quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Zander no Art Garage


No domingo, após as alegrias e tristezas da última rodada do Campeonato Brasileiro de Futebol, um bom número de roqueiros se reuniu no Art Garage para assistir a seis shows de hardcore. A principal atração da noite era a banda carioca Zander, comandada pelo vocalista, multi-instrumentista e compositor Bil, famoso por seu trabalho em grupos finados como Noção de Nada e Deluxe Trio. O evento estava marcado para as 17h, mas houve certo atraso para o inicio das atividades.

Na abertura do evento, apresentaram-se Rainha Vermelha, os goianos do Atomic Winter, Hellena, Perfecto e Dias. A maior parte do público era ligada à cena hardcore, muitos deles straight edges. Era natural, portanto, a presença de uma barraquinha de comida vegana convivendo em perfeita harmonia com o bar do local. Também havia várias bancas de CDs e merch das bandas que se apresentariam durante a noite. O esquema todo só foi desmontado quando a chuva começou a cair durante o penúltimo show da noite, da banda Dias.

O Zander subiu ao degrau do Art Garage por volta das 23h30, um pouco tarde para um domingo, mas o horário não desanimou os fãs do quinteto. Com o som um pouco embolado a banda carioca começou a apresentação tocando vários sons de seu álbum de estréia, o ótimo Brasa, que estava à venda no local por apenas R$10. Enquanto canções como "Humaitá" e "Motim" eram executadas com muita energia pelo grupo, o apertado salão foi tomado por violentas rodas de pogo e crowd surf. Se o local permitisse, provavelmente também haveria muitos stage dives e até os head walks praticados pelos mais sem noção.

Após o inicio focado em Brasa, as músicas dos dois EPs que precederam o álbum começaram a aparecer e foram recebidas com igual empolgação pelos presentes, que cantavam junto canções mais conhecidas como "Auto Falantes" e a excelente "Pólvora", e não pararam de agitar nem durante músicas mais lentas como "Dialeto", "Em Construção" e "Meia Noite". A apresentação seguiu com essa boa interação entre a banda e o público até o seu final, sem bis, ou qualquer frescura mainstream.

No entanto, nem todos aguentaram o calor extremo que fazia dentro do pequeno Art Garage. As janelas fechadas (talvez em função do pé d'água que caia do lado de fora) e o teto muito baixo não ajudavam a melhorar a o ambiente, que foi ficando cada vez mais úmido. No final da apresentação, a sensação era de se estar vendo um show em uma caverna. Na verdade, à exceção das duas primeiras fileiras imprensadas contra o degrau, também não se estava vendo muita coisa, mas apenas escutando, o que prejudica um pouco a experiência de assistir a uma banda com músicos experientes e com boa presença de palco.

Claro que com os perrengues ficam memórias únicas, como a chance de ver Nenê Altro do Dance of Days quase ser esmagado contra o teto da Zoona Z durante um crowd surf, mas já passou da hora de Brasília ter uma casa de shows minimamente adequada para shows pequenos como o do último domingo. Aliás, também falta à cidade casas de shows para eventos médios, mas não parece que veremos a solução para a falta de estrutura em breve. Por enquanto, os roqueiros da capital continuarão vendo (ou apenas ouvindo) ótimos shows em lugares como Art Garage. Paciência.

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