
Com pouco mais de uma hora de atraso e uma praça do Conic não muito cheia, teve inicio a segunda edição da Sessão de Sábado. O som estava bom, muito acima da média dos shows underground, e havia até mesmo uma iluminação de palco, apesar da ausência de um palco propriamente dito. A primeira banda a tocar foi o Sanz, que contava com um trombonista em sua formação, algo que não se via há algum tempo. Em seguida, o Redial Rocker (organizadores do evento) mostrou seu pop punk adolescente e fez um bom show, apesar de um pouco cansativo. A banda toca bem e se aproveitou do fato de muitos dos seus amigos estarem na platéia, cantando todas as letras despretensiosas da banda, com forte inspiração em Blink 182, influência comum a quase todas as bandas do evento. As músicas do Redial soam um pouco genéricas, sem nenhum destaque, mas a banda tem talento e, se continuar trabalhando, poderá vir a se tornar muito boa.
A terceira banda a tomar o palco foi o Dissonicos, única banda da tarde que não toca pop punk e também a única cujos membros tem mais que 20 anos. Apesar do vocalista Álvaro parecer um pouco abatido, a banda fez um bom show, mostrando que experiência pode fazer diferença. Com pouco esforço o Dissonicos conseguiu prender a atenção de um publico que claramente não era o seu. Além das músicas próprias, tocaram White Riot, do The Clash e uma versão punk rock de Help, dos Beatles. Os momentos mais descontraídos do show ficaram por conta do baixista César, que se apresentou com um sutiã pendurado em seu instrumento e mostrou habilidade ao, simultaneamente, tocar e beber cerveja por um beer bong servido por amigos.
A banda seguinte foi o Recorde, cujo baixista deixou a banda poucos dias antes da apresentação. O lugar foi preenchido por Pedro, que tocava com o guitarrista Rafael no finado Strelinhas. Trazendo o pop punk de volta ao palco, a banda foi segura em sua apresentação, apesar do desfalque. Rafael conseguiu segurar bem a única guitarra, cantar e ainda arrumar sua bermuda, que insistia em cair várias vezes por música. Estranho que alguém capaz de cantar e tocar bem ao mesmo tempo não saiba apertar o cinto de sua roupa. A apresentação também contou com a participação do vocalista do Firstations, Régis, mostrando a potencia de seu vocal em uma música do Strelinhas.
A Sessão estava indo bem até este ponto, mas a banda que fechou a noite, o Lactobacilos Vivos, deixou bastante a desejar. Tocando para os amigos, mostraram seu som, que fica entre o pop punk das bandas anteriores e o hardcore melódico das grandes bandas californianas da década passada. Tudo, porém, mal executado. Diferentemente de seus antecessores, o Lactobacilos ainda precisa melhorar muito, uma vez que mostrou instrumentais e vocais fracos e alguns momentos constrangedores, como os covers de Millencolin e NOFX, e a música em que o guitarrista tocou de cueca. Dispensável.
De forma geral, as bandas precisam melhorar suas apresentações e presença de palco. A maioria delas, formadas por integrantes ainda muito inexperientes, se contenta em agradar seus 30 amigos que estão na frente do palco e esquecem de se comunicar e tocar para o resto do público, que não necessariamente os conhece ou às suas músicas. O local do show também não foi dos mais apropriados. Apesar de um bom show não depender do lugar em que se dá, e de ser sempre louvável a iniciativa das bandas se organizarem para tocar, aonde quer que seja, a cena de Brasília merecia locais mais adequados. Por outro lado, o publico foi razoavelmente numeroso, já que o Conic é um lugar central e o show era gratuito. No final, apesar dos problemas, o saldo foi bastante positivo.
(com ajuda de Mr. Matsumoto)