quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Go! Go! Girls! no Blackout Bar

O atraso no inicio de eventos é uma tradição nacional, parte da cultura brasileira. Em shows underground essa característica é particularmente acentuada, mas de vez em quando acontecem exageros até para os padrões do underground brasileiro. Apesar do cartaz anunciar 16h, o Pólis só subiu ao palco depois das 19h. Mesmo assim o Blackout estava bem vazio, o que pareceu intimidar a maioria das bandas, que fizeram apresentações um pouco frias. Felizmente o quarteto foi se empolgando ao longo de seu setlist que incluía músicas do seu MySpace e covers de Offspring, Audioslave e Tihuana. Você não leu errado, é Tihuana mesmo. A alternância entre canções pop punk, pop rock, e até nu metal mostrou que o Pólis ainda não definiu muito bem seu som. Nada contra a diversidade (algumas ótimas bandas moldaram seus som a partir de misturas bastante exóticas), mas a banda ainda tem músicas que lembram mais suas influencias do que uma identidade sonora própria. Geralmente o tempo se encarrega de resolver essa questão. Apesar disso, a banda executa muito bem suas composições, com destaque para a talentosa vocalista Kizia.

A banda seguinte foi o Lips, que também é conhecida por misturar estilos de rock, mas está alguns passos à frente da banda anterior em seu objetivo de criar um som próprio. A banda mostrou as músicas de sua primeira demo, como a porrada “Fuck It All”, dedicada aos casais, e um cover de “Teenage Kicks”, do Undertones. Uma boa apresentação, mesmo não sendo a melhor que o quarteto já fez. Em seguida as meninas do Keshi mostraram seu pop rock para o pequeno público da noite. Nana é certamente a melhor vocalista do rock underground brasilense e mostrou isso nos dois covers executados pela banda “Ódio”, do Luxúria e “Namorinho de Portão”, na versão Penélope. Esse último, define bem o som da banda, bastante radiofônico e muito bem feito. Destaque para a boa “Atalho”.

Em uma noite marcada pela diversidade de estilos, o Terror Revolucionário se saiu bem. Apesar de ser de longe a banda mais pesada da noite, foram bem recebidos pelo público ao mostrar seu grindcore. O vocalista Felipe desceu do palco e cantou quase todas as musicas no meio do público, quebrando o clima frio das apresentações anteriores. Tocaram ainda um cover de “Kaos Klitoriano”, da banda de mesmo nome. Uma apresentação impressionantemente veloz. Depois de um período com poucos shows, o Pulso está divulgando seu recém lançado disco, Quantas Vezes Mais Até Acertar?. Experiente, a banda mostrou segurança em sua curta apresentação, já que devido ao horário, cortaram algumas faixas de seu setlist. Por sorte, não decidiram cortar a divertida versão punk rock de “Like a Virgin”, da Madonna.

A última atração da noite foi o trio paulista Biggs. Em atividade desde 1997, Flávia, Mayra e o baterista Brown, mostraram um som que mistura influencias de Bikini Kill e L7 com o rock n roll de Stooges e MC5. Apesar do público pequeno, a banda não se intimidou e tocou com a empolgação que seu repertório, todo em inglês, merece. Curiosamente, foram o único grupo que não tocou nenhum cover, e não foi por falta de pedido. Mas a resposta foi categórica: “A gente não toca cover. Desculpa”. O show da banda ainda teve direito a um final barulhento, digno da quebradeira do Nirvana ou das apresentações do Sonic Youth. Ao final da noite, o ponto mais negativo desse Go Go Girls não foi o atraso nem o pequeno púbico, mas o próprio desinteresse das bandas que se apresentaram em ver o show dos colegas. A maioria dos grupos se contenta em chegar, fazer seu show e ir embora, sem demonstrar muito interesse por ouvir outros sons, outras bandas ou simplesmente prestigiar o evento. Como se fosse um emprego, batem seu ponto, fazem seu trabalho e caem fora rapidamente. Lamentável.

5 comentários:

CultZine disse...

Concordo com o que você falou no final. Muito lamentável o desinteresse das outras bandas...
=/
-Gabi

Jeaninne Doe disse...

mto boa a resenha!! ehhehehe
o resto vc ja sabe! bjks

amag disse...

tava lendo uns textos antigos aqui do blog e me deparei com um sobre o cd do Discoteque. nossa, eu sou louca por essa banda! morro de tristeza em saber que eles não lançaram/ão mais nada!
mas que bom saber que mais gente ouviu e gostou! :o)

Léo Werneck disse...

alguém lendo os textos antigos. que legal.

pois é, mas pelo menos tem o deluxe trio, que eu tb acho bem legal...

Boss Matsumoto disse...

Agora eu li!
FOi isso mesmo que eu vi!