
Grandes cadeias não sofrem, mas fechamento das pequenas lojas deve continuar em ritmo acelerado
Nos últimos anos a queda na venda de CDs tem sido de cerca de 10% ao ano, segundo estimativas da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI). No Brasil não é muito diferente e, mais do que as gravadoras, isso tem afetado os pequenos e médios lojistas do ramo. A rede de discotecas 2001, que já teve 14 lojas na cidade, deve fechar seus dois últimos pontos até o final do ano. “Nos últimos cinco anos fechamos oito lojas. Só esse ano já fechamos quatro”, explica Josenei de Sousa, gerente da loja da 108 norte.
Segundo o gerente, vários fatores são responsáveis pelo declínio do mercado. A música digital, a pirataria e o preço dos CDs são os principais. “O preço de CD é uma coisa irreal, não existe. Isso contribui com a pirataria e com os downloads de internet”, defende. Ainda segundo ele, a queda nas vendas na rede 2001 chegou a quase 70% em 2007 em relação ao pico de vendas alguns anos atrás. Josenei prevê que até o fim de 2009 Brasília não tenha mais nenhuma loja que venda exclusivamente discos. “Só lojas de departamento, como a [Livraria] Cultura e a Fnac”, complementa.
De fato, estas parecem alheias à crise. Fábio Herz, diretor comercial da Livraria Cultura diz que as vendas da cadeia não têm caído. Segundo ele, em 2007 a Cultura apresentou um aumento de 23% em número de CDs vendidos. Os recém fechados números do primeiro trimestre de 2008 são ainda mais generosos: um crescimento de 52% em relação ao mesmo período do ano passado.
Herz explica a diferença entre sua loja e o mercado em geral. Segundo ele, a rede não investe em grandes lançamentos ou promoções. “A Cultura sempre esteve focada nos produtos de catálogo, temos um bom acervo de jazz, blues e música clássica”, diz. Para o diretor, ainda há espaço para os discos porque o brasileiro não tem o hábito de comprar pela internet e ainda existe o consumidor que gosta de CDs. “Outra coisa importante é o atendimento. CD é commodity, o importante é pegar o cliente pelo coração”, complementa.
Apesar da realidade conflitante, os números demonstram que a crise do mercado fonográfico é uma realidade, e Josenei de Souza atribui grande parte da culpa às gravadoras. “Elas demoraram muito pra cair na real. Se há cinco ou seis anos as gravadoras tivessem tentado baixar os preços, o mercado não teria chegado onde chegou”, defende. O gerente diz ainda que o preço médio dos CDs de cerca de R$ 30 deveria ser reduzido à metade. “Se tivesse um produto de qualidade com preço bom, as pessoas não iam correr para a pirataria”, defende.
Mas talvez o modo de consumir música esteja mudando radicalmente, independente do preço dos CDs. Josenei e Fábio Herz concordam que o público que consome discos atualmente é de alta renda e de meia idade. Existem também aqueles colecionadores, que até hoje compram discos de vinil. “O público geral consome qualquer coisa. Baixa [da internet], compra pirata, depois joga fora”, diz o gerente da 2001.
Fábio Herz diz que culpar a pirataria é simples e que ela é uma realidade em todo o mundo. Segundo ele, a Livraria Cultura não é muito afetada porque produtos piratas estão muito focados em determinados tipos de música. “Ninguém compra a 9ª Sinfonia de Beethoven pirata”, explica. Apesar disso, o diretor concorda que a forma de consumir música está mudando. Segundo dados da Associação Brasileira de Produtores de Discos, o crescimento das vendas de músicas em formato digital –como o mp3- em 2007 foi de 185% em relação a 2006, somando cerca de 8% do faturamento do mercado fonográfico brasileiro.
Provavelmente devido à chamada exclusão digital o mercado brasileiro ainda é pequeno se comparado ao mercado internacional. Segundo a IFPI, o comércio de músicas digitais já é responsável por 15% das vendas da indústria musical de todo mundo, cerca de R$ 5,1 bilhões. Ainda de acordo com as estimativas da IFPI, o “mercado” de downloads considerados ilegais pela industria musical é cerca de 20 vezes maior do que o legal.
A campeã de vendas digitais em 2007 foi a cantora canadense Avril Lavigne, cuja música “Girlfriend” vendeu 7,3 milhões de arquivos. Neste cenário, os artistas estão fazendo apostas diferentes das gravadoras e lojas de discos, que não ganham nada com os downloads ilegais. Devido à possibilidade de se tornarem mundialmente conhecidos e aumentarem seus ganhos em shows e venda de merchandising, muitos artistas não vêem os downloads chamados ilegais com maus olhos. Mais do que isso, bandas internacionais famosas, como Radiohead e REM, estão adotando a estratégia da venda direta via sites próprios.
As estratégias dos lojistas são outras. De acordo com Fábio Herz, a Livraria Cultura está estudando o que fazer no futuro, quando a mídia CD for substituída. “Talvez vender músicas digitais”, diz. Ainda segundo ele, o espaço em loja deve ser substituído por DVDs ou games. A venda em número de unidades de DVDs na Cultura cresceu 86% no primeiro trimestre desse ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. Em relação aos games, Herz diz que estão ganhando muita força. “O público adolescente consome muito. Temos que ficar atentos às novidades”.
Já Josenei de Sousa diz que sua loja ainda aposta em encomendas e em um atendimento diferenciado, mas que a única ação especifica tem sido pressionar as gravadoras por preços menores. “Para vender alguma coisa temos que ter um bom preço. Não tem para onde correr, essa é a verdade”, explica. Mas se as pequenas lojas não tem muita perspectiva, o gerente já fez seus planos para o futuro. “Vou correr pra outro lado. Música não faz mais parte dos meus planos. Pretendo trabalhar no departamento pessoal de alguma empresa”, diz.
Nos últimos anos a queda na venda de CDs tem sido de cerca de 10% ao ano, segundo estimativas da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI). No Brasil não é muito diferente e, mais do que as gravadoras, isso tem afetado os pequenos e médios lojistas do ramo. A rede de discotecas 2001, que já teve 14 lojas na cidade, deve fechar seus dois últimos pontos até o final do ano. “Nos últimos cinco anos fechamos oito lojas. Só esse ano já fechamos quatro”, explica Josenei de Sousa, gerente da loja da 108 norte.
Segundo o gerente, vários fatores são responsáveis pelo declínio do mercado. A música digital, a pirataria e o preço dos CDs são os principais. “O preço de CD é uma coisa irreal, não existe. Isso contribui com a pirataria e com os downloads de internet”, defende. Ainda segundo ele, a queda nas vendas na rede 2001 chegou a quase 70% em 2007 em relação ao pico de vendas alguns anos atrás. Josenei prevê que até o fim de 2009 Brasília não tenha mais nenhuma loja que venda exclusivamente discos. “Só lojas de departamento, como a [Livraria] Cultura e a Fnac”, complementa.
De fato, estas parecem alheias à crise. Fábio Herz, diretor comercial da Livraria Cultura diz que as vendas da cadeia não têm caído. Segundo ele, em 2007 a Cultura apresentou um aumento de 23% em número de CDs vendidos. Os recém fechados números do primeiro trimestre de 2008 são ainda mais generosos: um crescimento de 52% em relação ao mesmo período do ano passado.
Herz explica a diferença entre sua loja e o mercado em geral. Segundo ele, a rede não investe em grandes lançamentos ou promoções. “A Cultura sempre esteve focada nos produtos de catálogo, temos um bom acervo de jazz, blues e música clássica”, diz. Para o diretor, ainda há espaço para os discos porque o brasileiro não tem o hábito de comprar pela internet e ainda existe o consumidor que gosta de CDs. “Outra coisa importante é o atendimento. CD é commodity, o importante é pegar o cliente pelo coração”, complementa.
Apesar da realidade conflitante, os números demonstram que a crise do mercado fonográfico é uma realidade, e Josenei de Souza atribui grande parte da culpa às gravadoras. “Elas demoraram muito pra cair na real. Se há cinco ou seis anos as gravadoras tivessem tentado baixar os preços, o mercado não teria chegado onde chegou”, defende. O gerente diz ainda que o preço médio dos CDs de cerca de R$ 30 deveria ser reduzido à metade. “Se tivesse um produto de qualidade com preço bom, as pessoas não iam correr para a pirataria”, defende.
Mas talvez o modo de consumir música esteja mudando radicalmente, independente do preço dos CDs. Josenei e Fábio Herz concordam que o público que consome discos atualmente é de alta renda e de meia idade. Existem também aqueles colecionadores, que até hoje compram discos de vinil. “O público geral consome qualquer coisa. Baixa [da internet], compra pirata, depois joga fora”, diz o gerente da 2001.
Fábio Herz diz que culpar a pirataria é simples e que ela é uma realidade em todo o mundo. Segundo ele, a Livraria Cultura não é muito afetada porque produtos piratas estão muito focados em determinados tipos de música. “Ninguém compra a 9ª Sinfonia de Beethoven pirata”, explica. Apesar disso, o diretor concorda que a forma de consumir música está mudando. Segundo dados da Associação Brasileira de Produtores de Discos, o crescimento das vendas de músicas em formato digital –como o mp3- em 2007 foi de 185% em relação a 2006, somando cerca de 8% do faturamento do mercado fonográfico brasileiro.
Provavelmente devido à chamada exclusão digital o mercado brasileiro ainda é pequeno se comparado ao mercado internacional. Segundo a IFPI, o comércio de músicas digitais já é responsável por 15% das vendas da indústria musical de todo mundo, cerca de R$ 5,1 bilhões. Ainda de acordo com as estimativas da IFPI, o “mercado” de downloads considerados ilegais pela industria musical é cerca de 20 vezes maior do que o legal.
A campeã de vendas digitais em 2007 foi a cantora canadense Avril Lavigne, cuja música “Girlfriend” vendeu 7,3 milhões de arquivos. Neste cenário, os artistas estão fazendo apostas diferentes das gravadoras e lojas de discos, que não ganham nada com os downloads ilegais. Devido à possibilidade de se tornarem mundialmente conhecidos e aumentarem seus ganhos em shows e venda de merchandising, muitos artistas não vêem os downloads chamados ilegais com maus olhos. Mais do que isso, bandas internacionais famosas, como Radiohead e REM, estão adotando a estratégia da venda direta via sites próprios.
As estratégias dos lojistas são outras. De acordo com Fábio Herz, a Livraria Cultura está estudando o que fazer no futuro, quando a mídia CD for substituída. “Talvez vender músicas digitais”, diz. Ainda segundo ele, o espaço em loja deve ser substituído por DVDs ou games. A venda em número de unidades de DVDs na Cultura cresceu 86% no primeiro trimestre desse ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. Em relação aos games, Herz diz que estão ganhando muita força. “O público adolescente consome muito. Temos que ficar atentos às novidades”.
Já Josenei de Sousa diz que sua loja ainda aposta em encomendas e em um atendimento diferenciado, mas que a única ação especifica tem sido pressionar as gravadoras por preços menores. “Para vender alguma coisa temos que ter um bom preço. Não tem para onde correr, essa é a verdade”, explica. Mas se as pequenas lojas não tem muita perspectiva, o gerente já fez seus planos para o futuro. “Vou correr pra outro lado. Música não faz mais parte dos meus planos. Pretendo trabalhar no departamento pessoal de alguma empresa”, diz.
2 comentários:
q foto assustadoramente desértica...
Po legal o blog descobri por acaso vendo as resenhas de cd's do zonapunk, tenta divulgar mais ainda e se der da uma conferida no som da minha banda: http://www.myspace.com/themichaeljfox
valeu.
Postar um comentário