terça-feira, 14 de agosto de 2018

Os melhores álbuns de 2017

2017 passou rápido e como já é costume, perdi o lançamento de alguns dos melhores discos do ano, mas ao longo dos meses fui, aos poucos, descobrindo os novos sons de artistas legais, novatos e veteranos. Para começar, nesse ano, algumas bandas bem estabelecidas das quais eu gosto bastante lançaram álbuns bastante esquecíveis. O Foo Fighters, por exemplo, gravou Concrete and Gold, que deveria ser uma volta à simplicidade após os exageros do chato disco conceitual anterior, Sonic Highways. Nah. Ouvi duas vezes e desisti. Não há nada péssimo no disco, mas também não há nenhuma razão para ouvi-lo. Quase tudo ali, eles já fizeram bem melhor anteriormente. E as poucas novidades no som da banda erraram o alvo. Uma pena.

Algo parecido aconteceu com o Flogging Molly, que lançou Life Is Good em julho. Para ser justo, ouvi o disco bem mais do que duas vezes, mas ainda assim não fiquei com as músicas ou letras na cabeça e quando sinto vontade de ouvir a banda não penso nesse álbum. O grupo continua se aproximando cada vez mais de um folk irlandês tradicional e deixando o rock de lado. Isso não é necessariamente ruim e eu sempre gostei do lado mais acústico do quinteto, mas dessa vez não funcionou para mim.


Já outras bandas veteranas laçaram discos muito bons. O Hot Water Music, por exemplo, gravou Light It Up, que conta com muitas composições de Chuck Ragan e poucas de Chris Wollard. O som do álbum não fica muito distante daquele do disco anterior, o bom Exister. Algumas músicas mais rápidas, punk rock, outras mais lentas mas ainda assim pesadas e empolgantes, implorando por singalongs em apresentações ao vivo, e outras ainda um pouco mais próximas do trabalho solo de Ragan, mas com guitarras elétricas e produção roqueira. Nada inesperado ou fantástico, mas ainda assim bem legal.

Já o Rancid lançou Trouble Maker, que é muito melhor que seu trabalho anterior, o esquecível Honor Is All We Know. O disco tem uma urgência surpreendente. Há uns bons anos os vocais de Tim Armstrong não soavam tão fortes e a banda ainda incorporou o som Oi! que Lars Frederiksen vem fazendo no seu trabalho paralelo, Old Firm Casuals, de forma fluida no som já tradicional do Rancid. As letras também melhoraram um tanto, especialmente em Telegraph Avenue e I Kept A Promisse, lembrando o jeito que Tim escrevia nos três primeiro discos da banda. Dessa vez, apenas um ska marca presença no tracklist, a boa e divertida Where I’m Going, cantada por Lars. Outros destaques são Farewell Lola Blue, Bovver Rock N Roll e Say Goodbye To Our Heroes. A única coisa que falta para que esse álbum seja um clássico é o zeitgeist, mas isso não é culpa do Rancid, que não tem o poder de fazer o tempo voltar. Tudo que eles podem fazer é continuar lançado belos discos como esse.

Ainda entre as bandas veteranas, o Rainer Maria lançou seu álbum de retorno, S/T. Confesso não conhecer bem o trabalho da banda, cujo último disco havia sido lançado em 2006. Aparentemente, essa nova encarnação do trio produz um som um pouco mais lento, mas mais pesado, com guitarras sujas e distorções quase shoegaze, em certos momentos. De qualquer forma, S/T é um belo álbum, que por vezes lembra o som mais recente do Sleater-Kinney, com vocais altos, às vezes quase gritados, e um instrumental que vai do etéreo ao angular. Influencias de The Cure e Placebo também podem ser ouvidas entre as 9 músicas que somam pouco mais de meia hora. Bem legal.


Entre bandas e artistas mais novos (pelo menos para mim) também foram lançados vários álbuns legais. O melhor dele é, provavelmente, Losing, segundo trabalho do Bully. A banda tem um som calcado fortemente na virada dos anos 80 para os 90. Pense em Nirvana, Smashing Pumpkins, Sonic Youth, Dinosaur Jr., Hole e Veruca Salt. Os vocais de Alicia Bognanno vão de doces e melódicos para gritos emotivos em menos de um segundo e o instrumental a acompanha, abusando da distorção e da dinâmica start/stop tão característica de bandas da época. Losing talvez seja um pouco menos pesado que o primeiro álbum do trio, mas é tão bom quanto. Destaque para a faixa Kills To Be Resistant. Melhor descoberta do ano.

Outra boa descoberta foi a colaboração entre os singers/songwritters Courtney Barnnet e Kurt Ville, Lotta Sea Lice. Ambos tem um trabalho próprio já consolidado e interessante, mas a parceria caiu como uma luva, combinando vozes e melodias para alcançar um som que é mais do que a soma das partes. As duas músicas de trabalho, Over Everything e Continental Breakfast são excelentes e bem superiores ao restante das faixas, que não fazem feio, mas não empolgam tanto.

Outro disco com algumas músicas ótimas e outras meio esquecíveis é After The Paty, do Menzingers. Tellin’ Lies, Lookers, Bad Catholics e a música título são muito boas e tem letras interessantes, mas o restante do disco não chama tanto a atenção e no final fica a impressão de que a banda está se repetindo um pouco. Ainda assim é um bom álbum de uma boa banda.

Ainda no território do chamado orgcore, os canadenses do Deforesters lançaram um belo álbum intitulado Leonard. O som da banda lembra Loved Ones, Red City Radio, Nothington e Timeshares. Não há muita novidade aqui, mas sobram instrumentais empolgantes e refrões para serem cantados a plenos pulmões. Para quem gosta do estilo como eu, vale muito a pena conferir. Com uma pegada parecida, mas um tanto mais agressiva, o 88 Fingers Louie lançou um novo disco após 18 anos sem novidades. Variando do pop punk ao hardcore, Thank You For Being A Friend te joga imediatamente para uma sessão de skate no meio dos anos 90. HC melódico de ótima qualidade para tardes ensolaradas.

Ainda mais ensolarado é Boxing The Moonlight, dos americanos do Mister Heavenly. Com influencias muito diversas que vão de rockabilly e arena rock até funk e hip hop, o disco é um ótimo exemplo de como música pop pode ser interessante. Mas confesso não ter ouvido o álbum com a atenção necessária para fazer observações mais aprofundadas. Também ficou faltando conferir o novo disco do Slowdive, que retornou à cena musical com seu som shoegaze bem anos 90 após  22 anos parados. Nessa era de acesso infinito à informação e produtos culturais, é humanamente impossível prestar atenção em tudo que se gostaria, infelizmente. Quem sabe em 2018?

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Os melhores álbuns de 2016

2016 passou, muitos músicos famosos morreram, e continuo envelhecendo cada vez mais distante da cena roqueira local e cada vez menos antenado nas novidades internacionais. Ainda assim, alguns bons álbuns passaram pelos meus ouvidos nesse ano. Segue então uma lista dos melhores lançamentos do ano. E dos não tão memoráveis também.

Nessa segunda categoria se encaixam discos como Chemical Miracle, da banda australiana Trophy Eyes. Misturando pop punk melancólico com uma gritaria melódica que vai do triste ao raivoso com letras depreciativas, o álbum não é ótimo, mas é interessante, principalmente quando encontra um som quase onírico mas ainda assim agressivo.

Com uma atmosfera mais antiga, a banda californiana Kicker lançou Rendered Obsolete, um disco de punk rock clássico e hardcore britânico, quadradão, mas legal de ouvir. Os vocais rasgados e as letras sobre bebidas complementam o clima early 80's do disco.

Um pouco mais acima na costa oeste americana, o Noi!se lançou The Real Enemy. Apesar das boas participações dos vocalistas Al Barr, do Dropkick Murphy's e Aimee Allen, dos Interrupters, o disco da banda de Seattle nunca chega a convencer. É legalzinho enquanto está tocando, mas não te faz querer dar play de novo.

Também de Seattle, o The Exquisites lançou seu segundo disco, Home. A banda mistura um pouco de Timeshares, Hold Steady e até pitadas de Dinosaur Jr para conseguir um som sujinho, mas bastante melódico.

Um pouco mais pesado, mas ainda circulando entre o rock alternativo e o punk, Patch The Sky é o novo trabalho do veterano Bob Mould, ex-guitarrista e vocalista do Husker Du e do Sugar. O disco não impressiona e não traz muita novidade, mas é surpreendentemente pesado e energético para um senhor de meia idade. Vale a pena dar uma ouvida.


Os novaiorquinos do Parquet Courts lançaram Human Performance, seu quarto trabalho. A banda continua navegando entre post-punk, garage rock e indie, com influencias de Wire e Pavement. Quem pensou em The Rakes acertou.

Também de NYC, o MakeWar lançou Developing A Theory Of Integrity, com um som que lembra Lawrence Arms e outras bandas recentes de orgcore, mas que infelizmente parece nunca sair da terceira marcha. É legalzinho, mas falta algo para ser realmente bom e empolgante.

Vale ainda lembrar de We Disappear, o bom disco lançado pelo The Thermals. O trio de Portland faz um indie rock com guitarras bem destacadas, que lembra Guided By Voices, mas também se aventura em águas mais escuras onde navega o Editors, e em águas mais cristalinas, de bandas como Future Islands. Pena que os vocais declamatórios soam exagerados e o resultado final um pouco esquecível.

Em uma clima mais garage-punk, os canadenses do Dirty Nil lançaram Higher Power. O disco é sujo e energético, mas a maioria das músicas é esquecida rapidamente, à exceção de 'Zombie Eyed', a melhor canção do trio de Ontario.

Um pouco a leste, na província canadense de New Brunswick, o Right Shitty lançou um álbum bem barulhento e gritado. Bachelor of Arts é o disco de estréia do quarteto e, apesar de não encantar, traz a ótima 'Best Buzz', uma das melhores músicas do ano.

Entre os lançamentos mais esperados, o Dead To Me soltou um EP com uma faixa ótima e duas esquecíveis. Não dá para colocar I Wanna Die In Los Angeles entre os melhores discos do ano, mas a faixa-título é sem dúvidas uma das melhores músicas de 2016. A volta de Jack Dalrymple às composições e vocais também dá a esperança que um bom full-length deve sair em 2017.

Já o Against Me! lançou o sem graça Shape Shift With Me, que não chama atenção sob nenhum aspecto e deve ser esquecido no meio da ótima discografia da banda da Flórida.

No Rio de Janeiro, O Zander lançou um disco legal, mas meio pálido em comparação com o anterior, o ótimo Brasa, de 2010. Todas as características do som da banda estão lá, mas Flamboyant parece ter sido feito com um pouco preguiça, sem muito tesão.

Os veteranos do NOFX decepcionaram um pouco com um álbum muito irregular. First Ditch Effort tem músicas ótimas como 'Six Years On Dope', 'I Don't Like Me Anymore', e 'I'm A Transvest-lite', mas o disco acelera e freia vezes demais e nunca encaixa uma sequencia satisfatória de faixas. O excesso de teclados, de introduções esquisitas, e de duração e sentimentalismo das últimas faixas, 'I'm So Sorry Tony' e 'Generation Z' também não ajuda.

Da mesma forma, o Green Day lançou o decepcionante Revolution Radio. Algumas faixas soam bem legais, como 'Bang Bang', 'Revolution Radio', 'Youngblood' e 'Too Dumb To Die', mas mesmo nelas as letras-colagem muito fracas incomodam. A mesma teatralidade e falta de coesão que prejudicou 21st Century Breakdown atrapalha o álbum, que não flui direito, com baladas demais e produção excessiva. Uma pena. 

Já entre os lançamentos que provavelmente ainda serão ouvidos daqui há alguns anos estão:

Get Dead - Honesty Lives Elsewhere
Punk rock melódico de primeira, com vocais rasgados, instrumental mais limpinho, mas não produzido demais, e uma leve influencia country em algumas músicas são os ingredientes desse ótimo disco. O Get Dead não é das bandas mais valorizadas do cast da Fat Wreck Chords, mas acertou em cheio com esse lançamento. As melodias que chamam a atenção e grudam na cabeça sem perderem a agressividade são o que faz o ouvinte querer deixar o álbum no repeat. 'Dyin' Is Thirsty Work', 'Keep Rowing, Stupid', e 'She's A Problem' são os destaques. Quem gostou de 'Here, Under Protest' do Swingin' Utters deve curtir esse.

Down Memory Lane - Recycled Punk Rockers
O EP dessa banda franco-canadense transporta instantaneamente o ouvinte de volta para o anos 90, trazendo o som de bandas como Pulley e Millencolin à memória. São apenas 5 músicas, todas em inglês, mas banda de Montreal não precisa de mais do que 17 minutos para conquistar os fãs do estilo. A faixa de maior destaque é 'Angel Without Wings', que conta com um breve backing vocal feminino.

Brutal Youth - Sanguine
Terceiro lançamento da banda canadense de hardcore, Sanguine é rápido, pesado, raivoso e ainda assim melódico, mesmo que aos berros. É verdade que de vez em quando eles desaceleram um pouco, como em 'The King', 'Rogue Thoughts' e 'Depression', que se destacam das outras faixas pelo simples contraste com toda a agressividade do restante do disco. No entanto, é exatamente essa energia e velocidade quase fora de controle que mais impressionam no álbum, que conta com ótimas gravação e produção sem soar limpo demais. Para fãs de hardcore americano old school e NYHC.

Culture Abuse - Peach
Primeiro full-length dessa banda de San Francisco impressiona pela energia e a mistura em doses quase perfeitas de garage-punk, power-pop e um pouquinho de grunge. A gravação suja e os efeitos sobre os vocais só acrescentam ao som da banda, criando uma atmosfera interessante e evitando que o disco fique excessivamente radio-friendly, mesmo quando o ritmo diminui e outros instrumentos menos roqueiros se somam às guitarras. O single 'Dream On' é uma das músicas mais empolgantes do ano. Ótima surpresa.

Basement - Promise Everything
Após o lançarem o ótimo Colourmeinkindness em 2012 e entrarem em hiato logo depois, as expectativas dos fãs para esse álbum de retorno da banda inglesa eram altas, e eles não decepcionaram. Promise Everything é um pouco mais pop que o disco anterior, mas também tem seu lado sujo em algumas músicas, com guitarras mais destacadas e vocais mais agressivos. Mesmo nesse momentos, as melodias melancólicas e o clima britânico estão sempre presentes, fazendo o disco soar alegre e triste ao mesmo tempo. Destaque para as ótimas 'Blinded Bye', 'Submission' e 'Promise Everything'.

Violent Soho - Waco
Decididamente mais calmo que os discos anteriores da banda australiana, Waco ainda é pesado e energético o suficiente para empolgar. O clima noventista, que lembra Smashing Pumpkins e Mudhoney, também ainda pode ser encontrado, com os vocais rasgados, os gritos, os riffs distorcidos e sujos, e a alternância de momentos calmos com explosivos. Deixe seu cabelo crescer, pegue uma camisa de flanela e vá ouvir 'Blanket', 'Like Soda' e 'Evergreen' bem alto no seu walkman.

Face To Face - Protection
2016 foi o ano de várias bandas veteranas voltarem a lançar bons álbuns. Logo em março, o Face To Face nos presenteou com um disco bem legal, com um som ao mesmo tempo atual e reverente aos saudosos anos 90. 'Bent But Not Broken' e 'Double Crossed' são os destaques. A vontade é curtir as ótimas melodias e o baixo de Scott Shiflett em cima de um skate em uma tarde ensolada. Ou seja, Punk californiano noventista de primeira.

Bouncing Souls - Simplicity
Simplicity consegue misturar muito bem as melodias e o apelo pop dos últimos álbuns do quarteto de New Jersey com a energia, ritmo e os singalongs dos seus trabalhos mais famosos da virada dos anos 90 para os anos 00. O ótimo single 'Writting On The Wall' é uma das canções mais empolgantes da banda em muito tempo. Já o lado mais calmo do trabalho, de músicas como 'Satellite' e 'Gravity', não fica devendo nada, com seu clima romântico e analogias cósmicas.

Descendents - Hypercaffium Spazzinate
Os pais do pop punk não-ramônico voltaram com um disco quase tão bom quanto o clássico Everything Sucks, de 1996. Impossível não querer cantar junto com as letras inteligentes e engraçadas de Milo. Se por um lado o álbum não traz muita novidade ao som da banda, por outro consegue mesclar com perfeição todas suas facetas. Ah, se o Green Day pudesse fazer algo parecido... Os destaques são 'On Paper', a divertidíssima 'No Fat Burger', a pop 'Smile', e 'Spineless And Scarlet Red' com influencias de Social Distortion.

Blink 182 - California

Em meio às bandas já veteranas que lançaram material bom nesse ano, o Blink 182 foi a maior surpresa. Muito pouca gente ainda esperava alguma coisa interessante vinda do trio, mas a saída de Tom DeLonge e a entrada de Matt Skiba em seu lugar revitalizou o som dos caras. É verdade que muito do peso que Tom trazia aos trabalhos mais recentes do Blink foi embora com ele, mas o ego e os vocais cada vez mais horríveis do guitarrista também não estão mais lá, o que já é um grande ponto positivo. Na verdade, esse é o trabalho mais uniforme da banda desde o disco de 2001, já que o lado mais pop de Skiba (mais evidente em seus projetos paralelos do que no Alkaline Trio) casa muito bem com as composições mais radiofônicas de Mark Hoppus, já mostradas no bom disco do +44. Sem a censura de Tom no caminho, muitas das músicas de California prestam homenagem ao pop punk que a banda fazia nos anos 90, ainda que de uma forma mais limpinha. Até as faixas-piada estão de volta, mas sem grandes exageros escatológicos. 'Built This Pool' e 'Brohemian Rhapsody' têm menos de 30 segundos, mas são divertidas de forma inversamente proporcional à sua duração. 'Cynical', 'San Diego', 'No Future', e 'She's Out Of Her Mind' também são muito boas, ainda que às vezes as letras deixem um tanto a desejar. No geral, mesmo durante as poucas baladas, California é pop, divertido e despretensioso como Blink 182 deve ser.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Green Day - Revolution Radio (2016)

Resenha originalmente publicada no site gringo Punknews.org

Green Day is at a point in their career where they should be comfortable in their own shoes, putting out records with an established sound that please their fan base, but don’t surprise anyone anymore. Instead, they just went through a mid-life crisis of excesses, both musically and in their personal lives, and now seem to be trying to go back to their punk rock roots. And at the same time not. It’s confusing.

On one hand, Revolution Radio is a single record with 12 mostly-short songs and no complex album-wide narrative to be seen. On the other, it suffers from the arena rock production and the theatricality that marked American idiot and 21st Century Breakdown, from an excess of ballads and from being a band that can’t fit back into the punk rock world, nor can fully embrace a commercial rock sound and attitude.

If you’re a fan of the band, there are enough decent songs here to make for a good listen and at least this time around Billie Joe stopped swearing left and right like a rebellious pre-teen, but his lyrics still leave a lot to be desired. They’re not only full of clichés, but many times you can’t really tell what the hell he’s going on about.

In “Revolution Radio” there are images thrown around for no apparent reason, like “My love's bullet proof; give me cherry bombs and gasoline; debutantes in surgery”. In “Bang Bang”, a tune about mass shootings and police violence, he sings "give me death or give me head; daddy’s little psycho and mommy’s little soldier” and “I’ve got my photobomb; I’ve got my Vietnam”. At some point, you got to ask if he’s just putting war/violence related words together randomly.

Musically, the record is just as lost. If “Revolution Radio”, “Bang Bang”, and “Too Dumb To Die” sound good and as punk rock as Green Day can in 2016, “Outlaws”, “Troubled Times” and “Somewhere Now” are either cheesy ballads or have cheesy ballad-y parts with a grandiose sound and a theatrical atmosphere that don’t mix well with the heavier songs. In addition, many of the melodies seem recycled from older songs and put together like a collage.

"Forever Now" is a different case altogether. Although it has better, more personal lyrics that you can actually understand instead of a bunch words from a same theme put alongside each other, it's almost 7 minutes long and contains a part that refers back to the opening track “Somewhere Now”. In a record that is supposed to be a simple collection of independent songs, it sounds like an ill-fitted forgotten b-side from 21st Century Breakdown.

Luckily, "Ordinary World" is the exact opposite. It's the slower song on the record, but it's the best ballad here simply because it escapes from the overproduction and the overbearing theatricality from the rest of the record. It's sounds way more sincere and natural instead of like they're trying too hard. "Bouncing Off The Wall" and "Youngblood" are also decent tracks, in a fun, poppy and not-too-pretentious way, despite the lyrics still leaving something to be desired.

The general impression is that Green Day want to be underground again without leaving their arena rock sound behind, want to do a straight forward record without giving up on really long songs that mention lyrics from one another, want to be a punk band that have as many ballads as fast-paced tunes, want to be politically engaged without having a lot to say on the topic. In the end, despite some good ideas and enjoyable enough songs, they have a record that lacks focus, creativity and inspiration.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Os (Outros) Melhores de 2015

Como prova do quão velho e desatualizado estou ficando, uma segunda lista de melhores discos de 2015 se fez necessária após pessoas mais jovens e por dentro das novidades terem listado uma boa quantidade de lançamentos dos quais eu nunca tinha ouvido falar. Verdade, que muitos deles vêm de bandas novas e ainda relativamente desconhecidas em outros países, mas em tempos de internet banda larga, Bandcamp e YouTube essa desculpa não é muito boa, então decidi escrever outro post comentando apenas sobre as coisas legaizinhas ou muito legais que eu perdi no ano passado.

Depois de vários anos, Conor Oberst largou um pouco de lado seus projetos folk e voltou a gravar indie rock político com os Desaparecidos. Payola é o nome do álbum lançado pela Epitaph no verão americano. Nada fantástico, mas é legalzinho. Enquanto isso, o trio Nervosas lançou um bom disco de dark-punk com influencias de Dead Kennedys, The Damned e até um pouco de Cramps. Tem vocais masculinos e femininos se alternando e vale a pena dar uma ouvida.

Em uma onda bem diferente, o Midwestern Emo dos anos 90 está mesmo voltando, ainda que na Philadelphia. No verão, o Dogs On Acid lançou seu disco autointitulado, com musicas que lembram Rival Schools e Weezer das antigas. Em outro canto da cidade, o Spraynard voltou à ativa com Pond, uma boa coleção de canções pop punk / emo com letras bem interessantes. Ambos os discos saíram pela Jade Tree Records, casa do estilo desde seus dias de glória.

Já o Not Scientists, da França, soltou um álbum interessante de pop punk tocado e gravado como se fosse um disco dos Strokes. Junto com o Sport, os caras vêm representando bem a cidade de Lyon. E em Toronto, as canadenses do The Beverleys lançaram Brutal, um bom disco de punk/grunge, com destaque para a música de trabalho “Visions”. Mas apesar de todos os lançamentos acima serem bons, os melhores discos que eu deixei passar em 2015 são os seguintes:

Not On Tour – Bad Habits
A banda é de Tel Aviv, Israel, mas toca o legitimo punk rock californiano, com bateria e guitarras velozes e vocais melódicos. A voz da vocalista Sima lembra a de Cinder Block (Tilt) e Mad Marge (Stonecutters). Na verdade, Bad Habits (que contabiliza 16 musicas em menos de 22 minutos, todas elas boas) foi o disco que as garotas do Bad Cop/Bad Cop prometeram mas não entregaram.

Superheaven – Ours Is Chrome
Superheaven é o novo nome do Daylight, banda americana de grunge / rock alternativo com um pé no punk que perdeu seu antigo nome para uma banda espanhola de pop punk. Ours is Chrome sucede Jar, um dos melhores discos de 2013 de acordo com esse blogueiro, e não muda muito a receita de sucesso, contrabalanceando as guitarras sujas com vocais bem melódicos.

Dilly Dally – Sore
A banda canadense acertou em cheio logo em seu primeiro álbum, com um som totalmente calcado nos anos 90. As influencias de bandas como Hole, Pixies e Smashing Pumpkings ficam claras, mas a maior similaridade que vem a mente talvez seja com o Giant Drag, duo também inspirado no som noventista e que lançou um ótimo disco em 2005 e desapareceu do mundo. Boa surpresa.

Civil War Rust – Help Wanted
Se o Broadway Calls e o Swellers pararam de lançar novidades, o Civil War Rust chegou para matar a saudade dos fãs de pop-punk moderno. A banda da Bay Area de São Francisco busca inspiração na história da região para soltar um trabalho curto e certeiro. Melódico e ensolarado sem soar exageradamente adolescente, Help Wanted é um disco perfeito para tardes do verão que já chegou.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Os Melhores de 2015

Na humilde opinião desse blogueiro, 2015 não foi um grande ano para o rock alternativo no Brasil ou no exterior. Mas mesmo sem lançamentos de muitas das principais bandas da cena punk/hardcore e sem bandas novas que tenham realmente impressionado, vários discos bons foram lançados nos últimos 12 meses.

Ambos os vocalistas e compositores do Alkaline Trio – Matt Skiba e Dan Andriano – lançaram álbuns legais com seus respectivos projetos paralelos (The Sekrets e The Emergency Room). O Motion City Soundtrack quase voltou à sua melhor forma com Panic Stations, enquanto Frank Turner decepcionou um pouco com um disco que é apenas ok, tanto nas letras quanto nas melodias e principalmente nos arranjos excessivamente radiofônicos. No Brasil, o Dead Fish lançou um álbum bom ainda que meio esquecível, da mesma forma que fizeram o Teenage Bottlerocket e o Good Riddance nos EUA. Já as californianas do Bad Cop / Bad Cop bateram na trave com um disco que poderia ter sido muito bom se não fosse tão irregular.

Ainda assim, vale a pena destacar alguns álbuns e EPs que merecem continuar sendo ouvidos no novo ano que se aproxima rapidamente. São eles (em nenhuma ordem):

We are the Union – Keep It Down
Com uma mistura contagiante de pop punk e ska californiano, a banda laçou um EP que seria destaque certo 15 anos atrás. Da animada “Call In Dead” à relaxante “The Dreams That You Forgot” passando pelo bom cover de “Burnout” do Green Day, o grupo de Detroit tem o som ideal para tardes de verão roqueiras.

Hooligans United: A Tribute To Rancid
Em teoria, coletâneas, discos ao vivo e tributos não deveriam entrar nessa lista, mas uma exceção deve ser feita a esse ótimo álbum. Com 54 grupos de estilos completamente diferentes tocando street punk, pop punk, ska, reggae e até psychobilly era de se esperar muita porcaria, mas quase 50 das bandas acertaram na mosca, sejam elas famosas ou obscuras, tenham elas mudado substancialmente ou em quase nada os arranjos originais. Boa surpresa. 

Red City Radio - Red City Radio
Talvez o disco homônimo da nada de Oklahoma (primeiro depois da saída do co-vocalista e co-compositor Paul Pendley) não seja tão bom quanto o anterior, lançado em 2013, mas a voz e as melodias marcantes de Garrett Dale dão conta do recado, criando um álbum menos punk rock que os anteriores, mas ainda assim empolgante cheio de personalidade.

Millencolin – True Brew
Belo lançamento do quarteto sueco, sete anos depois do decepcionante Machine 15. A energia das músicas e da voz de Nikola Sarcevic voltaram para mostrar que mesmo com a idade e os caras ainda sabem fazer músicas perfeitas para embalar rolês de skate por aí. É muito provável que a banda nunca volte a lançar um clássico como Pennybridge Pioneers, mas True Brew poderia bem ter sido lançado entre este e Home From Home, lá pelos idos de 2001, e não faria feio.

Make Do And Mend – Don’t Be Long
Misturando o orgcore do primeiro álbum com o rock mais comercial do Segundo, a banda americana lançou um disco muito bom. Os vocais ora limpos ora rasgados contrabalanceiam bem as melodias pop e os instrumentais energéticos e melódicos já característicos dos caras em um trabalho que se encaixa bem ao lado do de bandas como Red City Radio e Polar Bear Club.

Foo Fighters  – Saint Cecilia
Ótima surpresa de final de ano, o EP funciona quase como um resumo da carreira do quinteto. A faixa-título representa o pop rock de hits como “Times Like This”, a animada “Sean” mostra influencias de Husker Du, “Savior Breath” é uma porrada na linha de “White Limo” e “Weenie Beenie”, “The Neverending Sigh” é inspirada por rock clássico e stoner rock e poderia bem estar em One By One, e “Iron Rooster” é a balada da vez (nada memorável, infelizmente). Ainda mais importante, a pretensão e sem gracisse de Sonic Highways passam longe.

Anti-Flag – American Spring
O veterano quarteto de Pittsburgh tem um som característico consolidado e nunca se aventura muito longe de sua zona de conforto. Ainda assim conseguem produzir bons álbuns a cada dois ou três anos. Em termos de melodias e letras, American Spring é mais do mesmo, mas em termos de produção, esse lançamento apresenta um som um pouco mais limpo que ressalta os refrões e deixa o disco mais leve e pop.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

A não-resenha do Porão do Rock 2015

Antes de começar o texto, preciso confessar: estou escrevendo sobre um evento ao qual não fui. E por que eu não fui? Vamos com calma. O festival Porão do Rock começou em 1998, organizado pelas próprias bandas que o criaram com o objetivo de expor seus trabalhos. Nos primeiros anos o foco foi o rock alternativo brasiliense contemporâneo. Com o tempo, esse foco foi se expandindo e passou a contar com bandas alternativas de outros estados até passar a contar com atrações internacionais.

Durante alguns anos o festival alcançou o que para mim era o balanço ideal: uma mescla de bandas novas locais, bandas nacionais de certa expressão, bandas sul-americanas pouco conhecidas e bandas gringas de médio porte. Tudo isso cobrindo vários estilos de rock, do metal mais pesado ao pop-rock, passando por punk/hardcore, indie rock, rockabilly e até um pouco de rap. Parecia estar funcionando. O festival tinha crescido no numero de palcos, público e relevância.

Se apresentaram nos palcos do Porão (entre o festival e as chamadas Pílulas) bandas estrangeiras como Helmet (EUA), Eagles Of Death Metal (EUA), Jon Spencer Blues Explosion (EUA), Mudhoney (EUA), Paul Di’Anno (Inglaterra), The Supersuckers (EUA), Red Fang (EUA), The Hives (Suécia), Nightwish (Finlândia), She Wants Revenge (EUA) e a maior delas, o Muse (Inglaterra).

Entre as bandas nacionais que estavam (mais ou menos) em alta quando tocaram no festival encontram-se Cachorro Grande, O Rappa, Pitty, Luxúria, Marcelo D2, CPM 22, Los Hermanos, Dead Fish, Ludov, Rumbora, Shaaman, Nação Zumbi, Moptop, Leela, Matanza, Superguidis e Móveis Coloniais de Acaju, além de bandas antigas, mas ainda em forma, como Korzus, Viper, Krisiun e Dr. Sin.

Mas em algum momento a receita começou a azedar até chegarmos à pobreza de 2015. Apenas um dia, sob o risco de chuva que para sorte de todos não se concretizou, e com pouquíssimas bandas interessantes. Que fique claro, não quero entrar em uma discussão de gosto, que afinal é como braço: tem gente que não tem. Estou falando de atrações que sejam relevantes no cenário roqueiro atual e que já não tenham tocado no próprio festival várias vezes.

Que me desculpem os organizadores, mas em 2015 Raimundos é tão decadente quanto a versão atual do Guns N Roses, Paralamas do Sucesso vem se transformando cada vez mais em uma banda-legado, que existe apenas pra tocar antigos sucessos para um público nostálgico, como a Plebe Rude já se tornou faz tempo, e o Capital Inicial... bom, não acho que se possa acusá-los do mesmo pecado, mas a produção atual dos caras é ainda mais trilha-sonora de novela do que já era antes.

Quanto às bandas de tamanho médio dessa edição, além de também já terem passado bastante do auge, não consigo nem contar quantas vezes Autoramas, Angra, DFC e Galinha Preta já tocaram no festival. Sei que eu já assisti a shows da primeira umas 74 vezes, mais ou menos um terço delas no Porão do Rock. Desculpa, mas não rola de sair de casa, pagar pra entrar, encarar cerveja e comidas ruins e caras, e enfrentar o fedor e filas dos banheiros químicos por essas atrações.

Isso para não falar de Dona Cislene e Scalene, que tocaram ano passado, e Alf+convidados. Nada contra o cara (Rumbora até foi uma banda legalzinha 15 anos atrás), mas colocar um membro da organização que atualmente está sem banda para tocar com uns amigos e ex-companheiros não é digno de um festival que já almejou muito mais.

Não sei quanto a crise econômica e a falência do governo local afetaram a organização, mas mesmo levando esses fatores em conta, o Porão não parece estar fazendo um bom trabalho. No dia anterior ao festival, a banda suéca de hardcore Satanic Surfers se apresentou para um bom público em Goiânia, a meros de 200 km de Brasília. Só faltou os deuses do rock implorarem para que alguém mandasse um ônibus pegar os caras ali do lado e colocá-los pra tocar no sábado. Certeza que o cachê deles é muito menor do que o desses medalhões brasileiros com cheiro de mofo.

E a taxa cambial atual não pode ser desculpa. Além dos suécos, a banda norte americana de hardcore Ignite se apresentou também em Goiânia no mês passado. E em outubro, a banda holandesa de death metal Asphyx se apresentou aqui mesmo em Brasília. Não são bandas novas nem em seu auge, mas mostram que shows internacionais de bandas alternativas que nunca botaram os pés na capital federal são possíveis e estão acontecendo, mesmo com toda a crise política e econômica.

Como sou um fã do festival, que fez parte da minha formação musical e onde passei momentos muito legais ao longo de mais de uma década, sinceramente espero que o Porão do Rock se reerga e volte a encontrar um caminho que o torne novamente relevante e atraia de volta aqueles que deixaram de comparecer nos últimos anos, especialmente em 2015. Para isso, os organizadores precisarão encontrar novas ideias para superar as dificuldades. Ou podem se contentar em ser só um evento cada vez menos relevante, com uns amigos da produção tocando em anos alternados e uns grupos de pop-rock dos anos 80.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

CJ Ramone no Porão do Rock 2014

Amidst his latest Brazilian tour, CJ Ramone played the traditional Porão do Rock Festival in Brasília, DF. Every time the bassist comes to Brazil he seems more confident in showing his own work, despite the Ramones songs still being the greatest attraction for the vast majority of the audience. In this sense, he's somewhat different from Marky Ramone, who also likes to tour around these parts but seems more and more like a cover of himself.

Not only Marky's gigs are almost entirely composed of Ramones material, he also looks like a caricature of who he once was. With his complete uniform and the perfect black wig, the drummer hires local musicians to fill the spots in his band. It feels a bit like those Ringo concerts where he receives guest after guest onstage for a night of nostalgia. CJ's shows, on the other hand, feel more like Paul McCartney's, where he mixes old and new songs and transmits enjoyment without trying to hide the passage of time.

As in previous shows on Brazilian soil, the Ramones-era hair is long gone and the leather jacket, unnecessary in the tropical heat, gave place to jeans, t-shirt and a NY Yankees cap covering his grey shaved head. Simplicity and genuine pleasure to play transpired. His energetic and experienced band, composed of Adolescents' guitarists Steve Soto and Dan Root and D Generation's drummer Michael Wildwood were also great, easily dominating the somewhat large festival stage .

They opened the show with three of CJ's own songs in a row, "What you're Gonna Do Now?", "King Cobra", and "Understand Me", the first single from his upcoming Fat Wreck Chords release. The tracks are strong, but a bit too mid-tempo to really excite the crowd. Then, they started trowing some Ramones songs around and the audience responded very well, quietly enjoying CJ's tunes and excitingly jumping, moshing and singing along to the old punk rock classics.

Progressively, the setlist went from the bassist's solo songs with a few Ramones tracks in between to an all Ramones moment to close the quick performance. Of the his former band, they played "Blitzkrieg Bop", "Commando", "Judy is a Punk", "Glad To See You Go", "I Wanna Be Your Boyfriend" and "53rd & 3rd", as well as the great "Strength To Endure" - originally sung by CJ in 1992's Mondo Bizarro - and the traditional versions of "California Sun", "Do You Wanna Dance?" and "R.A.M.O.N.E.S." to close the show.

Among the bassist own material were several songs from his previous record, Reconquista, like "You're The Only One", "Carry Me Away", "Low On Ammo" and "Three Angels", composed in memory of Joey, Johnny and Dee Dee. They also played the pretty good title-track of his next record, "Last Chance to Dance". Shame they only had 45 minutes onstage, but the complete show also passed by other 11 Brazilian cities, giving fans a good opportunity to enjoy CJ's "american punk rock".

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Pennywise no Wros Fest em São Paulo

Resenha originalmente publicada no site gringo Punknews.org

Only three days after the announcement that Jim Lindberg was back in Pennywise, the vocalist made his comeback at the Wros Fest in São Paulo, Brazil. Interestingly enough, Lindberg had left the band years ago after refusing to tour South America, which was the last straw in their already damaged relationship. But no grudges were held and Lindberg was very well received by the 4,000 people present at Espaço das Américas last Sunday night. After several concerts in Brazil, Pennywise has a large fanbase in the country that was anxious to see the band once more, either with Zoli Teglas or Lindberg.

Following an energetic performance by Anti-Flag, the foursome took the large stage opening the show with "Wouldn't It Be Nice," immediately leading to the formation of a huge circle pit and loud singalong by the audience, mixed between untiring youngsters and nostalgic 30-somethings of both genders. The setlist compiled songs from their debut until Land Of The Free?, as their last album with Teglas, All or Nothing, was completely ignored. Whether this was because of an absolute lack of time for Lindberg to learn the new songs or a sign that the reformed band will ignore this year's release for now on is open to speculation.

The fact is that classic tunes like "Homesick," "Same Old Story" and "Pennywise" were very well received but the post Jason Thirsk era was privileged as "Fight Till You Die," "Society," "Broken," "What If I," "Date With Destiny," "You'll Never Make It," "My Own Country," "Can't Believe," "My Own Way," "Alien," "Fuck Authority" and "My God" were all played to great response by the audience. Their classic cover of Ben E King's "Stand By Me" was not forgotten either and of course "Bro Hymn" closed the presentation with a lot of singalong from the fans. All according to the script, but very well done and exciting enough since the songs speak for themselves.

As for the band's onstage performance, unlike Anti-Flag before them and Rise Against after, Pennywise didn't rely on rehearsed stage moves and acrobatics and their somewhat advanced age did show, but the lack of physical mobility didn't take anything away from their presentation and the crowd were just too excited singing, jumping, pushing and shoving to care. Lindberg's singing was very good and Fletcher Dragge, Randy Bradbury and Byron McMakin were very comfortable as their experience and absolute control of the situation showed, despite the poor quality of the sound, especially for those further from the stage. That, of course, should be put on the production's account rather than the band's though. In two words: great comeback.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Green Day - ¡Uno! (2012)

Resenha originalmente publicada no site gringo Punknews.org


The first part of Green Day's career is a natural evolution between the formation of the band and the release of Warning, in 2000. The second part starts with the release of American Idiot and is determined by the trio's decision to embrace rock stardom and begin to pose as an arena rock act that writes big sounding rock operas and puts on a show filled with fireworks and other gimmicks. The release of ¡Uno! marks the moment when these two separate eras meet. The new album is part of a huge and pretentious trilogy of records, but at the same time features simpler pop rocks that could have perfectly been released around 2002.

The record starts very well with four good pop punk songs in "Nuclear Family," "Stay The Night," "Carpe Diem" (which sounds a bit like Shenanigans' "Suffocate") and "Let Yourself Go," the punkiest sounding song of the release and arguably the best. After the danceable break of "Kill The DJ," ¡Uno! comes back to its Nimrod-esque sound alternating between "punkier" songs like "Loss of Control," "Angel Blue" and "Rusty James" (whose verses remind "Scattered" quite a lot), and '60s pop influenced songs like "Fell For You", "Sweet 16" and the Foxboro Hot Tubs-sounding "Troublemaker," until reaching its end with the too long "Oh Love".

If the 12 songs go down easily in 41 minutes and ¡Uno! flows nicely between typical Green Day pop punks and '60s infused pop rocks, the singles choices are quite puzzling, since both "Oh Love" and "Kill The DJ" are neither super catchy nor musically represent the record at all. They are not bad songs, really. They are just not very good ones either. But while "Oh Love" fits well as an album ending, "Kill The DJ" just seems incredibly out of place. Actually, it gives the impression that Billie Joe Armstrong and Co. were trying to sound like late Clash, but achieved a Franz Ferdinand-like track that doesn't sound like Green Day at all.

One ill-fitting song is far from ruining the album, though. If you're the kind of person that can look past the make-up, the rehearsed stage moves and the exaggerated use of the word "fuck" for 40-year-olds, and simply listen to the music of ¡Uno!, you're probably gonna enjoy this record. In fact, it's quite hard to dislike it if you're a fan of Nimrod and Warning. All in all, the album is far from being mind-blowing and is very unlikely to change the face of rock 'n' roll (or even the band's current status in the music scene), but is a breath of fresh air and simplicity in Green Day's career and should please both long time and opera rock era fans.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Kathleen Hanna canta Nirvana

Kathleen Hanna, eterna vocalista da banda feminista Bikini Kill, participou no último dia 15 do programa Our Hit Parade, onde cantou pedaços do mega-hit "Smell Like Teen Spirit" do Nirvana e de "Rebel Girl" de seu falecido grupo. Mas o destaque mesmo vai para os casos contados por Hanna ao som de piano. Kathleen mostra um belo domínio de palco não apenas cantando à frente de uma banda, mas também contando histórias de sua juventude ao lado do amigo que cheirava à desodorante. É um grande prazer para fãs da moça e de Nirvana ouvir casos famosos (e outros nem tanto) da história do rock underground da década de 90 da boca de uma das principais personagens da cena de Seattle. Infelizmente não há tradução para o português, mas ainda assim vale muito a pena dar uma conferida.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Zander no Art Garage


No domingo, após as alegrias e tristezas da última rodada do Campeonato Brasileiro de Futebol, um bom número de roqueiros se reuniu no Art Garage para assistir a seis shows de hardcore. A principal atração da noite era a banda carioca Zander, comandada pelo vocalista, multi-instrumentista e compositor Bil, famoso por seu trabalho em grupos finados como Noção de Nada e Deluxe Trio. O evento estava marcado para as 17h, mas houve certo atraso para o inicio das atividades.

Na abertura do evento, apresentaram-se Rainha Vermelha, os goianos do Atomic Winter, Hellena, Perfecto e Dias. A maior parte do público era ligada à cena hardcore, muitos deles straight edges. Era natural, portanto, a presença de uma barraquinha de comida vegana convivendo em perfeita harmonia com o bar do local. Também havia várias bancas de CDs e merch das bandas que se apresentariam durante a noite. O esquema todo só foi desmontado quando a chuva começou a cair durante o penúltimo show da noite, da banda Dias.

O Zander subiu ao degrau do Art Garage por volta das 23h30, um pouco tarde para um domingo, mas o horário não desanimou os fãs do quinteto. Com o som um pouco embolado a banda carioca começou a apresentação tocando vários sons de seu álbum de estréia, o ótimo Brasa, que estava à venda no local por apenas R$10. Enquanto canções como "Humaitá" e "Motim" eram executadas com muita energia pelo grupo, o apertado salão foi tomado por violentas rodas de pogo e crowd surf. Se o local permitisse, provavelmente também haveria muitos stage dives e até os head walks praticados pelos mais sem noção.

Após o inicio focado em Brasa, as músicas dos dois EPs que precederam o álbum começaram a aparecer e foram recebidas com igual empolgação pelos presentes, que cantavam junto canções mais conhecidas como "Auto Falantes" e a excelente "Pólvora", e não pararam de agitar nem durante músicas mais lentas como "Dialeto", "Em Construção" e "Meia Noite". A apresentação seguiu com essa boa interação entre a banda e o público até o seu final, sem bis, ou qualquer frescura mainstream.

No entanto, nem todos aguentaram o calor extremo que fazia dentro do pequeno Art Garage. As janelas fechadas (talvez em função do pé d'água que caia do lado de fora) e o teto muito baixo não ajudavam a melhorar a o ambiente, que foi ficando cada vez mais úmido. No final da apresentação, a sensação era de se estar vendo um show em uma caverna. Na verdade, à exceção das duas primeiras fileiras imprensadas contra o degrau, também não se estava vendo muita coisa, mas apenas escutando, o que prejudica um pouco a experiência de assistir a uma banda com músicos experientes e com boa presença de palco.

Claro que com os perrengues ficam memórias únicas, como a chance de ver Nenê Altro do Dance of Days quase ser esmagado contra o teto da Zoona Z durante um crowd surf, mas já passou da hora de Brasília ter uma casa de shows minimamente adequada para shows pequenos como o do último domingo. Aliás, também falta à cidade casas de shows para eventos médios, mas não parece que veremos a solução para a falta de estrutura em breve. Por enquanto, os roqueiros da capital continuarão vendo (ou apenas ouvindo) ótimos shows em lugares como Art Garage. Paciência.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A história do Rock N Roll

Novas postagens em breve. Por enquanto, um pouco de humor por Eduardo Medeiros.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Millencolin no Rio de Janeiro


Antigo galpão industrial transformado em centro cultural, a famosa Fundição Progresso foi palco do terceiro dos quatro shows da banda sueca Millencolin no Brasil. Era curioso notar a grande quantidade de roqueiros de todas as idades presentes ao evento a poucos metros dos tradicionais Arcos da Lapa, cartão postal do Rio de Janeiro e porta de entrada para o mais boêmio dos bairros da cidade, local de incontáveis bares e apresentações de samba e mpb. Também surpreendente era a quantidade de "bombados" dentro da casa de shows. Sem camisa desde a primeira música, os freqüentadores de academia conduziam incansavelmente a grande (e impiedosa) roda de pogo que se fixou em frente ao palco durante toda a apresentação. Mas engana-se quem pensa que os musculosos estavam atrás de briga. Comportavam-se como verdadeiros fãs, cantando todas as músicas e ajudando os desafortunados que caiam em meio ao caos a se levantarem. Realmente inesperado.

Completamente alheio às observações antropológicas rasteiras deste blogueiro, o Millencolin conduziu um ótimo show em comemoração ao aniversário de dez anos do seu mais aclamado álbum, Pennybridge Pioneers. Por vota das 22h30 da nublada noite de sábado, o quarteto sueco de hardcore subiu ao palco e colocou os fãs para pularem ao som de "No Cigar", que abre também o disco homenageado. Daí para frente, mandaram todas as 14 músicas de Pennybridge Pioneers na ordem do álbum, com pequenas pausas para tentativas não muito correspondidas de comunicação em inglês com o público e as clássicas palavras soltas em português que devem constar de todo contrato para shows de bandas gringas no país. Mas Nikola, Mathias, Erik e Fredrik conquistaram mesmo o público foi com sua simpatia. Cheios de energia, os guitarristas não pararam quietos durante todo o show. O vocalista Nikola Sarcevic e o baterista Fredrik Larzon são mais discretos, mas não menos carismáticos.

Músicas mais rápidas e conhecidas como “Stop To Think”, “Fox”, “Material Boy” e o hit “Penguins & Polarbears” fizeram o clima dentro da Fundição Progresso esquentar e o público parecia genuinamente feliz de assistir o Millencolin tocando o álbum de cabo a rabo. Como nada pode ser perfeito, o som das guitarras estava um pouco baixo, mas nada que estragasse a boa execução das músicas. Para finalizar a primeira parte da apresentação, Nikola fica sozinho no palco com seu violão e chama uma fã sortuda para subir ao palco e cantar o refrão de “The Ballad”. Apesar de bastante desafinada, Thábata era bem extrovertida e aproveitou seus dois minutos de fama, se recusando a sair do palco quando um roadie tentou tirá-la de lá e dando um beijo no guitarrista Erik Ohlsson quando o restante da banda voltou para o final elétrico da canção. Se terminasse por aí, a maioria já se daria por satisfeita, mas todos sabiam que o quarteto voltaria para tocar mais. O que nem todos sabiam é que elas seriam quase todas antigas, dos primeiros álbuns dos caras.

O Bis começou com o primeiro hit da banda, “The Story of My Life” e seguiu como fan-favourites como “Random I Am”, “Lozin’ Must”, “Killercrush”, “Vixen”, a versão estendida de “Buzzer” e a clássica “Mr Clean” cantada pelo guitarrista Mathias Färm, para encerrar a festa pela segunda vez, deixando uma ótima sensação nostálgica pairando sobre o público. Mas o quarteto ainda tinha reservado mais para o os fãs cariocas e voltou ao palco outra vez para tocar “Bullion”, “Dance Craze” e para fechar a noite em grande estilo, a única canção da dos anos 2000 executada na noite, a ótima “Black Eye”, do disco Home From Home. Os fãs ainda queriam mais e ensaiaram cantar outra vez “Olê, Olé, Olé, Millen-colin”, entoado em coro antes e durante o show, como se estivéssemos no Maracanã torcendo pelo time do coração de cada punk rocker presente no local. O Millencolin não voltou, mas ainda havia tempo para curtir um bom chopp Brahma sob as nuvens cariocas olhando para os arcos da Lapa. Tomara que os suecos voltem em breve.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Metric vs The World


Está acontecendo desde terça-feira no Rio de Janeiro a primeira edição da Rio ComiCon, uma convenção internacional de histórias em quadrinhos organizada pela editora Casa 21. Como em grande parte da chamada cultura pop, muitas vezes as barreiras entre música e HQs são derrubadas por trabalhos que se utilizam uma forma de arte/entretenimento para falar de outras. É o caso de Scott Pilgrim Contra o Mundo, HQ do autor canadense Brian Lee O'Malley, focada nos percalços do relacionamento do canadense pós-adolescente do título com a americana Ramona Flowers.

Apesar da temática, a estética da série (que também virou um belo filme) gira em torno da cultura dos videogames e da musica independente. Scott toca baixo em uma banda de garagem chamada Sex Bob-Omb e sua ex-namorada Envy canta na quase famosa Clash At Demonhead. Para o filme, os produtores convocaram o multi-instrumentista Beck para cuidar das músicas da banda de Scott, o Broken Social Scene compôs as canções do grupo fictício Crash and the Boys e a banda indie canadense Metric cedeu a música "Black Sheep" para regravação pela atriz Brie Larson, que interpretou a ex-namorada famosinha do Scott.

Confira abaixo a apresentação do Metric no lançamento do filme, na convenção de quadrinhos de San Diego em julho. O interessante clipe incorporou à apresentação ao vivo da banda os grafismos que inundam o filme, inserindo a show no universo pop de Scott Pilgrim. Divertido.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Tragam a luz para Liam Gallagher


A nova banda de Liam Gallagher, o Beady eye, lançou ontem sua primeira música, "Bring The Light". Como Liam havia prometido, trata-se de um rock dançante com muitas referencias à sonoridade das décadas de 50 e 60. A proposta pode parecer interessante em um primeiro momento, emulando Jerry Lee Lewis e o começo dos Beatles (obviamente), mas a verdade é que a faixa soa meio genérica. A produção, propositalmente "crua", também não ajuda muito e a impressão que fica é que Liam está cantando dentro de uma garrafa. Não é realmente ruim, mas esperava-se muito mais de 4/5 do Oasis, uma vez que todos os membros da última formação da mega-banda inglesa escolheram participar do novo projeto, deixando Noel Gallagher sozinho em seu trabalho pós Oasis.

"Bring The Light" pode ser conferida abaixo e no site dos caras é possível baixar gratuitamente a faixa, que também será lançada em formato físico numa edição limitada de 4.000 exemplares em vinil no dia 22 de novembro. O disco também terá uma B-Side chamada “Sons of the Stage”, cover da banda World of Twist. O que vocês acharam?