
Dando continuidade a alternância de estilos, o Perfecto tocou seu hardcore melódico para um público que parece cada vez menos apreciar o gênero. Apesar do vocal um pouco fraco e do som embolado (comum no Blackout), o quarteto se saiu bem. Não tão bem quanto a banda seguinte, Ilustra. Sempre profissionais, o sexteto screamo estava desfalcado de seu mais destacado vocalista, Júlio. Felizmente para a banda, os amigos ajudaram, se revezando nos vocais gritados. O improviso resultou em show divertido e surpreendentemente bom.
Com a ausência do Humana ficou a cargo do Cárdia e seu hardcore fechar a noite. A banda toca bem, mas não pareceu muito empolgada com a própria apresentação. É verdade que o pequeno público presente não deu ao show ares de Warped Tour ou coisa parecida. A cerveja ingerida por este resenhista também prejudicou um pouco a observação da última apresentação da noite. Shame on me. Resta torcer para que o bom trabalho da produtora Ziperona seja melhor recompensado nos outros 2 dias de shows.
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Uma semana antes do Coquetel Anti-tédio aconteceu no mesmo Blackout a versão brasiliense da seletiva do Zona Punk e Vans Apostam, que teve como vencedores o PDG. Como sempre acontece nessas ocasiões em que o voto popular escolhe a banda vencedora, aqueles que conseguem levar um número maior de amigos ao show ganham. Não é algo que desmereça o trabalho de qualquer uma das bandas que se apresentou na noite, mas a votação poderia ser feita na entrada, já que ninguém (incluindo esse blogueiro) assiste as apresentações para depois se decidir pela banda que mais gostou.
De qualquer forma, todos os grupos visivelmente se esforçaram para fazer uma apresentação que chamasse atenção dos presentes. Em meio ao som quase sempre mais ou menos, o Sem Fim se destacou, fazendo a única apresentação em que era possível ouvir bem o som de cada instrumento em ação. Frente à postura quase shoegazer dos outros integrantes, coube ao baixista Gabriel e ao baterista Dudu agitarem o show. Este último, aliás, fez um ótimo trabalho com as baquetas. O outro destaque foi o Under Atlantic, que fez um show muito animado, tocando seu pop punk / hardcore melódico, com direito a cover de No Use For a Name. Viva os anos 90.
Um comentário:
O público realmente deixou a desejar, tanto no primeiro dia e até mais no segundo dia. Brasília é uma cidade estranha em relação à isso!
Não se sabe, e eu também não sei o que acontece nos shows. As vezes "lota" e dá a impressão de que a parada tá ressurgindo e as vezes fica tão vazio que despilha de fazer qualquer coisa.
A superexposição realmente cansa, mas também ela existe por diversos fatores. São sempre as mesmas bandas, mas também são os mesmos organizadores de show! Eu me incluo nisso, pois não sou produtor de bandas, não vivo de fazer eventos e faço os shows quase que num intervalo trimestral. Repito bandas nos shos, a minha sempre. Mas por uma obviedade, de que, fazer show tem saido uma coisa tão cara e trabalhosa para mim que ao menos, faço questão de tocar. Ter esse prazer.
Entendo que as poucas pessoas que fazem show preferem não arriscar e apostar em bandas novas por acharem que no seleto grupo de bandas que escolhem para por em shows, tenha um público certo. A minha banda toca bastante, muita gente cansou, mas também sempre que toca com alguma banda de fora o show continua "cheio" até hoje. Não sei se criou um público cativo, ou algo mais ainda interessa a galera.
Muita gente não se arrisca em por bandas novas por ter tido experiências ruins. Colocar bandas que estão a margem destas que sempre tocam e dar menos público que a média das que sempre tocam. Falta também, claro, a iniciativa dessas bandas, de organizarem shows e fazerem correrias, para um dia conseguirem um "status" de serem convidadas sempre pra tocar, num reconhecimento de seus trabalhos. De mão, para quem quiser fazer shows, que o gasto nem sempre é tão alto! Depende da correria e da organização, e o começo é sempre pra dar a cara a bater.
Minha banda mesmo e eu não brotamos de uma árvore e nossa caixa de email se entupiu da noite para o dia de convite para shows. Foi um longo processo, até eu me envolver com shows e com estes shows fazer novos contatos e aparecer na cena, antes era tempo de vacas magras também. A forma como eu enxerguei a cena e como acharia que minha banda poderia crescer foi diferente também. Nada acontece por acaso.
E claro, obrigado pelos elogios! Já li umas 4 ou 5 resenhas que fizeram aqui da minha banda, criticando ou elogiando, sempre gostei, porque enxerguei um trabalho sincero. Desde a primeira resenha do dance of days onde criticaram os vocais, com toda razão, até as últimas com elogios! Valeu.
Ian (ilustra)
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