
Ainda que com um atraso fenomenal, este repórter decidiu escrever uma resenha sobre o show dos suecos do The Hives em Brasília, na última sexta-feira. Antes tarde do que tarde demais.
Com cerca de uma hora de atraso, por volta das 23h o Supergalo, banda brasiliense formada por ex-rockstars locais, subiu o palco dessa edição do Pílulas Porão do Rock para esquentar o público. O Arena já estava bem cheio de fãs da atração principal da noite, devidamente posicionados o mais perto possível do palco. O quarteto tocou seu pop rock sem grandes inovações e com letras típicas de banda iniciante por pouco mais de meia hora. Brasília já revelou grupos melhores.
Segundo relatos, a entrada do Hives foi anunciada no microfone, mas não pode ser ouvida do bar, um pouco distante do palco. O inicio do show do quinteto sueco, portanto, pegou de surpresa um número razoável de pessoas, já que a lógica seria os locais do Móveis Coloniais de Acaju tocarem antes da atração principal. Depois de uma pequena corrida em direção ao palco, o público foi se acomodando. No entanto, à exceção dos fãs mais devotos próximos ao palco, a platéia estava meio fria, demonstrando pouca empolgação e demorando a responder aos comandos e gracinhas do frontman Pelle Almqvist.
O show do Hives é todo coreografado e cada integrante tem sua pose e função no palco. A do vocalista Pelle, mais do que cantar, é bancar o mestre de cerimônias e empolgar o público com sua simpática arrogância teatral. O cara se esforçou bastante, usando todas as 5 palavras em português que tinha aprendido para essa turnê. Alem do clássico “obrigado”, o vocabulário do cara consistia em: “grita aí”, “para”, “senhores e senhores” (impossível saber qual era destinado a que gênero), e um ininteligível “tira o pé do chão”. Engraçado, mas um pouco repetitivo.
Musicalmente, a apresentação foi focada nos dois álbuns mais recentes do quinteto: The Balck and White Album e Tyrannosaurus Hives. No entanto, isso não os impediu de presentear os fãs mais antigos com músicas dos dois primeiros lançamentos, bem distribuídas por todo o show. Do primeiro disco, foi tocada “AKA I-D-I-O-T”. Do segundo, “Main Offender”, “Die, Alright!” e o hit “Hate To Say I Told You So”, já no bis, que foi encerrado com o primeiro single do último lançamento, “Tick Tick Boom”.
Os pontos altos do show foram o novo single “Won’t Be Long”, “Return The Favour”, música muito bem escolhida para o falso encerramento, e os hits, como “Walk Idiot Walk” e as já citadas “Hate To Say I Told You So” e “Tick Tick Boom”. Um pouco ensaiada e teatral demais, a apresentação acaba ofuscando um pouco as próprias músicas, mas nada que estrague o bom show. Talvez melhor que o show em si, tenha sido a oportunidade de assistir uma boa banda internacional da atualidade em Brasília, tão carente de shows do tipo. O Porão do Rock está acertando na produção de shows internacionais em 2008. Tomara que eles continuem vindo.
Ah, sim. Após o show do quinteto sueco, os queridinhos locais do Móveis Coloniais de Acaju encheram o palco para mostrar o último show do seu álbum de estréia, Idem. Boa parte do público já havia deixado o Arena e a parte que ficou parecia mais interessada em encontrar amigos, beber e conversar sobre o show anterior. Por melhores que eles sejam e por maior que seja seu próprio público, o MCA não teria mesmo qualquer chance de se destacar fechando uma noite que na verdade já tinha acabado.