domingo, 27 de abril de 2008

A “cena” e os “showzinhos”

A cerca de uma semana atrás, postei aqui uma resenha do primeiro dia do Coquetel Anti-tédio, festival organizado pela Ziperona. Infelizmente o evento não encheu muito em nenhuma das 3 datas, apesar de uma escalação variada de bandas que tem se apresentado com freqüência na cidade. Escrevi que era “difícil saber se a falta de público se deve a um encolhimento da cena, a uma superexposição das bandas que tocam na cidade quase todo final de semana, ou a ausência da atração principal da noite, a banda chilena Humana”.

Talvez seja uma soma de tudo isso. É difícil falar de encolhimento de uma cena que sabidamente sofre de um “efeito sanfona”. Ian, guitarrista da banda Ilustra e produtor de shows deixou um extenso comentário no post, que mostra que nem mesmo os próprios produtores e bandas realmente sabem direito onde estão pisando.

Brasília é uma cidade estranha em relação a isso. Não se sabe o que acontece nos shows. Às vezes "lota" e dá a impressão de que a parada está ressurgindo, e às vezes fica tão vazio que despilha de fazer [organizar] qualquer coisa.


Ian também falou sobre as razões da superexposição das bandas:

A superexposição realmente cansa, mas ela existe por diversos fatores. São sempre as mesmas bandas, mas também são os mesmos organizadores. Repito bandas nos shows, a minha sempre. Organizar shows é uma coisa tão cara e trabalhosa, que faço questão de tocar. Ter esse prazer. Entendo que as poucas pessoas que organizam shows preferem não arriscar.

Falta também iniciativa das bandas novas, de organizarem shows e fazerem correrias, para um dia conseguirem "status" e serem convidadas sempre pra tocar, num reconhecimento de seus trabalhos. Minha banda mesmo não brotou de uma árvore. Foi um longo processo, até eu me envolver com shows e com estes shows fazer novos contatos e aparecer na cena.


Não discordo de nada, mas a questão vai além. Acho que a superexposição é natural em uma cena relativamente pequena de uma cidade média. E também tem seu lado positivo, uma vez que se apresentar ao vivo quase todo final de semana ajuda as bandas a evoluírem mais rapidamente. Talvez lineups com bandas de estilos mais diversos pudesse integrar um pouco os apreciadores de diferentes subgêneros e possibilitasse shows maiores. Pode parecer arriscado, mas tem dado certo para o Porão do Rock, nos últimos 10 anos.

Também acho que se soma a tudo isso, o fato de estarmos em uma entressafra de bandas locais “famosas”. Há algum tempo atrás tocavam no mesmo palco bandas iniciantes e conhecidas, como Bois de Gerião, Gramofocas e Móveis Coloniais de Acaju. Infelizmente, hoje nenhuma banda local dura tempo suficiente para lançar 1 ou 2 discos e formar uma base de fãs que vá além dos 200 aficcionados que comparecem toda semana ao Blackout ou ao... Blackout.

O que nos leva ao último ponto. A falta de estrutura. Tem quem ache bom o suficiente, mas os degraus que ousam chamar de palco, o som e iluminação apenas razoáveis da maior parte dos locais afasta parte do público, principalmente aqueles maiores de 20 anos, que preferem escutar rock em casa e ir a um show do Dead Fish a cada 2 anos. Entendo que os custos são altos, que ninguém vive de organizar shows underground e que simplesmente não vale a pena tamanho trabalho e gasto para aparecerem apenas 200 pessoas. Mas não deixa de ser um ciclo vicioso. A quantidade de fãs de punk rock, hardcore, emo, indie rock, e metal de diversos estilos é incomparavelmente maior que a quantidade de freqüentadores de “showzinhos”. Pode não ser nenhuma das citadas nesse texto, mas deve existir alguma razão.

9 comentários:

Anônimo disse...

Realmente, essa cena é uma incógnita longe de ser desvendada. Com certeza isso acaba despilhando a realização de mais shows, mas isso pode ser visto também como um incentivo à busca de novos lugares para fazer os shows, novas bandas, enfim, uma MUDANÇA propriamente dita. Blackout? pode ser legal sim, mas 2 vezes por semana SATURA. Qual é a solução? Unir as forças de todas as produtoras e começar a construir um palco novo para os eventos. Algo como um "rodizio" de locais. Imagina só, todo final de semana um show diferente, com bandas diferentes em locais diferentes? É claro que poucos vão querer perder. Claro que para isso, vários fatores devem ser levados em conta. Preço acessível, boas bandas (ou seja, boa música), e passar a mensagem de que NÃO pode parar de jeito nenhum. Brasilia é nova, mas todos a tratamos como se ela fosse 'macaca velha' do país. Vamos começar do COMEÇO pessoal, quem sabe um dia isso aqui vira um roteiro de atrações internacionais também? Para isso acontecer, precisamos fortalecer o roteiro de bandas nacionais, principalmente as locais. União, galera. Essa é a solução!

Anônimo disse...

É, acho que o Gabriel disse mais ou menos o que eu diria. Aqueles que querem ser produtores dos shows da cidade devem se organizar para melhorar a atratividade dos eventos. Ouvi algumas coisas esses dias que me fazem refletir também. Não posso discordar quando dizem que boa parte do público, ao contrário dos tempos da protons, não vem mais aos shows para ver as bandas e sim como um lugar de pegação(seremos nós os micareteiros do HC?). É claro que existem as pessoas que vão pelas bandas, pela proximidade que esses shows dão do artista com o público, etc. Mas acho que devemos começar a pensar um pouco nisso também. Não? Acho que esse comportamento se deve a alguns aspectos da capital que são muito bizarros, mas não vem ao caso entrar. Mesmo que tudo isso, no final,sejam fatores pra esse público complicado que é o público de Brasília.

Léo Werneck disse...

bom saber que apesar das dificuldades vcs continuam pilhados e dispostos a melhorar. acho que um rodízio maior de lugares e bandas seria realmente legal.

considerando as circunstâncias, acho que as novas produtoras da cidade estão fazendo um bom trabalho. penso que um dos maiores problemas hoje é que nos falta um bom lugar, como era o sesc, com bom palco, som, iluminação... isso ajudaria muito. mas achei a estrutura montada no colégio senior muito boa. a do show do aditive ano passado no polivalente também não foi nada mal...

quanto aos shows se tornarem mais um lugar de pegação do que algo voltado para a música, não há muito o que possamos fazer. em qualquer show de qualquer tamanho em qualquer lugar do mundo sempre vai existir uma parcela do público que vai para ouvir música e outra que vai para ver e ser visto. acho que se as pessoas forem (e entrarem, é claro), já é um bom começo...

abraços!

Anônimo disse...

SUGESTÕES:

Ai galera, sou Rick vocal da Yacoby e Ecclesia, somos do entorno, e já tocamos no Blackout, Blues Pub e tal,
estamos sempre fazendo eventos na nossa quebra, sempre firmamos parcerias como
as bandas daqui pra fazer os eventos, pois achamos ki sozinho não ta pra fazer nada,
acho essas parcerias ficam bem diversificados os eventos e melhora a qualidade dos shows claro pois
cada um ajuda em uma parte pra ficar perfeito.
A galera ate ki tem feito presença em todos pois aki era meio escarço mais como essas parcerias de
bandas e produtores melhora a divugação tambem saca.
Por isso acho ki poderia haver tb esses esquemas de parceria mais intensa do DF como Entorno. Existe uma diversidade
de banda na região tão grande que eu não entendo porque ki esse shows ki rolam por ai são tão iquais
sempre as mesmas bandas... as seletivas da impresão ki só ganha quem tem mais amigos por ai... vai
pela amizade e não pela qualidade ?? uma critica construtiva claro.
Esse mês estamos organizando 2 show de responsa: um dia 10 como banda da região e do Gama e Taguá,
e o melhor ki é uma parceria como o Subversão ki vai fazer o 4º Atividade Subersiva no entorno dia 17, valparaiso
tb com bandas do entorno e bsb, só bandas de qualidade não so pela amisade mais pela qualidade tb.
Acho ki é essa parceria só cresceria o cenário de Brasília e entorno e aumentaria a qualidade
dos show desta região, e diminiria a trabalheira que as vezes fica nas costas de poucas pessoas envolvidas
e ainda aumentaria a diversidade e qualidade das bandas.VAMU PENSAR NO ASSUNTO, OBRIGADO!

os fouders dos eventos no link:

Anônimo disse...

REVOLUÇÃO ROCK:

http://i213.photobucket.com/albums/cc202/rickecclesia/RevoluoP.jpg

ATIVIDADE SUBVERSIVA 4:

http://i213.photobucket.com/albums/cc202/rickecclesia/subversiva_4P.jpg

TODOS CONVIDADES!

Léo Werneck disse...

é rick, acho que vc tem razão. realmente as "cenas" do plano, das satélites e do entorno se comunicam pouco... nem acho que seja uma questão social. acho que é mais preguiça mesmo...

mas foi um bom ponto. não tinha pensado nisso qdo escrevi... esse contato e parceria são muito importantes mesmo.

abraço!

Anônimo disse...

Acho que o maior problema de brasilia eh preguiça e falta de uniao!
se cada banda fizesse a sua divulgaçao, do show q fosse tocar, e chamasse pelo menos 20 pessoas (oq nao eh dificil)a cena jah ganharia bastante.As bandas querem publico mais nao c esforçam para que ele va aos shows.
Outro ponto que ja foi citado eh a falta de um lugar, que no meu ponto de vista deveria ser fixo, fechado e de facil acesso como por exemplo o area 51.caso esse lugar venha a existir seria interessante ter uma uniao entre produtoras para divisao do espaço.
tembem acho que esse sistema de rodizio entre produtoras e lugares tambem funcionaria, a unica coisa que falta eh realmente achar tantos lugares que possam aceitar um evento desses.

Staremo Music disse...

Há sim um problema de união muito grave. tanto das produtoras, quanto das bandas, e do público.

Uma coisa que a gente não lembra, é que quando não estamos fazendo (organizando e/ou tocando), nós também somos público!
Eu toco em 2 bandas, mas nem por isso me limito a ir somente aos shows em que toco.

Muita gente vai no show, chega na hora de tocar, toca, assiste a banda principal e vai embora.
Enquanto a banda de abertura tocou pra meia duzia de pessoas.

Não existe apoio entre as bandas.
Ninguém divulga show de uma outra banda, a não ser que vá tocar.
parece que as bandas tem rixas entre si, porém a vista do público, são amigas.
Ou parece que é medo de que aquela banda "amiga" venha roubar teu público.

Mas não adianta querermos mudar a cena, ou o público de uma vez.
A mudança é lenta, e longa.
Precisamos mudar a mentalidade das pessoas que vão aos shows, mudar o indivíduo e não simplesmente mudar o grupo, e criar uma rotina de show, pra um público que não apóia as bandas, a produção, ou "a cena".
Acaba virando um público desmerecedor de todo o trabalho...
mas o público não somos nós?!

Abraço.
Rique Martins

Anônimo disse...

Acho legal a atitude do Ian em produzir eventos e tocar.Afinal,depois de tanta ralação,tocar no proprio evento é mais do que merecido!

Existem bandas com situação financeira boa pra fazer o mesmo.
Mas a maioria espera cair do céu a oportunidade.E quando não conseguem tocar,preferem falar mal e criticar!

Oportunidade não aparece se ficar de braços cruzados.

Parabenizo a ziperona por produzir shows ótimos!
O problema não é a organização. Mas os locais precários e até mesmo o "público" que não tem interesse em frequentar os showzinhos!