breve.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Metric vs The World


Está acontecendo desde terça-feira no Rio de Janeiro a primeira edição da Rio ComiCon, uma convenção internacional de histórias em quadrinhos organizada pela editora Casa 21. Como em grande parte da chamada cultura pop, muitas vezes as barreiras entre música e HQs são derrubadas por trabalhos que se utilizam uma forma de arte/entretenimento para falar de outras. É o caso de Scott Pilgrim Contra o Mundo, HQ do autor canadense Brian Lee O'Malley, focada nos percalços do relacionamento do canadense pós-adolescente do título com a americana Ramona Flowers.

Apesar da temática, a estética da série (que também virou um belo filme) gira em torno da cultura dos videogames e da musica independente. Scott toca baixo em uma banda de garagem chamada Sex Bob-Omb e sua ex-namorada Envy canta na quase famosa Clash At Demonhead. Para o filme, os produtores convocaram o multi-instrumentista Beck para cuidar das músicas da banda de Scott, o Broken Social Scene compôs as canções do grupo fictício Crash and the Boys e a banda indie canadense Metric cedeu a música "Black Sheep" para regravação pela atriz Brie Larson, que interpretou a ex-namorada famosinha do Scott.

Confira abaixo a apresentação do Metric no lançamento do filme, na convenção de quadrinhos de San Diego em julho. O interessante clipe incorporou à apresentação ao vivo da banda os grafismos que inundam o filme, inserindo a show no universo pop de Scott Pilgrim. Divertido.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Tragam a luz para Liam Gallagher


A nova banda de Liam Gallagher, o Beady eye, lançou ontem sua primeira música, "Bring The Light". Como Liam havia prometido, trata-se de um rock dançante com muitas referencias à sonoridade das décadas de 50 e 60. A proposta pode parecer interessante em um primeiro momento, emulando Jerry Lee Lewis e o começo dos Beatles (obviamente), mas a verdade é que a faixa soa meio genérica. A produção, propositalmente "crua", também não ajuda muito e a impressão que fica é que Liam está cantando dentro de uma garrafa. Não é realmente ruim, mas esperava-se muito mais de 4/5 do Oasis, uma vez que todos os membros da última formação da mega-banda inglesa escolheram participar do novo projeto, deixando Noel Gallagher sozinho em seu trabalho pós Oasis.

"Bring The Light" pode ser conferida abaixo e no site dos caras é possível baixar gratuitamente a faixa, que também será lançada em formato físico numa edição limitada de 4.000 exemplares em vinil no dia 22 de novembro. O disco também terá uma B-Side chamada “Sons of the Stage”, cover da banda World of Twist. O que vocês acharam?

domingo, 7 de novembro de 2010

Marky Ramone Blitzkrieg no Arena Futebol Clube

A noite da última sexta-feira foi marcada para muitos roqueiros brasilienses pela passagem de mais um revival dos grandes Ramones pela capital federal. O Marky Ramone Blitzkrieg conta com o ex-baterista dos pioneiros do punk rock, com Michale Graves, vocalista de uma das formações do Misfits e com dois argentinos desconhecidos substituindo outros dois membros pouco conhecidos no baixo e na guitarra. Pode parecer uma grande enganação, mas inegavelmente rendeu uma hora e meia de muita diversão para os fãs dos Ramones (e do Misfits), da mesma forma que a apresentação de CJ Ramone ano passado no mesmo Arena Futebol Clube.

Do alto de seus 54 anos, Marky continua com a cabeleira impecavelmente preta e mandando bem com as baquetas. O cara toca quase sem pausas durante cerca de uma hora e nos intervalos entre o setlist principal e os dois bis vem aos microfones para agradecer e apresentar Michale Graves. E apesar do nome do projeto, é o ex-vocalista dos Misfits que se comporta como a estrela da apresentação. Comandando a festa, Graves canta, dá seus pulinhos característicos e tem até um momento sozinho no palco. Os músicos argentinos apenas cumprem seu papel de coadjuvantes e tocam de forma competente os instrumentais ramônicos. Poderia ser qualquer um no lugar dos deles que não haveria diferença, mas também não prejudicam.

A apresentação, que teve início após os shows das bandas locais Gonorants e The Squintz, começou com a clássica "Rockaway Beach" e seguiu lembrando bastante o melhor registro ao vivo dos Ramones, It's Alive, de 1979. Os fãs dançaram, pularam e cantaram junto hinos do punk rock como “Teenage Lobotomy”, “Psycho Therapy”, “Sheena Is A Punk Rocker”, “Havana Affair”, “Beat On The Brat”, “53rd And 3rd”, “Judy Is a Punk”, “Rock N Roll Radio”, “Now I Wanna Sniff Some Glue”, “Poison Heart”, “I Believe In Miracles”, “KKK Took My Baby Away”, “I Wanna Be Sedated”, “Pet Sematary”, “Today Your Love, Tomorrow The World” e “Pinhead”, todos tocados quase sem pausas além da clássica contagem: "1234"!

Após cerca de uma hora a banda se retirou do palco apenas para ouvir o público gritar novamente "Hey Ho, Let's Go!". Na volta, o vocalista Michale Graves subiu sozinho ao palco carregando apenas um violão para executar três faixas dos Misfits, como já vinha fazendo nos outros shows da turnê brasileira. Apesar dos gritos pedindo sons da banda de horror punk, apenas uma minoria na platéia sabia cantar junto “Descending Angels”, “Scream” e “Saturday Night”. Momento emocionante para os fãs da banda e de descanso para aqueles que não os conhecem bem. Em seguida, o restante da banda-tributo volta ao palco para executar uma versão elétrica da ótima "Dig Up Her Bones", hit maior da fase em que Graves esteve a frente dos Misfits e "When We Were Angels", primeira faixa própria do Blitzkrieg, composta pelo vocalista.

A banda saiu mais uma vez do palco, mas todos sabiam que o show ainda não havia terminado, não sem a execução do hino maior dos Ramones. Rapidamente os quatro subiram de volta e tocaram “What A Wonderful World”, na boa versão do disco solo de Joey Ramone e obviamente “Blitzkrieg Bop”, para encerrar a noite. Após uma hora e meia, os fãs que encheram o Arena estavam satisfeitos e com sorrisos no rosto.

Por outro lado, não se pode dizer que não houve falhas no evento. Para começar, o público da noite foi visivelmente menor que o da apresentação de CJ Ramone, apesar de ainda ter marcado presença em bom número. Já Michale Graves parecia empolgado, mas não deixou de reclamar do som do local, já que quase ficou surdo com as interferências do microfone e não pode se aproximar do público e da beira do palco sob o risco de tomar choques. O vocalista também se mostrou incomodado com a dificuldade da mesa de som em equalizar o violão na parte acústica da apresentação. Nada, no entanto, que tenha estragado a ótima celebração ramônica com a banda cover de luxo do Marky. Na saída, fãs comentavam que para a homenagem ser perfeita era só tirar os dois argentinos e colocar CJ e o produtor Daniel Ray no baixo e na guitarra. Difícil discordar.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

The Crowd at a Rock Show


A webcomic Subnormality é publicada virtualmente pela Virus Comix desde 2007. A HQ não tem personagens fixos e muitas vezes nem mesmo pode ser classificada como quadrinhos, mas como charge. De qualquer forma, deparei-me com a imagem acima, que me leva a conclusão de que shows undergroud de rock são muito parecidos em qualquer lugar do globo. Claro que há cenas muito mais estruturadas que outras, mas que fã de rock alternativo não se identifica com o cenário e os personagens acima? A charge, disponível apenas em inglês, pode ser ampliada para melhor leitura. É só clicar na imagem.