
Como título do álbum deixa claro, Germs of Perfection é um tributo ao aniversário de 30 anos da essencial banda de hardcore californiana Bad Religion organizado pelo MySpace em parceria com a revista musical Spin. Mas apesar dos nomes de respeito na organização e nas faixas desse álbum virtual, parece que faltou um conceito mais fechado e um direcionamento artístico um pouco mais definido. Por definição, tributos rendem discos variados, uma vez que contam com vários artistas, mas Germs Of Perfection sofre ainda mais com esse problema ao não definir se será composto por regravações acústicas ou elétricas, de artistas do universo punk/hardcore ou distantes desses estilos. Para piorar, a organização das faixas quase que divide o álbum em dois ao deixar os artistas indies separados dos punk rockers. Dependendo da versão do álbum virtual que você tenha baixado, um grupo vem antes do outro, deixando tudo ainda mais estranho.
Apesar da falta de qualquer unidade e do trabalho pouco cuidadoso de listagem das faixas, a grande maioria dos artistas convidados se saiu muito bem, seja reinventando completamente as músicas escolhidas ou mantendo a estrutura, mas dando um tempero próprio à timbragem dos instrumentos e à voz. Os folk-countries William Elliott Whitmore e Frank Turner se aproximam do trabalho solo do vocalista do Bad Religion, Greg Graffin, ao dar um tratamento rústico de voz e violão a "Don't Pray On Me" e "My Poor Friend Me", faixas pouco conhecidas da banda. Switchfoot, Ted Leo e a dupla canadense Tegan e Sara também optaram por versões calminhas de faixas agressivas e antigas como "Suffer" e "Against The Grain", mas com um acabamento mais... romântico. É interessante perceber como a calmaria das faixas ressalta as ótimas melodias das composições originais e as acadêmicas letras de Graffin.
Do outro lado da moeda, o Polar Bear Club fez a versão mais próxima da faixa original de todo o tributo. Não fosse a voz rouca de Jimmy Stadt, seria dificil perceber a diferença dessa "Better Off Dead" para aquela encontrada no álbum Stranger Than Fiction. O texano Riverboat Gamblers vez um bom cover sujo e energético para "Heaven Is Falling", assim como o Cobra Skulls, que deu um toque rockabilly para "Give You Nothing", que conta com uma participação imperceptivel de Fat Mike, do NOFX. Já o Cheap Girls executou "Kerosene" com um tempero de rock clássico e o dinamarquês New Politics colocou com sucesso sua experimentação sonora a favor do clássico "Generator", que conta até com uma passagem reggae. A decepção do álbum fica por conta da versão atrapalhada da antiga "Pity", de 1982, pelo experiente Guttermouth. Nem sempre velocidade se traduz em energia e a impressão que fica é que o quarteto não levou muito a sério a proposta de releitura do álbum. Mas eles não levam nem mesmo a própria música a sério, então era algo a se esperar. No final, fica a sensação de um bom tributo, mas que prometia - e poderia ter entregado - muito mais.