quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Bad Religion - The Dissent Of Men (2010)

15º álbum do Bad Religion, The Dissent of Men começa seguindo a tradição criada pela própria banda californiana desde a volta do guitarrista Brett Gurewitz, em The Process of Belief, de 2002. São três faixas pesadas e rápidas, prontas para agradar os fãs mais saudosistas da banda. Mas não se deixe enganar. O novo álbum do sexteto é possivelmente o mais variado de toda a ótima discografia dos caras. Com o jogo ganho nas primeiras faixas, Mr Brett e o vocalista Greg Graffin ficam livres para experimentar nas composições e criam um disco que se equilibra bem entre o hardcore (muito) melódico que os tornou tão respeitados no underground, o pop punk que os levou a certo sucesso comercial e a uma grande gravadora, e alguns rocks cadenciados, que marcam a inovação anunciada pela banda antes do lançamento.

Segundo Brett Gurewitz, várias canções de The Dissent of Men o tiraram da zona de conforto a que banda havia se confinado nos três últimos lançamentos, levando-o de volta à variedade dos clássicos Recipe For Hate e Stranger Than Fiction, da primeira metade da década passada. Para além deles, algumas faixas chegam a lembrar os fracos No Substance e New America, mas a banda se sai muito melhor do que se saiu 10 anos atrás ao explorar instrumentais distantes do punk/hardcore e ao dar mais atenção à melodia do que à velocidade ou o peso das guitarras. "Pride and The Pallor", "Turn Your Back On Me" e "Where The Fun Is" (cujo riff repetitivo lembra "Hippy Killers") caberiam bem nos álbuns citados, mas não soam preguiçosas como soavam as músicas daqueles lançamentos, e poderiam ter elevado os discos de 1998 e 2000 a outro nível de qualidade.

Entre as faixas mais pops, chamam atenção a ótima "Ad Hominem", com seu instrumental quebrado e um refrão surpreendentemente grudento, e "I Won't Say Anything", uma balada que fecha o disco e pode chocar alguns fãs. Extremamente radiofônica, a faixa é boa, mas só tem o vocal de Graffin em comum com o restante das músicas do Bad Religion. Também surpreendentes são "Someone To Believe" e "Cyanide". A primeira conta com um riff de hard rock bem integrado à pegada hardcore típica da banda, e a segunda tem fortes influencias de rock clássico e até country. Cadenciada, a faixa tem guitarras com um timbre setentista e até um slide no solo. A descrição faz parecer impossível, mas ambas são canções muito boas. Por outro lado, os fãs mais tradicionalistas também não têm do que reclamar. Além das faixas que abrem The Dissent Of Men, "Wrong Way Kids", "Meeting Of The Minds" e "Avalon" lembram porque o Bad Religion ainda é, após 30 anos, o maior representante do hardcore californiano.

2 comentários:

Rafael disse...

Ainda não ouvi o CD, mas Bad Religion sempre me agrada. O vocal do Greg Graffin é um dos melhores que já ouvi e os riffs deixam marcas com facilidade. Vou escutar para ter certeza do que acabei de escrever. Fallow.
PS: Muito bem postando várias coisas em pouco tempo.

Felipe disse...

Olha, sei não viu... ouvi o CD inteirinho e ainda não tenho certeza se gostei ou se detestei... mas que parece OUTRA banda parece... se bem que não dá pra esperar que todo novo album seja um Gray Race.